Lusa | Rodrigo Antunes

Santos Silva diz que Portugal tem “sementeira” de seis milhões no mundo que “deve ir regando”

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O Ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu ontem que Portugal tem uma “sementeira” de cerca de seis milhões de Portugueses fora do país, incluindo 600 luso-eleitos, que deve “ir regando” e mobilizando como fazem países como Israel, Grécia ou Irlanda.

Na abertura do segundo e último dia do 8º encontro anual do Conselho da Diáspora Portuguesa (CDP), que decorre ontem na Cidadela de Cascais, Augusto Santos Silva apresentou-se como sociólogo, evitando um discurso político num momento em que Portugal já se encontra em pré-campanha para as eleições legislativas de 30 de janeiro.

Citando estimativas das Nações Unidas de 2019, disse que há 2,6 milhões de pessoas que nasceram em Portugal e vivem no estrangeiro, das quais 1,5 milhões vivem na Europa, 1,1 milhões nas Américas e algumas centenas de milhares em África e na Ásia-Pacífico.

No entanto, recordou que existem muitos Portugueses que já não nasceram em Portugal, mas têm nacionalidade portuguesa e vivem no estrangeiro.

Segundo dados oficiais, cerca de 3,3 milhões de pessoas têm Cartão de cidadão português, mas residem no estrangeiro.

Além da emigração, lembrou, há as Comunidades formadas pelas várias gerações e que têm ligações a Portugal.

Ou seja, estimando os naturais de Portugal que vivem no estrangeiro, os não naturais com nacionalidade e os não nacionais que podem pedir nacionalidade por serem descendentes de portugueses, o Ministro estimou que sejam mais de cinco milhões ou até mesmo seis milhões.

“Por isso é que a diáspora é tão importante e falar de emigração já não chega”, disse Santos Silva, lembrando que muitos jovens atualmente “já não são emigrantes, são móveis, são globais”.

“Isto acontece com milhares e vai acontecer com milhões. O Instituto Nacional de Estatística distingue emigração permanente e temporária e há mais de uma década que esta emigração temporária excede a emigração permanente”, afirmou.

O Ministro acrescentou que “a mudança mais importante” nos últimos anos na diáspora foi o peso das habilitações superiores, que aumentou de 6% para 11% do total entre 2001 e 2011 e deverá aumentar significativamente no Censos 2021, números que só serão conhecidos em 2022.

Exemplificou com os Portugueses que atualmente ocupam cargos de topo no sistema das Nações Unidas, a começar no Secretário-geral, António Guterres, o Diretor-geral da Organização Internacional das Migrações, António Vitorino, um dos Sub-secretários-gerais da ONU – o chefe máximo dos serviços jurídicos da ONU, Miguel Serpa Soares; uma das Vice-presidentes do Banco Mundial, Manuela Ferro; o responsável técnico pelo Índice de Desenvolvimento Humano, Pedro Conceição, entre outros.

No setor empresarial, no desporto, na cultura, lembrou, existem também Portugueses em cargos de topo.

Para Santos Silva, o Conselho da Diáspora Portuguesa é muito importante para responder a estas pessoas, que “mantêm todas as características tradicionais da emigração portuguesa, mas acrescentam a mobilidade e acrescentam esta ideia de que são cidadãos globais”.

Outra mudança na diáspora foi passar de uma integração por “invisibilidade social” para uma forma mais ativa de intervenção nos países de acolhimento, nomeadamente assumindo cargos políticos, disse o governante.

Segundo contas do MNE, existem 600 luso-eleitos no mundo, mais de metade em França, 150 nos Estados Unidos, e outros no Luxemburgo ou no Canadá, disse. Mas só o LusoJornal e a Cívica listaram mais de 7.000 autarcas com origem portuguesa.

“Temos de ter do nosso lado alguém que possa mobilizar toda esta gente. 600 pessoas pelo mundo fora que são Deputados, Congressistas, Autarcas, é uma riqueza enorme que o país tem, que os países usam – Israel usa melhor do que ninguém, mas a Grécia usa bem, a Irlanda usa bem e nós temos de usar bem”, disse.

Para Santos Silva, a “cereja no topo do bolo” é que a diáspora portuguesa tem uma bipolaridade: “ao mesmo tempo que são um caso internacional de estudo na facilidade de integração, isso nunca representou a quebra o laço umbilical com Portugal”.

“Do ponto de vista sociológico, temos uma sementeira já feita, mas temos de cuidar, de regar estas plantas que vão germinando”, concluiu.

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LusoJornal