Um cidadão português de 69 anos morreu hoje ao tentar interferir no ataque com faca na cidade de Mulhouse, confirmou o Ministério português dos Negócios Estrangeiros.
“Um cidadão português de 69 anos que se encontrava no local ter-se-á interposto entre os polícias e o atacante, tendo sido esfaqueado e morto”, disse a porta-voz do Ministério à Lusa, acrescentando que “ficaram feridas outras cinco pessoas, incluindo os polícias, dois deles feridos graves”.
“O agressor, já conhecido pela polícia e pelos serviços de investigações, foi detido”, salientou ainda o MNE, acrescentando que “a investigação foi assumida pela Procuradoria Nacional Antiterrorismo (PNAT), o que indica que se trata de um ataque terrorista de inspiração islâmica radical”, e que a Embaixada portuguesa em França continua a acompanhar o caso”.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, já disse não haver dúvida de que o ataque com uma arma branca em Mulhouse, que provocou um morto, foi um “ato de terrorismo” e “islâmico”.
Emmanuel Macron, que visitava a Feira Agrícola de Paris, gravou uma mensagem a expressar “a solidariedade da nação para com a família” da vítima mortal e enfatizou “a determinação do Governo” e de si próprio em “continuar com o trabalho que tem sido feito desde há oito anos para erradicar o terrorismo” do território.
A Procuradoria Nacional Antiterrorista francesa (Pnat) escreve num comunicado que foi aberto um inquérito pelo homicídio em que o suspeito, de 37 anos e referenciado por risco de terrorismo, foi detido após o ataque.
O ataque feriu ainda com gravidade dois agentes da polícia municipal, hospitalizados de emergência, um com ferimentos “na carótida” e o outro “no peito”, disse o procurador Nicolas Heitz, em declarações à Agência France-Presse, acrescentando que cinco polícias ficaram feridos no ataque à margem de uma manifestação de apoio à República Democrática do Congo (RDCongo).
Vários meios de comunicação franceses, citando o procurador de Mulhouse, revelaram que o suspeito, um argelino, em prisão domiciliária desde junho de 2024 e alvo de uma ordem de expulsão do território francês, gritou “Allah Akbar” várias vezes durante a investida.
“O fanatismo voltou a atacar e estamos de luto”, disse o Primeiro-Ministro François Bayrou na rede social X, felicitando a ação das forças de segurança.
Já a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, defendeu que este ataque é uma “recordação dramática de que a guerra contra o terrorismo não será ganha com palavras, mas com atos”.
“O Estado deve dar provas de uma determinação inabalável nesta batalha vital: controlo das nossas fronteiras, perda sistemática da nacionalidade dos candidatos a jihadistas, endurecimento do nosso arsenal penal contra os crimes terroristas, expulsão dos imãs radicais, rutura das relações diplomáticas com os países que apoiam os fundamentalistas”, acrescentou.
Também a Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, reagiu ao ataque afirmando estar “chocada” e assegurando que “a Europa está determinada na luta contra o terrorismo”.
“As minhas condolências à família da vítima inocente deste trágico ataque. Desejo uma rápida recuperação aos corajosos agentes da polícia feridos no exercício das suas funções”, afirmou Roberta Metsola na rede social X.
“Mais uma vez, é o terrorismo islâmico que ataca e, mais uma vez, os distúrbios migratórios estão na origem deste ataque”, afirmou o Ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, no noticiário do canal TF1, referindo que “é altura de estabelecer um equilíbrio de forças”.