Primeira exposição individual de Ana Vidigal em curso no Centre Olivier Debré de Tours


A artista Ana Vidigal inaugurou na quinta-feira passada, no Centro de Criação Contemporânea Olivier Debré, em Tours, a exposição monográfica “Pour voir, ferme les yeux”, a primeira exclusivamente dedicada à sua obra, em França, anunciou a instituição.

“Ana Vidigal é hoje uma artista de referência no panorama artístico português”, lê-se no comunicado de apresentação da mostra, que inclui obras inéditas da artista, assim como uma seleção de obras recentes, comissariada por Élodie Stroecken, responsável pela programação do Centro.

A exposição, feita em parceria com a delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian, é acompanhada de uma publicação, adianta o Centro de Criação Contemporânea Olivier Debré, fundado em 2012, com projeto dos arquitetos portugueses Manuel e Francisco Aires Mateus.

“Ao mergulhar nas camadas da pintura” de Ana Vidigal, “o espetador fica impressionado com múltiplas referências ao mundo da infância – o da artista em particular, ligado à história do seu país, no qual viveu os primórdios de uma democracia totalmente jovem”, adiantou o comunicado do centro de arte.

A exposição convida “a entrar na intimidade de uma pintura que questiona o arquivo, a memória individual e coletiva de forma mais geral”.

“Pour voir, ferme les yeux” representa um regresso da obra de Ana Vidigal ao Centro Olivier Debré, onde apresentou o seu trabalho em 2022, no âmbito da exposição coletiva “Tudo o que eu quero. Artistas portuguesas de 1900 a 2020”, também produzida com a Gulbenkian, no âmbito da Temporada Cruzada França-Portugal.

Com “Pour voir, ferme les yeux”, o centro de arte da cidade de Tours visa “aprofundar o conhecimento” da obra de Ana Vidigal, “dedicando desta vez, e pela primeira vez em França, uma exposição monográfica” à artista.

“Pour voir, ferme les yeux” abriu ao público na sexta-feira, dia em que houve um encontro com Ana Vidigal, e ficará patente até 09 de março de 2025.

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Nascida em Lisboa, em 1960, Ana Vidigal tem vindo a recorrer à pintura, colagem, ‘assemblage’ e instalação como processos de descontextualização e reconfiguração de imagens retiradas de diversas fontes, explorando os valores sociais, políticos e memórias.

Concluiu o curso de Pintura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, em 1984, e foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, entre 1985 e 1987.

Em 2010, Ana Vidigal foi alvo da retrospetiva “Menina Limpa Menina Suja”, com curadoria de Isabel Carlos, no Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Entre as suas exposições recentes contam-se a participação na Feira Internacional de Arte Contemporânea de Bogotá – ARTBo, em 2018, onde criou um mural; “Arpad e as cinco”, no Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva, em Lisboa, em 2020, em que deu continuidade à pesquisa sobre conceitos como “doméstico, intimidade, privacidade, público e exterioridade”; e “Como é Antigo o Passado Recente”, que em 2022 mostrou no Convento S. Francisco, em Coimbra.

“Casa dos Segredos”, “Austeridade e Pequenos Sinais de Fumo”, “Estilo Queen Anne” e “Cine Mar(a)vil(h)a” contam-se entre outras exposições individuais da artista que “transcende limites, desafia convenções e incita reflexões profundas sobre valores sociais, políticos e culturais”, como se lê num artigo da galeria P55, dedicado ao seu percurso.

O trabalho de Ana Vidigal encontra-se representado na Coleção de Arte Contemporânea do Estado, assim como, entre outras, nas coleções do Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, Culturgest, Manuel de Brito e António Cachola.

LusoJornal