Presidente de Moçambique reuniu com a petrolífera Total em Paris

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O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse ontem que a Total vai regressar a Moçambique quando tudo “estiver calmo”, referindo-se ao conflito armado no norte do país, após se ter reunido com o Presidente da administração da petrolífera, em Paris.

“A Total pode exigir que haja tranquilidade e haja paz para desenvolver os seus projetos económicos. […] Tem ajudado em termos de responsabilidade social, com hospitais e escolas, ajudaram na distribuição de água à população. [A Total volta] Quando estiver calmo”, assegurou o Presidente moçambicano, em declarações aos jornalistas ontem de manhã.

O Presidente moçambicano chegou a Paris na segunda-feira, aproveitando para se encontrar na manhã de segunda-feira com a Total, mas também com outros gigantes como Air France ou o banco Société Génèrale, que tem uma operação em Moçambique.

A Total suspendeu recentemente um investimento de 20 mil milhões de euros no país devido à insegurança na província de Cabo Delgado, palco de ataques desde há três anos. “A Total é uma empresa privada, não é militarizada nem tem uma força para combater. A obrigação de defender os interesses económicos são dos países, neste caso concreto todos temos o interesse em estabilizar e a defesa do estado”, reforçou o Presidente moçambicano.

No encontro de segunda-feira, o Presidente do Conselho de Administração da Total, Patrick Pouyanné, disse que a empresa tinha vivido uma situação “dramática”.

“Claro que enfrentámos em Cabo Delgado, em Palma, uma situação dramática, recentemente, então tivemos de tomar decisões”, nomeadamente “não manter pessoal em Afungi” (local de construção do projeto), disse, acrescentando que a empresa tem “plenamente” confiança no Governo moçambicano para apaziguar a região. “Assim que Cabo Delgado volte a ter paz, a Total voltará”, garantiu o CEO da petrolífera francesa.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.

O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

 

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LusoJornal