Relatório da Emigração relativo a 2017 sem dados “atualizados” da França!

As linhas gerais do Relatório da Emigração relativo ao ano de 2017 foram apresentadas a segunda-feira da semana passada, dia 17 de dezembro, pelo Coordenador Científico do Observatório da Emigração, Rui Pena Pires, numa sessão que contou também com a presença do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, e do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Segundo o relatório, cerca de 90 mil Portugueses emigraram em 2017, menos 10 mil do que em 2016, com o Reino Unido a manter-se o principal destino.

De acordo com o documento, que compila dados relativos a 2017, nos países onde estão disponíveis, “a emigração portuguesa continua numa tendência de descida sustentada” fortemente relacionada com “a retoma da economia portuguesa, sobretudo no plano da criação de emprego”, e “descida do desemprego”, com a “revitalização do mercado de trabalho”.

Esta tendência, segundo o relatório, elaborado pelo Observatório da Emigração, explica-se ainda pela “redução da atração de países de destino como o Reino Unido, devido ao efeito ‘Brexit’, e Angola, devido à crise económica desencadeada com a desvalorização dos preços do petróleo”.

A descida regista-se desde 2013, quando atingiu o pico de 120 mil, o máximo deste século, passando para 115 mil em 2014, 110 mil em 2015 e 100 mil em 2016.

Apesar da queda acentuada de 26% relativamente a 2016 (30.543), o Reino Unido continua a ser o principal destino dos portugueses, com 22.622 entradas em 2017, “a uma muito grande distância dos outros destinos mais relevantes”.

Por mais estranho que possa parecer, o Observatório diz que não tem dados estatísticos atualizados sobre a França, o país com maior emigração portuguesa, “é neste momento difícil medir com rigor a evolução recente da emigração para dois dos principais destinos da emigração portuguesa, que no entanto deverá estar em franca redução no caso francês”.

Ora, a Embaixada de Portugal em França é a única Embaixada no mundo a ter um sociólogo, que entretanto foi transferido para o Consulado Geral de Portugal em Paris e está a fazer atos administrativos.

Por conseguinte, todos os dados do relatório, omitem, em termos numéricos, a emigração para França, recorrendo, por vezes aos números de 2016! “Em 2017, os Portugueses foram a segunda nacionalidade mais representada entre os novos emigrantes entrados no Luxemburgo, a quarta na Suíça e em França (valores de 2016), e a sétima no Reino Unido”, refere-se no documento.

De acordo com estimativas das Nações Unidas relativas a 2017, Portugal continua a ser, em termos acumulados, o país da União Europeia com mais emigrantes em proporção da população residente (considerando apenas os países com mais de um milhão de habitantes), com 2,3 milhões de emigrantes nascidos em Portugal, o que equivale a 22% da população a viver emigrada, sendo o 27º país do mundo com mais emigrantes.

Em termos globais, segundo o documento, a França continua a ser o país onde vivem mais emigrantes nascidos em Portugal (615 mil em 2014 – último ano com dados oficiais!), seguindo-se a Suíça (220 mil em 2017), os EUA (148 mil em 2014), o Canadá (143 mil em 2016), o Reino Unido (139 mil, em 2017), o Brasil (138 mil, em 2010), a Alemanha (123 mil, em 2017) e a Espanha (100 mil, em 2016).

A tendência da emigração, de acordo com estimativas do Observatório, será de se manter a redução, embora a um ritmo mais lento do que a subida registada nos anos mais agudos da crise económica em Portugal e deverá estabilizar num valor superior ao registado antes da crise.

Segundo o documento, a população emigrada continua envelhecida e a ser “maioritariamente composta por ativos pouco qualificados, quando caracterizada em termos globais, já que existem diferenças significativas por país”. Apesar desta tendência, verifica-se também “um crescimento significativo da proporção dos mais qualificados” com a percentagem de portugueses emigrados com formação superior a residir nos países da OCDE praticamente duplicar, passando de 6% para 11%, entre 2001 e 2011.

A Resolução da Assembleia da República nº 84/2013, de 20 de junho, estabelece a obrigatoriedade de elaboração e apresentação de um Relatório anual sobre emigração, do qual conste informação relativa ao número de cidadãos que saem do país, os países de destino dos emigrantes portugueses e outros elementos de caráter socioeconómico.

O Relatório da Emigração tem por base informação disponibilizada pela rede externa do Ministério dos Negócios Estrangeiros, pela Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. e por outras fontes públicas e privadas, nacionais e internacionais, sendo esses elementos trabalhados pelo Observatório da Emigração.

 

[pro_ad_display_adzone id=”17510″]

LusoJornal