Saúde: A Quimioterapia preventiva_LusoJornal·Saúde·29 Abril, 2024 A quimioterapia preventiva é o que designamos de tratamento adjuvante, onde usamos medicamentos que podem ser quimioterapia ou outros (imunoterapia, terapia biológica) após o tratamento curativo (cirurgia) de forma a evitar que a doença oncológica se volte a manifestar no local onde surgiu e à distância (metastização). O que acontece é que após a cirurgia (método curativo de eleição) a peça operatória é avaliada pelos colegas de Anatomia Patológica e, de acordo com essa avaliação, se estabelece riscos de recidiva (que o cancro se volte a manifestar no local ou à distância) e assim de acordo com o risco se considera ou não a necessidade dos tratamentos preventivos para reduzir ao máximo esse risco de forma a podermos alcançar o objetivo de cura desse doente. Esta opção é sempre tomada quando o risco de recidiva do tumor (no local ou à distância) é muito elevado e que estudos clínicos tenham demonstrado uma diminuição significativa desse risco e consequente aumento de sobrevivência/curabilidade. É utilizada em praticamente todos os cancros sejam de origem da mama, do colon-reto, ginecológicos, do pulmão, entre outros… A quimioterapia ou outros tratamentos não provoca dor de forma direta. No caso concreto da quimioterapia estamos a falar de medicamentos cujo mecanismo de ação é matar células em divisão celular acelerada e como existem células saudáveis que naturalmente o fazem todos os dias daí os sintomas – células das mucosas (náuseas, vómitos, aftas, diarreia, prisão de ventre), pele e cabelo (queda do cabelo, secura da pele, pele com sensação de queimadura), sangue (anemia, baixa dos glóbulos brancos, baixa das plaquetas). Claro que, se algum desses sintomas for em grau elevado pode causar desconforto e dor (ex: as aftas podem causar dor na boca e não conseguirmos comer, a pele das mãos e dos pés queimadas pode dar dor e não conseguirmos tocar em algo ou andar, diarreia pode dar queimadura também da pele e dor na barriga, …), mas não é de uma forma direta que ocorre. Estes tratamentos são geralmente autolimitados por períodos que vão desde os três meses a um ano, conforme os tipos de cancro e tem sempre o objetivo de cura para o doente (prevenir e não tratar ativamente). O mesmo infelizmente não se verifica na doença metastática onde a doença passa a ser crónica mesmo tendo períodos por vezes de remissão, e os doentes podem ter que fazer tratamentos de forma continua sem fim temporal. . Dra. Daniela Macedo Oncologista Hospital Lusíadas Lisboa