Saúde: Demência Fronto-Temporal

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O famoso ator Bruce Willis foi diagnosticado com Demência Fronto-Temporal (DFT), uma doença degenerativa que não tem cura.

A demência é uma diminuição grave da função mental, que afeta várias áreas da cognição (a memória, o pensamento, o juízo e a capacidade para aprender). O início da doença é sempre lento e subtil, os sintomas vão-se instalando de modo que, por algum tempo, muitas pessoas continuam a desfrutar muito do que costumavam desfrutar antes de desenvolver a doença.

Habitualmente, Demência e Demência de Alzheimer são interpretados como sinónimos. Não podíamos estar mais longe da verdade – a demência é uma classe de doenças com mais de 50 tipos diferentes, incluindo a Demência Fronto-Temporal.

Apesar de menos comum, afeta várias pessoas no mundo inteiro, estando entre as quatro demências mais comuns e sendo uma das causas mais comuns de Demência de início em idades mais jovens.

A DFT é uma doença que afeta o cérebro e pode mudar a forma como as pessoas agem e comunicam. Pode afetar a personalidade, a linguagem e a capacidade de planear e tomar decisões. A memória está habitualmente preservada no momento inicial.

Os doentes chegam à consulta de Psiquiatria com os familiares que se queixam: falam sobre coisas inapropriadas em público “o meu pai nunca diria isto”, têm comportamentos em que ignoram as regras sociais, tornam-se “frios e insensíveis”, alimentam-se compulsivamente. São notadas alterações da fala na consulta “Eu quero o… o… o… aquilo que se usa para escrever” (há repetição de palavras e há dificuldade em encontrar a palavra certa). Quando encontra a palavra, o doente usa a palavra lápis em vez de caneta ou “canapé” em vez de caneta, confundindo palavras e sons. Estas alterações na linguagem podem tornar a comunicação difícil tanto para a pessoa com DFT quanto para os seus cuidadores e familiares.

Os sintomas tendem a agravar progressivamente até à dependência total de terceiros para qualquer atividade.

A DFT afeta geralmente pessoas entre os 45 e os 65 anos de idade (uma idade jovem), sendo tão comum em homens como em mulheres. Apesar de poder haver uma predisposição genética, existem casos que ocorrem esporadicamente. Os fatores de risco ainda são mal conhecidos.

Na Psicogeriatria, damos habitualmente relevo a uma perspetiva funcional que se sobrepõe muitas vezes a uma perspetiva nosológica, privilegiando a reabilitação e a manutenção da qualidade de vida. A DFT não é exceção.

Infelizmente, ainda não há uma cura para a DFT, mas existem tratamentos que podem ajudar a aliviar alguns dos sintomas e melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com a doença.

O tratamento pode incluir medicamentos para controlar os sintomas comportamentais e psicológicos bem como terapia ocupacional, terapia da fala ou estimulação cognitiva para ajudar a manter as capacidades cognitivas e da linguagem.

E não nos podemos nunca esquecer – o acompanhamento da família é essencial.

Dra. Maria Moreno

Médica psiquiatra

Fisiogaspar



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