Sara Salgueiro, uma Coach portuguesa em Lyon

Natural de Lisboa, Sara Salgueiro é uma recém-chegada a Lyon. Formada em psicologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT), faz da prática do Coaching a sua profissão desde 2012.

Apaixonada pelo movimento, pela expressão física e humana, passou pela patinagem artística, pela ginástica acrobática e pela dança, entre outros desportos.

“Viver é um privilégio, quanto melhor tratar de mim, melhor estarei ao serviço do outro” esta é a divisa de Sara Salgueiro.

O LusoJornal quis saber mais sobre esta nova profissão, que tem tendência para grande expansão nos próximos anos, especialmente em Lyon.

 

A Sara é psicóloga. Porque decidiu trabalhar como Coaching?

Na altura em que procurei e encontrei uma formação rigorosa em Coaching, estava ao mesmo tempo à procura de me desenvolver em Psicologia das emoções. Ao encontrar uma formação certificada internacionalmente em Coaching, percebi que era muito mais abrangente no que diz respeito ao desenvolvimento e crescimento que exige de mim e como tal permite também uma maior capacidade de criar impacto nos clientes de Coaching. Sou adepta da expansão e crescimento.

 

E o que significa ser Coach? Qual é o perfil do Coach?

Para mim, ser Coach é um propósito de vida, é a oportunidade de estar ao lado de quem precisa de acompanhamento e estar presente nas caminhadas dos meus Coaches, a presenciar os desafios, conquistas, transformações, insight’s… vale sempre a pena e aprendo sempre. Em relação ao perfil do Coach, reportando-me aos Coachs com formação certificada pela ICF, a mais rigorosa e reconhecida no mercado e no mundo, não é específico, os Coachs vêm muitas vezes de carreiras tradicionais, ou as usuais e encontram no Coaching uma forma de estar ao serviço do cliente que não encontram noutras áreas. O que considero que todos os Coachs devem ter, é sim, uma base de atividade assente num código de ética e conduta rigorosos, pois esta profissão ainda não é institucionalizada e é preciso garantir ao cliente um nível de confidencialidade, excelência e respeito pelo cliente, por nós, pelos outros Coachs e pela prática, aproveito para acrescentar que as ‘core competencies’ que são exigidas aos Coachs da ICF e pelas quais somos avaliados, são fundamentais para se prestar um serviço de qualidade. As minhas competências base foram desenvolvidas em formação e desde então tenho o dever e vontade de as manter em constante desenvolvimento, só assim me considero uma Coach pronta para acompanhar pessoas. As tais competências são Princípios éticos e profissionais, Contrato de Coaching, Confiança com o cliente, Presença, Escuta ativa, Perguntas Poderosas, Comunicação direta, Desenvolvimento da consciencialização, Definição de planos de ação, Planeamento e estabelecimento de objetivos, Acompanhamento do progresso e autorresponsabilização.

 

Qual a influência da psicologia no seu trabalho?

Todos os Coachs devem entregar à sua prática de Coaching a experiência de vida, profissional, académica, desde que seja uma mais valia para o Coachee, no entanto, especificamente a Psicologia, é muitas vezes confundida com Coaching, por isso mesmo esclareço sempre os meus Coachees que as sessões de Coaching não são terapia, é sempre importante que os clientes estejam clarificados do que se trata um processo de Coaching. O que faço é utilizar os meus conhecimentos, dados pela formação académica em Psicologia, mas em forma de pergunta e não para análise e avaliação, coisa que no Coaching não pode acontecer, pois não é esse o propósito do processo.

 

Como vê o Coaching como profissão no mercado atual?

Em alguns países, o Coaching já pertence a um mercado maduro, como por exemplo, Brasil, Estados Unidos e Inglaterra, aos poucos tem vindo a desenvolver, mas na minha perspetiva há um longo caminho a percorrer.

 

Tem alguma uma definição própria de Coaching?

Tenho. Para mim Coaching é reflexão, tomada de consciência, novas perspetivas, foco e atitude. Como é que isto acontece? Através da criação de um espaço seguro onde se desenvolve uma relação de confiança entre Coach e Coachee de modo a proporcionar a transformação e o desenvolvimento para alcançar novos resultados aprendendo novas formas de os alcançar.

 

O que tem levado as pessoas procurarem o Coaching? Quais os principais pedidos? O que lhe solicitam?

Os propósitos dos Coachees são muitos e diversificados, cada um tem os seus desafios. O que para uns é um desafio, para outros é fácil, mas de modo a esclarecer de forma mais específica, o que acontece num processo de Coaching é transformar os Coachees em líderes da sua própria vida, desenvolvendo as competências nesse sentido, o que permite a autoconfiança necessária para tomarem decisões ao nível pessoal, profissional, emocional, familiar, de modo a fazerem as alterações necessárias para alcançarem o seu propósito.

 

Quais os campos de atuação do Coaching?

Na minha perspetiva, o Coaching é para pessoas e não para áreas, um Coach deve estar preparado para os desafios das pessoas, pois a ação de um Coach é na pessoa para que a pessoa se torne independente e saiba tomar as suas decisões sozinho. Embora muitas vezes se fale do Executive (a minha formação), Business, Life, e por aí fora, eu estou especializada para pessoas, ou seja, os meus Coachees podem ser líderes de empresas, cargos de Direção, empreendedores, mudança de carreira, situações relacionais, amorosas ou familiares. Em 2012 quando me iniciei pelo caminho do meu propósito, o Coaching ainda era apenas procurado e direcionado para Executivos. O mundo evolui e chegámos a ponto em que se compreende que todos nós, em alguma altura das nossas vidas, precisamos de alguém que nos acompanhe para algo mais e melhor do que temos tido até então, eu não só passei por Coachee na minha formação, precisamente para saber o que significa estar do outro lado e tenho um Coach, é sempre importante ter alguém que nos ouve, sem criticar, sem julgar, sem analisar ou avaliar, mas sim ouvir de forma empática com a capacidade para nos fazer pensar, ser ou estar de formas que sem este espaço que o Coaching proporciona, não se consegue.

 

Como é constituído um processo de Coaching?

Decidi após alguns processos que para particulares são necessárias 8 sessões, já fiz com uma base de 6 sessões, mas identifiquei que as pessoas queriam mais, cada sessão tem uma duração de 90min, o processo dá início após o Coachee ter o seu propósito clarificado ou qualquer dúvida que possa surgir e após a assinatura de um contrato assinado pelas 2 partes, onde o Coachee encontra informações como estas que acabei de descrever, a formação e certificação da Coach, o que é e não é Coaching, confidencialidade e proteção de dados, direitos e deveres de Coach e do Coachee…

 

O Coaching Executivo tem tendência em desenvolver competências?

O Coaching Executivo é um nicho de mercado, o desenvolvimento acontece e deve acontecer das competências que a pessoa em causa necessitar, seja que Coaching for.

 

Fale-me um pouco sobre o Coaching de carreira profissional?

Como anteriormente referi, o Coaching é direcionado para pessoas, quando as pessoas desenvolvem as competências necessárias estão prontas para alcançar os seus propósitos sejam eles profissionais ou não, aproveito para esclarecer que Coaching não é aconselhamento, ‘mentoring’, nem formação pelo que a diferença entre os diferentes Coaching que existem podem ter mais a ver com as áreas em que os Coachs se sentem à vontade, do que em termos de o Coaching ser dividido por áreas.

 

E a Sara, em que tipo de Coaching se concentra neste momento, aqui na região de Lyon?

Estou disponível para Coachees que pretendem uma nova realidade, é uma forma de dizer para todos os propósitos/objetivos, pois sou realmente especialista em pessoas, e acompanho as pessoas para se tornarem especialistas a alcançar os seus objetivos.

 

Que teorias ou metodologias utiliza no seu trabalho como coach?

Como base da minha aprendizagem e formação, tenho o Coaching Ontológico, que serve para acompanhar e entender os indivíduos no seu processo de aprendizagem para aumentar o poder de ação e expandir as interpretações que o Coachee tem de si próprio. Para concluir esse objetivo, a metodologia expande os estudos a respeito dos três campos responsáveis pelas atitudes e comportamentos: emoções, linguagem e corpo. Sendo assim, o processo de Coaching Ontológico é uma ferramenta indispensável para que o Coachee consiga realizar mudanças significativas em comportamentos e atitudes que poderão estar a bloquear o seu sucesso profissional e/ou pessoal.

 

Sara, pode partilhar connosco uma experiência que teve com um Coachee?

As sessões e processos são todos confidenciais, pelo que em nenhuma circunstância são partilhados, no entanto de forma confidencial na minha página do Instagram, partilhei já alguns feedbacks de Coachees a meu pedido e com o seu consentimento, sem qualquer menção aos seus nomes, como por exemplo: “Depois do processo de Coaching comecei a ter uma vida totalmente nova e diferente, obrigada à minha Coach por me ter acompanhado”, “Passar por um processo de Coaching trouxe-me muitas coisas tal como, tomada de consciência, clareza, novas perspetivas, perceber o meu valor pessoal e encontrar o meu propósito”, “Quando a vida te vira do avesso é óbvio que precisas de ajuda, estou muita agradecida por ter conhecido a Sara. Uma Coach fantástica que me orientou quando eu estava perdida na vida. Com ela aprendi a ver o copo mais vezes cheio do que vazio”, “Não há forma de perceberes o impacto de um processo de Coaching em todos os aspetos da vida, a não ser que passes por um”.

 

Quais são os resultados? O que o Coachee pode esperar? E qual é a taxa de sucesso desse processo de Coaching?

Os resultados são todos aqueles que o Coachee quiser ter e muito mais, pois o processo de Coaching só acontece se o Coachee quiser, é necessário existir compromisso, dedicação e vontade do Coachee em fazer as transformações, aprendizagens necessárias e as tarefas de Coaching apresentadas, sem isso o Coach não pode trabalhar, é uma parceria não é um trabalho de apenas uma das partes. Os Coachees podem esperar acompanhamento, dedicação, compromisso, presença, entrega, empatia e escuta. Na minha perspetiva é sempre um sucesso, tendo em conta que assim que um Coachee me contacta já é o início da mudança, é o tomar consciência de que se precisa de acompanhamento, não porque são menos mas sim porque querem mais. Ter um Coach é um sinal de coragem. Dos feedbacks que tenho recebido, os Coachees levam, aprendem e tomam consciência maior do que as expetativas inicias.

 

Algum tempo atrás, o Coaching era na maioria aplicado nas empresas e para Executivos. Atualmente, a aplicação de Coaching expandiu-se para outras áreas como Coaching de transformação, Coaching de estilo de vida, etc. Considerando que o Coaching cresceu muito ao longo dos últimos anos, o que pensa a respeito do futuro dessa profissão? Acha que aqui em Lyon irá ter o mesmo sucesso que nos outros países?

Acredito que esta profissão venha a ser institucionalizada num futuro próximo. Começo a ver já a capacidade das pessoas em distinguirem o que implica ser Coach, e as diferenças entre Coachs ICF e Coachs sem base de atuação como um contrato, o código de ética e conduta e as competências fundamentais. Sempre fui uma pessoa que acredita no potencial das pessoas, uma das minhas motivações para seguir este caminho. Neste aspeto continuo a acreditar no desenvolvimento sim, e claro que em Lyon há também essa possibilidade.

 

Se tiver de dar um conselho a alguém que procura um Coach, quais são os aspetos mais importantes na sua escolha?

Diria que é importante escolher um Coach ICF, assim como sentir empatia e confiança. Quando conhece um possível Coach para vir a contratar, é algo que se sente.

 

O que lhe motiva hoje como profissional?

O que sempre me motivou, ter a oportunidade de acompanhar pessoas e presenciar o seu desenvolvimento, crescimento, o ultrapassar de obstáculos e bloqueios e o alcançar dos seus propósitos à minha frente, é muito poderoso, é um privilégio ser Coach.

 

Na sua opinião, qual a parte mais gratificante da profissão de Coach?

É muito gratificante o que se aprende com as pessoas todos os dias e o desenvolvimento constante que faço em mim e das minhas competências.

 

Que conselho daria aos profissionais que estão a iniciar esta profissão?

Por favor procurem uma formação certificada ICF, disponível em cerca de 140 países, o Coaching está a ganhar terreno e a ser cada vez mais aceite pelas pessoas. O que significa que os Coachs não certificados com rigor, poderão mais tarde ter a necessidade de refazerem a sua formação. Então, para quê investir em algo inferior se queremos acompanhar pessoas e se há profissionais já a trabalhar com esse rigor que a profissão exige?

 

Como podemos entrar em contacto consigo?

Estou disponível através do email sara@newrealitiescoach.com ou nas redes sociais Instagram e LinkedIn.

 

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LusoJornal