PS: Isabel Barradas “chocada” com a Esquerda que chumbou um “Orçamento de Esquerda”

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Recentemente eleita para a Comissão Política do Parido Socialista português, a Secretária-Coordenadora da Secção do PS de Bordeaux, Isabel Barradas, não contava deparar-se já com uma situação de chumbo do Orçamento de Estado e dissolução evidente do Parlamento.

Numa entrevista ao LusoJornal, diz que ficou “chocada” ao ver a Esquerda a chumbar “um Orçamento de Esquerda”, diz também que quer ver os militantes a escolher os seus candidatos, que é contra os “mandatos vitalícios”, que é necessário reforçar os postos consulares e que é um erro terminar com os Vice-Consulados de Portugal no estrangeiro.

Isabel Barradas mora em Bordeaux, onde é Técnica superior no Consulado-Geral de Portugal naquela cidade, mas tem uma importante ação cívica, já que, entre outras funções, é membro da Comissão diretiva do Comité Aristides de Sousa Mendes, foi dirigente do Rhami e agora da AGAFI, a associação para o desenvolvimento pelo educação e cultura da população imigrante.

Há cerca de 40 anos que milita no Partido Socialista. Foi Coordenadora da Juventude Socialista em Almada, depois Presidente da Secção socialista naquela cidade. “Aqui em Bordeaux também tenho sido fiel ao Partido Socialista e aos valores que ele encarna”.

No último Congresso do PS, Isabel Barradas subscreveu uma Moção apresentada por Daniel Adrião. “É uma tendência minoritária no Partido. Eu diria que ainda bem que há diversidade. Num Partido democrático, como é o Partido Socialista, que não é um Partido de pensamento único, eu subscrevi essa Moção do Daniel Adrião com cujos valores me identifiquei e que privilegiam o Partido Socialista como uma casa de todos os Socialistas, para todos os Socialistas, em que todos façam parte da solução, que sejam ouvidos e que as decisões que são tomadas pelos dirigentes nacionais, que o sejam também em função daquilo que os militantes de base desejam” explica ao LusoJornal.

Depois de ter sido eleita, durante o Congresso, para a Comissão Nacional do Partido, acabou por ter sido eleita também, depois, para a Comissão Política Nacional cuja primeira reunião teve lugar há pouco mais de uma semana.

 

O “choque” do chumbo do Orçamento de Estado

O batismo de Isabel Barradas na primeira reunião da Comissão Política do PS vai-lhe ficar na memória, porque teve lugar na véspera do voto do Orçamento de Estado no Parlamento, quando já se previa que fosse chumbado. “Achámos que não era o momento para fazer cair o Governo. O Partido Socialista apostou na negociação o mais possível e o Orçamento devia ter sido votado, devia ter passado na generalidade e depois podia ter sido debatido na especialidade, onde ainda havia margem para negociação e seria aí onde podia ser debatido e decidido” explica ao LusoJornal. “Confesso que o chumbo logo na generalidade surpreendeu-me soberanamente. Chocou-me ver os Partidos de Esquerda levantarem-se e chumbarem este Orçamento que era o Orçamento mais à Esquerda de sempre”.

Isabel Barradas diz mesmo que “o interesse geral, o interesse de Portugal e dos Portugueses, ficou para segundo lugar. Nós estamos a sair de uma pandemia, não saímos ainda e as coisas parecem estar a agravar-se um pouco por todo o lado. Por isso, não posso conceber que considerações partidárias possam ser priorizadas em relação ao interesse nacional”.

Interrogada sobre a possibilidade do PS também ter considerado que o momento era oportuno para ir a eleições já que os Partidos da Direita estão em processo de organização interna, Isabel Barradas garante que “não era esse o espírito do Partido Socialista, nem do Secretário-Geral, nem dos Socialistas. Nós pensamos que, para Portugal, era importante viabilizar este Orçamento de Estado”.

 

A Secção do PS de Bordeaux

Isabel Barradas sucedeu a Álvaro Pimenta à frente da Secção socialista portuguesa de Bordeaux. Mas a situação de pandemia não tem sido favorável para dinamizar a estrutura. Agora anuncia uma primeira reunião no próximo dia 19 de novembro.

“A militância fora do país é muito complicada. Durante a pandemia não foi possível fazer encontros e a própria eleição para os Delegados do Congresso foi complicada, mas já temos um encontro marcado, vamos recomeçar a reunir fisicamente e a refletir sobre os diferentes temas caros às Comunidades”.

Isabel Barradas quer que o debate no seio da Secção não fique pelos militantes, mas que se alargue também aos simpatizantes “e até aos seus contraditores”.

A Secretária-Coordenadora da Secção afirma que desde que foi eleita para a Comissão Política tem recebido muitos pedidos de adesão.

Interrogada sobre a participação cívica dos Portugueses no estrangeiro, Isabel Barradas explica que também subscreveu uma Moção setorial apresentada pelas Secções das Comunidades do PS na Europa onde é pedida uma reflexão sobre as formas e os novos métodos de eleição. “Eu penso que nem tudo foi feito. Como é óbvio, há um trabalho enorme a fazer, de informação junto dos cidadãos, para que eles possam exercer devidamente o seu direito de voto”.

“É claro que sou a favor do voto eletrónico. Mas temos que ver como ele pode ser implementado, temos que ter muito cuidado com isso” diz ao LusoJornal, argumento que durante o Congresso socialista teve algumas dificuldades de votação por ter sido digital. “Penso que temos sempre que ter alternativas”.

 

Consulados necessitam de reforço

Isabel Barradas garante que os esforços que foram feitos para a modernização da rede consular estão longe de corresponder às necessidades e teme que os projetos que estavam previstos no Orçamento de Estado sejam abandonados.

“Eu sou funcionária do Consulado-Geral de Portugal em Bordeaux, e conheço os esforços enormes da parte dos funcionários para assegurarem o atendimento possível, com os meios que temos. Não é suficiente implementar um novo sistema de gestão consular, é necessário ir mais além e apostar no recrutamento e na formação. Há formação disponível, mas os colegas não têm tempo disponível para seguir essas formações, porque não podem, porque estão sobrecarregados de trabalho e debatem-se com as insatisfações dos utentes. Os atrasos são inadmissíveis”.

A dirigente socialista diz que “há aqui muito trabalho para fazer, muitos esforços da parte do Governo, porque não basta ter o discurso, é necessário fazer, é necessário agir e há efetivamente muito para fazer, para melhorar as condições de trabalho dos funcionários, porque funcionários valorizados, reconhecidos e motivados é aquilo que nós necessitamos para ter um melhor atendimento ao público e prestar um melhor serviço aos nossos compatriotas”.

Isabel Barradas também foi dirigente sindical e teme que “as negociações em curso” tenham de ser recomeçadas. “Não sabemos se o Partido Socialista vai ganhar as eleições, quem vai ser o próximo Ministro dos Negócios Estrangeiros, haverá uma nova equipa que vai ser constituída e vamos ter que recomeçar as negociações que já tinham sido feitas até aqui”.

Mas afirma também que não concorda com a decisão do Governo de acabar com os Vice-Consulados de Portugal no estrangeiro. “Eu penso que não é a melhor decisão. Eu não teria tomado esta decisão”.

 

Contra os Deputados vitalícios

Agora vai ser necessário escolher os candidatos para a eleição legislativa pelo círculo eleitoral da Europa. “Eu subscrevi uma Moção que se chama ‘Democracia Plena’ em que defendemos as ‘primárias’ para que os militantes de base sejam ouvidos na escolha dos seus candidatos. Por isso eu sou contra cargos vitalícios, penso que as pessoas devem ser renovadas e penso que isso deve ser discutido em sede das Secções. As Secções devem ter uma palavra a dizer sobre por quem querem ser representadas, com que programa, que ideias temáticas, que propostas… Eu penso que é indispensável que sejam os militantes a decidir”.

Isabel Barradas diz conhecer bem o atual Deputado socialista pelo círculo da Europa “que tem feito o trabalho que é possível fazer”.

Mas conclui dizendo que é necessário voltar a pôr em cima da mesa da questão da representatividade dos Portugueses residentes no estrangeiro. “Há 40 anos que se diz que termos só 4 Deputados eleitos pela emigração. É uma questão a rever”.

 

Ver a entrevista AQUI.

 

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LusoJornal