RTPi difunde este domingo um documentário de Carlos Pereira sobre os Portugueses na Resistência Francesa_LusoJornal·Comunidade·10 Julho, 2025 A RTP Internacional está a difundir desde o passado dia 15 de junho, uma série de 8 documentários intitulada “O extraordinário percurso da Comunidade portuguesa de França” com realização de Carlos Pereira e produção da Aniki Media Productions, uma empresa de produção de conteúdos audiovisuais com sede na região parisiense. O próximo episódio, intitulado “Os Portugueses na Resistência Francesa”, vai ser difundido este domingo, dia 13 de julho, às 20h00 (hora francesa) e vai ter redifusão na quinta-feira, dia 17 de julho, à meia-noite. Esta é uma oportunidade para falar com o realizador desta série documental. . Porque decidiu fazer um episódio desta série sobre a II Guerra mundial? Quando eu andei a estudar, sempre me disseram que Portugal era um país neutro e não participou na II Guerra mundial. Claro que se falava da II Guerra mundial, mas sempre sobre os outros países e nunca sobre a implicação, mesmo se indireta, de Portugal. Ora, apesar de Portugal não ter estado oficialmente implicado na II Guerra mundial, houve muitos portugueses na Resistência francesa. A própria ação do antigo Cônsul de Portugal em Bordeaux, Aristides de Sousa Mendes, pode ser considerada como uma ação de Resistência. . Mas em que tipo de Resistência estavam implicados os Portugueses? Estar na Resistência não é apenas pegar numa arma, é também fazer atos de sabotagem, cortar cabos elétricos, desviar comboios, levar correspondência, transportar armas, enfim, tarefas importantes feitas por pessoas das quais não havia suspeitas. Há mil e uma maneiras de se fazer Resistência. Entrevistei familiares de um português que foi fuzilado por atos de Resistência, entrevistei um familiar de um português de foi levado para os Campos de concentração e trabalhos forçados na Alemanha, e entre dois Campos, morreu e foi deitado do comboio abaixo. Esta participação dos Portugueses na Resistência existiu mesmo, é coisa séria. No primeiro comboio de deportados, que saiu de Angôuleme havia portugueses e no último, o conhecido Comboio de Loos, também levava portugueses. . E como conseguiu estas informações? Vou lendo muito sobre este assunto, e recorri ao trabalho da historiadora Cristina Clímaco, mas também do Manuel Dias, cofundador do Comité Aristides de Sousa Mendes e de António Marrucho, colaborador do LusoJornal e que tem feito um trabalho importante de pesquisa, tanto sobre a I Guerra mundial, como sobre a II Guerra mundial. Há poucos anos que os historiadores se interessam por este assunto. . Qual foi o caso que mais o surpreendeu? Estar a filmar em Arras no sítio onde foram fuzilados três portugueses – está lá um poste a materializar esse sítio – foi impressionante. Como foi impressionante conhecer a história de Henri de Morais, o tal Resistente, muito jovem, que foi deitado abaixo de um comboio, já sem vida. Ou então um Resistente português que foi preso e depois da Guerra foi eleito Maire da sua localidade. E até a história do “Gaiteiro”, um português de Chaves que fugiu para França porque ia ser apanhado com contrabando e a vida fez com se tornasse um Resistente. Já tinha lido o livro que o filho, Manuel da Silva, tinha escrito, e desta vez foi entrevistá-lo em Chaves, precisamente junto à casa de onde o pai fugiu. . Havia muitos portugueses em França nessa altura? Sim, claro. Havia os soldados do Corpo Expedicionário Português (CEP) que tinham cá ficado depois da I Guerra mundial, havia os que emigraram entre as duas Guerras para a reconstrução da França e havia os que vinham da Guerra civil espanhola, juntando-se aos espanhóis quando houve a Retirada. Muitos passaram pelo conhecido Campo de Gurs, no sul da França, onde também estive a filmar. . Como habitualmente também há comentadores durante o decorrer do documentário? Sim, desde logo a historiadora Cristina Clímaco, da Universidade de Saint Denis Paris – é a pessoa que em França mais conhece sobre este assunto – e o António Marrucho. Depois também temos testemunhos da Aurore Ronsin-Decamps, do atual Cônsul-Geral de Portugal em Bordeaux, Mário Gomes, da Maire de Loos, Anne Voituriez, localidade que lembra todos os anos a partida do último comboio com Deportados, onde seguiam 3 portugueses… Eu penso que quem tiver oportunidade de ver este episódio, vai ficar a conhecer muitas coisas que desconhecia. . Série: “O extraordinário percurso da Comunidade portuguesa de França” Realizador: Carlos Pereira / Aniki Media Productions Episódio: “Os Portugueses da Resistência Francesa” Difusão: domingo, dia 13 de julho, às 20h00 (hora francesa) Redifusão: quinta-feira, dia 17 de julho, à meia-noite Canal: RTP Internacional