Saúde: Convide os miúdos a ajudar na ceia de Natal_LusoJornal·Saúde·22 Dezembro, 2025 O Natal aproxima-se e, este ano, propomos algo diferente: organizar as tarefas de forma que todos possam participar, com um destaque especial para os mais pequenos. Que tal criar um Natal em que cada gesto seja um fio que une gerações e fortalece laços? Um Natal onde todos sintam, de facto, que juntos somos mais felizes. Com os aromas das filhós e da canela a espalhar-se pelo ar, podemos transformar a preparação da ceia num momento memorável. O Natal não se resume a presentes: é muito mais do que isso. É partilha, cuidado, atenção e, acima de tudo, a criação de memórias afetivas que ficam gravadas na nossa história familiar. Cada pequeno gesto, cada tarefa realizada, constrói emoções e vínculos que perduram. Para os mais crescidos, pais, avós, tios, a ceia de Natal pode tornar-se um verdadeiro ritual de família. Cozinhem não apenas pratos, mas gargalhadas, afeto e amizade. Ensinam aos vossos filhos, através da prática, a importância de cuidar dos outros, de colaborar e de criar redes de suporte que fortalecem a confiança e a autoestima. A participação das crianças no preparo da ceia é também uma lição de vida: desenvolvem cooperação, paciência e responsabilidade, e aprendem que cada esforço, por pequeno que pareça, tem impacto e valor. . Tarefas por idades Dos 3 aos 5 anos As mãos pequenas podem colocar guardanapos e talheres à mesa, escolher pequenas decorações, estrelas, pinheirinhos de papel, e trazer raminhos de pinheiro ou loureiro, “para cheirar o Natal”. São tarefas simples, mas que promovem sentido de pertença e segurança emocional. Dos 5 aos 10 anos Podem lavar e secar frutas ou legumes, misturar saladas, montar partes da mesa ou ajudar com pequenas luzes e velas (sempre com supervisão). Sentem-se importantes, competentes e parte da equipa familiar. Este envolvimento contribui para o desenvolvimento de habilidades sociais e coordenação motora fina. Dos 10 aos 15 anos Podem preparar entradas simples, colaborar no empratamento, organizar aperitivos e participar na limpeza e arrumação. Descascar, cortar e organizar ingredientes ensina que o Natal se faz também de gestos silenciosos, de cooperação e de responsabilidade partilhada, fortalecendo autoestima e empatia. Dos 15 aos 18 anos Já podem assumir papéis de liderança: orientar os mais novos, ajudar nos pratos quentes ou sobremesas, participar no planeamento da ementa e coordenar a arrumação final. Este tipo de envolvimento promove autonomia, capacidade de resolução de problemas e reforça o sentido de pertença à família. . Por que incluir as crianças? Convidar os mais novos a participar transforma a preparação da ceia num ritual afetivo e educativo. Além de aprenderem cooperação, responsabilidade e respeito pelo trabalho alheio, experienciam regulação emocional: pequenos desafios na cozinha, gerir a espera e ver os resultados do seu esforço ajudam a desenvolver paciência e autoconfiança. Ao mesmo tempo, libertam os adultos de parte do peso organizativo, tornando tudo mais leve e partilhado. A ceia ganha outro significado quando feita em conjunto. O riso na cozinha, a concentração ao pôr um copo, a pequena vitória de quem completa uma tarefa pela primeira vez, tudo isto cria memórias que se inscrevem na história familiar e no desenvolvimento emocional das crianças. . Dicas para quem coordena a ceia – Planeie com antecedência para que cada criança receba uma tarefa adequada à sua idade e segurança. – Supervisione com carinho: não se trata de perfeição, mas de presença e apoio emocional. – Valorize cada contributo, por pequeno que pareça, o elogio fortalece autoestima e vínculos afetivos. – Mantenha leveza e música na cozinha: risos, conversas e partilhas reforçam laços e criam um ambiente seguro e positivo. – Registem o momento: fotos, desenhos, receitas, a tradição cresce quando é lembrada e transmitida. . No final, a mesa de Natal deixa de ser apenas um conjunto de pratos; torna-se o resultado vivo de mãos diferentes que trabalharam juntas. Uma celebração onde todos tiveram lugar, onde cada gesto acrescentou calor, aprendizagem e afeto, e onde a família reconhece, mais uma vez, que o verdadeiro espírito natalício nasce do encontro, do cuidado partilhado e das memórias que criamos juntos. . Dra. Isabel Henriques Psicóloga clínica Diretora Clínica da Mental Health Clinic Isabel Henriques (MHCIH)