Saúde: Alimentação sustentável: comer bem e cuidar do planeta_LusoJornal·Saúde·15 Setembro, 2025 Quando falamos em alimentação sustentável, é comum pensarmos apenas no ambiente. De facto, este tipo de alimentação tem um baixo impacto ambiental, protegendo e respeitando os ecossistemas e a biodiversidade. Mas não se resume a isso. Uma alimentação sustentável também é boa para a saúde, nutricionalmente equilibrada, acessível, segura e económica. Para além disso, deve respeitar as tradições e a cultura alimentar de cada região. Em suma, trata-se de uma alimentação que contribui não só para o bem-estar do planeta, mas também para o nosso – agora e no futuro. Um alimento sustentável é aquele que é produzido de forma a respeitar o ambiente e os animais. São alimentos produzidos localmente, na sua época natural e menos processados, gastando menos recursos – como água e energia. . Neste sentido, existem algumas estratégias que podemos adotar de forma a ter uma alimentação mais sustentável. . Escolher alimentos da época e apoiar a produção local A fruta e os hortícolas da época requerem menos recursos naturais na sua produção e, na maioria das vezes, são mais frescos, saborosos e económicos. Sempre que possível, optar por comprá-los a produtores locais contribui para a economia local, reduz a pegada ambiental associada ao transporte e ajuda a evitar o uso de embalagens desnecessárias. Quando não for viável recorrer à produção local, privilegiar alimentos cultivados em França continua a ser uma escolha mais sustentável. . Evitar o desperdício alimentar O desperdício alimentar é um dos maiores inimigos da sustentabilidade. No entanto, com pequenos gestos, todos podemos fazer a diferença. Planear as refeições da semana ajuda-nos a comprar apenas o necessário e aproveitar de forma mais eficiente os alimentos que já temos em casa. Sempre que possível, devemos ser criativos e transformar as sobras em novas refeições – legumes cozidos podem ser usados em sopas, talos de hortícolas podem enriquecer molhos, pão do dia anterior serve para crostas ou migas, e fruta madura é ótima para batidos ou gelados. Organizar o frigorífico e a despensa também faz a diferença: colocar à frente os produtos com datas de validade mais próximas ajuda a evitar que se estraguem. . Atualmente, ainda surgem alguns mitos associados à alimentação sustentável, nomeadamente: . A alimentação sustentável é mais cara Ao falar de alimentação sustentável, pensa-se que é necessário o consumo de produtos biológicos que, muitas vezes, têm um custo mais elevado associado. No entanto, tornar a alimentação mais sustentável pode passar apenas por fazer escolhas mais conscientes – reduzir o consumo de carne processada, preferir produtos locais e sazonais, e/ou evitar o desperdício alimentar. Segundo os dados de 2022 da Eurostat, cada português desperdiça, em média, 184 kg de alimentos por ano, o equivalente a 2,38 kg por semana. Este valor representa um gasto de cerca de 350,00 euros anuais por pessoa em alimentos que são desperdiçados. Isto significa que, reduzir o desperdício alimentar individualmente, é o primeiro passo para poupar dinheiro e, ao mesmo tempo, ajudar a poupar o nosso ambiente. . Uma alimentação sustentável é obrigatoriamente vegetariana ou vegana Embora a redução do consumo de produtos de origem animal possa diminuir o impacto ambiental, nem todos os alimentos de origem vegetal são sustentáveis. Produtos como a soja ou o abacate, quando produzidos de forma intensiva ou transportados por longas distâncias, também têm um peso ambiental significativo. O mais importante é adotar uma alimentação consciente, variada e equilibrada, com escolhas que valorizem a produção loca, os alimentos sazonais e a redução do desperdício. No fundo, não se trata de uma mudança radical, mas sim de pequenos gestos que, multiplicados por muitas pessoas, podem ter um grande impacto. Ter uma alimentação sustentável é cuidar da nossa saúde e da saúde do planeta. . Dra. Inês Chambel Nutricionista Hospital Lusíadas Amadora