Saúde: Como explicar a guerra às crianças


Dizer a verdade, sempre!

Ter em atenção para adequar o diálogo às idades das crianças, com linguagem simples, sempre que possível

Os pais devem ter a preocupação de explicar o que está a acontecer desde cedo, 4/5 anos, se já interagem com os pais ou familiares com questões, mesmo que não abordem este assunto em específico, é importante falar sobre o assunto.

Em mais tenras idades é fundamental explicar que os bombardeamentos, casas destruídas e tanques, não vão sair daquele país e deslocarem-se até chegar ao nosso. Muitas vezes têm esta ideia de que os tanques e explosões vão avançar até chegar ao nosso país uma vez que estão “aqui perto”.

Explicar sempre numa linguagem simples e direta e ter em atenção todas as dúvidas que tenham. Nunca deixar nenhuma questão por responder.

Uma vez que é primordial educar para a “não violência”, o registo tem de ser verdadeiro e natural. Explicar sempre que a violência jamais será a solução! Em todos os momentos e circunstâncias, por maiores que sejam os problemas, há sempre forma de solucionar sem recorrer à violência. Existem sempre outras formas de resolver os problemas.

Preparar a conversa

Transmitir calma e segurança. Deve ter uma comunicação verbal e não verbal, tranquila, sem exageros e que transmita segurança e proteção.

A melhor forma de preparar este tipo de conversa é estar devidamente informado de tudo o que se está a passar, bem como do contexto político e socioeconómico que envolve toda a situação, pois consoante a idade, a complexidade das perguntas vai aumentar, e aqui, não há margem para hesitações, é preciso ser claro e conciso no que se vai explicar. Caso não saiba alguma resposta, seja sincero e pesquisem juntos, para poder esclarecer melhor e não permitir que haja espaço para que fiquem dúvidas.

Tudo deve ser conversado para abafar um pouco os mal-entendidos ou desinformação que se vai instalando na conversa entre colegas.

Mais do que ter frases à mão, porque aqui soluciona facilmente com linguagem simples e acolhedora, consideraria mais importante dar espaço à criança para dizer o que está a sentir, validar as suas emoções e permitir que a criança coloque as suas dúvidas e que faça perguntas.

Limitar o acesso à informação/imagens

Sempre que possível não deve expor a criança ou jovem a informações ou imagens sobretudo após a hora de almoço. Caso aconteça, tire um pouco do seu tempo para estar com a criança ou jovem e esclarecer dúvidas que possam ter ficado de algo que tenha visto ou ouvido. Dê tempo à criança para se manifestar e expor o que a inquieta.

Lembre-se sempre que as crianças apercebem-se de tudo o que as rodeia e estão muito mais alerta do que por vezes imaginamos! No entanto, trata-se de um tema muito sensível que pode levar a insónias, mau estar físico ou psicológico e que merece toda a nossa atenção.

Tal como na educação do dia a dia, também no esclarecimento de temas sensíveis como este, mantenha sempre presente que o amor deve prevalecer em todas as situações das nossas vidas.

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Dra. Marta Martins

Psicóloga clínica

LusoJornal