Propostas anti-imigração de Jordan Bardella impactam fortemente os PortuguesesCarlos Pereira·Política·26 Junho, 2024 A apresentação do programa eleitoral do Rassemblement National tem um capítulo que afeta particularmente, e a vários níveis, a Comunidade portuguesa residente em França. Ao suprimir uma Lei quase tão velha como a França (porque data de François 1er) – o “direito do solo” – Jordan Bardella quer que todos os filhos de estrangeiros em França, nasçam… estrangeiros. Durante décadas, desde os anos 60, milhares de Portugueses que nasceram em França obtiveram a nacionalidade francesa e são franceses, não por serem filhos de Franceses, mas por terem nascido em França. Se o Rassemblement National chegar ao Governo, deixa pois de ser possível, aos filhos de cidadãos portugueses que nasçam em França, de serem automaticamente franceses. E para o serem, mais tarde, terão de o fazer por naturalização. Os cidadãos portugueses que residem em França vão ter uma outra consequência direta já que Jordan Bardella anunciou que quer impor a “prioridade nacional”, reservando as ajudas sociais aos Franceses. “Só quem esteja a trabalhar em França há mais de 5 anos é que pode beneficiar das prestações sociais não contributivas, como por exemplo o RSA”. Jordan Bardella quer “reduzir as despesas sociais” e os cidadãos portugueses não ficam de parte, já que são estrangeiros como qualquer outro estrangeiro de qualquer outro país. O Rassemblement National queria, em 2022, suprimir completamente a possibilidade de dupla nacionalidade. Ora, estima-se que em França haja quase um milhão de binacionais portugueses-franceses. Desta vez, Jordan Bardella já não fala em suprimir a possibilidade de dupla nacionalidade, mas quer proibir os cidadãos binacionais de acederem a alguns empregos. A lista dos “empregos reservados” será publicada por decreto, mas pode afetar bem mais do que os lusodescendentes. Por exemplo, um cidadão francês que, tendo casado com uma portuguesa, obteve também a nacionalidade portuguesa, fica também ele, automaticamente, impedido de exercer esses empregos ditos “sensíveis” e passa também ele para um estatuto de “francês de segunda classe”. A primeira volta das eleições legislativas francesas vai ter lugar no próximo domingo, dia 30 de junho, e a segunda volta dia 7 de julho.