Presidenciais: Deputado do Livre Jorge Pinto anunciou candidatura


Filho, neto e sobrinho de emigrantes em França, o Deputado do Livre Jorge Pinto, com 38 anos, vai candidatar-se às eleições presidenciais de janeiro, confirmou à Lusa o próprio, que enviou ontem à noite uma mensagem aos militantes do seu partido.

“Quero com esta candidatura continuar a contribuir para que o Livre continue a ser o partido das utopias concretas. E há tanto que podemos fazer”, lê-se numa mensagem enviada por Jorge Pinto aos membros e apoiantes do partido liderado por Rui Tavares e Isabel Mendes Lopes, e à qual a Lusa teve acesso.

No mesmo texto, Jorge Pinto pede aos militantes do Livre o seu apoio – depois de esta semana ter sido noticiado que o partido deveria apoiar um candidato próprio e não candidatos já conhecidos à esquerda como o socialista António José Seguro, a antiga coordenadora do BE Catarina Martins ou o ex-deputado do PCP António Filipe.

Na opinião do dirigente e Deputado, eleito pelo círculo eleitoral do Porto, “o mundo entrou numa nova realidade cujas consequências da nossa ação (ou inação) terão impactos durante as próximas décadas”.

Jorge Pinto refere que a atual composição parlamentar nacional está “marcada por uma maioria de direita com a extrema-direita” e considera que a governação PSD/CDS-PP “tem aprofundado os problemas nos pilares centrais do nosso Estado Social, a que acresce a emergência na habitação e o desinteresse na educação e ciência”.

“Neste novo mundo, Portugal pode e deve liderar os esforços para afirmar o país e a União Europeia como um polo de defesa intransigente dos Direitos Humanos, do feminismo, da luta antirracista e da transição ecológica. Mas para isso, é preciso coragem e vontade”, salienta na mensagem.

O dirigente do Livre diz candidatar-se “com posições muito claras e inequívocas quanto ao papel do país na União Europeia e desta num mundo cada vez mais multipolar”.

“É nesta incerteza que Portugal e a UE têm de encontrar a sua voz autónoma. O projeto europeu foi, é, e tem de continuar a ser um projeto de paz. Não uma paz traduzida como a capitulação dos mais fracos, mas antes e sempre uma paz justa”, argumenta.

Para Jorge Pinto, “é possível pensar num projeto de autonomia que não se traduza em austeridade”.

“Pelo contrário, falar de defesa a nível da UE ou nível nacional só faz sentido se servir para reforçar o nosso Estado Social, a nossa autonomia energética, a transição ecológica, a ciência, o direito ao tempo e o respeito da dignidade de todas e de todos. A história europeia mostra que isto é possível”, sustenta no texto.

No remate do apelo, Jorge Pinto termina: “Se o presente nos é imposto, o futuro é o que dele fizermos”.

Formado em Engenharia do Ambiente, é também doutorado em Filosofia Social e Política, com uma tese sobre “republicanismo, ecologia e pós-produtivismo”.

Esteve envolvido na fundação do Livre, integrando a atual Direção (Grupo de Contacto), e é Deputado na Assembleia da República desde 2024.

Escreveu vários livros, incluindo a obra “Rendimento Básico Incondicional – Uma defesa da Liberdade”, publicado em 2019, e “A Liberdade dos Futuros”, onde desenvolve a tese de “como uma política assente na promoção da autonomia pode contribuir para uma sociedade mais justa num planeta sustentável”.

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Jorge Pinto nasceu em 1987 em Amarante, residindo fora de Portugal desde 2008. Ao nível da ficção, é coautor das bandas desenhadas “Amadeo” (Saída de Emergência, 2018, parte do Plano Nacional de Leitura), “Liberdade Incondicional 2049” (Green European Foundation, 2019) e “Tempo” (no prelo). Escreveu ainda as peças de teatro “Uma História Trágico-Marítima” (menção honrosa no concurso de 2017 do Inatel/Teatro da Trindade) e “Seis meses”. Ao nível da não-ficção é autor do livro “A liberdade dos futuros” (Tinta da China, 2021) e coautor do livro “Rendimento Básico Incondicional: uma defesa da liberdade” (Edições 70, 2019, vencedor do prémio de ensaio filosófico da Sociedade Portuguesa de Filosofia).

Mais recentemente editou “Tamem Digo”, um livro que conta a história da avó e a emigração dos avos para França, ilustrado pela lusodescendente Júlia da Costa. A ilustradora cresceu em Vichy, onde trabalhou e experimentou diferentes técnicas como tinta, acrílico, lápis, colagem e digital. “Os seus projetos abordam temas como a saúde mental, identidade, feminismo e autoconhecimento. A sua inspiração vem dos seus estudos em psicologia clínica, mas também do seu quotidiano, das histórias que a rodeiam”. O livro foi apresentado no Consulado Geral de Portugal em Paris.

As eleições presidenciais vão realizar-se em janeiro de 2026.