A última edição do concerto “Fado de Paris”, organizado pela rádio Alfa e pelo programa “Só Fado”, teve lugar, como habitualmente, na Sala Vasco da Gama, em Valenton (94), e foi marcada por duas situações: a primeira foi a homenagem a Daniel Ribeiro e a Casimiro Silva, que nos deixaram recentemente, e a segunda foi a oportunidade que foi dada a um grupo de jovens fadistas que se sucederam no palco.
“O início deste ano de 2025 foi extremamente doloroso para todos nós. Não só nos despedimos de Casimiro Silva, como também a família da rádio Alfa perdeu um amigo, um companheiro, um grande profissional, alguém que dedicou a sua vida à comunicação e à verdade das palavras” disse Odete Fernandes, a coapresentadora do programa “Só Fado” e a apresentadora destas noites de Fado.
“Casimiro Silva era mais do que um artista, era um contador de sentimentos, um monstro de simplicidade, um homem cuja presença enchia a sala sem precisar de palavras, a sua música falava por si e que bela conversa era” disse Odete Fernandes, referindo-se ao tocador de viola de Fado que acompanhou praticamente todos os fadistas da praça de Paris.
A homenagem ao jornalista Daniel Ribeiro, que foi Diretor de antena da rádio Alfa e que também faleceu recentemente, coube a Fernando Lopes, Diretor Geral da rádio.
Os fadistas Vanessa Miranda, Celine Pereira, Cláudia Costa, Mathieu Domingues e Hugo Vitorino, foram todos acompanhados por Manuel Miranda, Miguel Ramos e Tony Correia. “Estou sempre muito atento ao fado aqui em Paris, ando sempre à procura de novidades, descobri estas vozes que me impressionaram e que necessitam de muito apoio, da rádio Alfa, do LusoJornal, precisam do apoio de toda a gente” explica Manuel Miranda.
O público desta 11ª edição de “Fado de Paris” parecia conquistado pelas novas vozes do Fado.
“Temos uma grande vontade de transmitir o fado através da antena, mas também através de um espetáculo. Damos voz aos fadistas que estão aqui em Paris, muitos deles são voluntários, têm outro trabalho e é importante que eles tenham um reconhecimento e esse reconhecimento é feito através deste espetáculo” acrescenta o Diretor Geral da rádio Alfa, Fernando Lopes. “Mas o mais importante é que tivemos no palco fadistas com 22 anos e outros com mais de 70 anos, gente com experiência que garante a transmissão entre gerações”.
Vanessa Miranda é transmontana, dentista, e Manuel Miranda já partilhou o palco com ela algumas vezes. Mathieu Domingues tinha feito 22 anos no dia anterior. “Ele cantou num espetáculo e eu disse logo que ele tinha uma voz bonita. Até já tenho alguns espetáculos agendados com ele, é uma voz muito bonita, agradável de ouvir” disse o guitarrista. Céline Pereira também encantou Manuel Miranda. “Aquela voz faz-me recordar Maria Teresa de Noronha, Teresa Tarouca, e quando lhe perguntei de onde era, afinal é minha vizinha”. Hugo Vitorino “também o conheci em Paris, ele pediu-me para eu o acompanhar e vi que ele tinha qualquer coisa dentro dele”. Quanto a Cláudia Costa “é minha afilhada e os padrinhos servem para acarinhar a dar apoio aos afilhados, não é? Mas ela já cantou para milhões de pessoas” evocando a participação da jovem fadista no programa “The Voice” em França.
Miguel Ramos veio de Portugal para acompanhar à viola de Fado, e o viola baixo Tony Correia participou em todas as 11 edições de “Fado de Paris”. Manuel Miranda tocou guitarra de Fado.
Manuel Miranda coapresenta o programa de rádio “Só Fado” com Odete Fernandes. “Temos uma ligação de amizade muito grande, mas entre nós existe sobretudo a prática e a teoria. Eu, com os meus cabelos brancos, ando nisto desde criança, adquiri a prática, a Odete é uma universitária, tem uma parte de teoria que eu não tenho, mas quando se junta a prática à teoria, sai uma obra de arte e foi isso que aconteceu ao Só Fado” garante o guitarrista que já foi o proprietário do restaurante Coimbra do Choupal, “a catedral do Fado” em Les Pavillons-sous-Bois.