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Ritual do Velho e da Galdrapa atrai Franceses a São Pedro em Miranda do Douro

A aldeia de São Pedro da Silva, no concelho de Miranda do Douro, vai viver neste domingo tempo de folia e animação com a saída à rua do recuperado ritual do solstício de inverno do “Velho e da Galdrapa”. Um ritual que atrai cada vez mais turistas franceses e espanhóis.

“Este é o primeiro ritual do seu género a sair à rua no território do Planalto Mirandês antes do solstício, o que deita por terra algumas teorias do passado que referem que o período destas festas pagãs se desenvolve entre o dia de Natal e os Reis [06 de janeiro]”, indicou à Lusa o investigador Alfredo Cameirão.

A festa do “Velho e da Galdrapa” (em língua mirandesa, L Bielho i la Galdrapa) esteve “adormecida” desde a década de 60 do século XX, apareceu de novo na década de 90 do mesmo século, fruto de empenho de um grupo de pessoas, que recuperou durante dois anos esta tradição ancestral.

Contudo, com o empenho de alguns investigadores ligados à temática das máscaras no Nordeste Transmontano, o ritual ganhou em 2016 nova vida, com a saída à rua do conjunto de mascarados.

Esta celebração pagã tem como um dos dois atores principais o Velho, que é encarno por rapaz, com barba negra feita de lã de ovelha e uma máscara de cortiça. Na cabeça leva um chapéu preto e ao pescoço um boneco de cortiça preta, que o dá a beijar às pessoas, com o intuito de as “tisnar”.

A outra figura é a Galdrapa, que é outro rapaz disfarçado de mulher que é a esposa do velho. Veste uma blusa, uma saia mirandesa enfeitada com muitos lenços coloridos e na cinta prende uma bolsa para recolher “as esmolas”. Já na mão leva uma estaca para recolher peças de fumeiro.

Os rituais do solstício de inverno, também conhecidos por Festa dos Rapazes, são manifestações pagãs que se vivem um pouco por todo o Nordeste Transmontano e que simbolizam a emancipação dos jovens que neles participam.

Estas festas solsticiais, e dada a proximidade com a fronteira, atraem cada vez mais curiosos vindo de Espanha e França, para celebrarem em conjunto estes rituais pagãos e autênticos e fazer o seu registo para diversos estudos.

LusoJornal