Saúde: Evolução tecnológica em Cirurgia plástica


O ritmo de evolução das tecnologias tem sido algo verdadeiramente fascinante nas várias áreas das Ciências, sendo que a saúde não é exceção.

Hoje em dia, damos como adquiridos alguns conceitos e algumas facilidades que há poucos anos não existiam, e que podemos analisar rapidamente numa simples consulta de rotina: desde a potencial marcação de consulta por computador ou telemóvel; à utilização do computador para realização de consulta e de todos os registos; à requisição de exames complementares de diagnóstico com uma sensibilidade e especificidade de diagnóstico crescente – como a Tomografia computorizada (popularmente TC) ou a Ressonância Magnética; à receção destes mesmos exames via digital ou à receção de medicamentos no telemóvel.

Na área da Saúde, a Cirurgia teve uma evolução estonteante.

Hoje, é possível realizar por rotina, e com segurança, cirurgias que há 30 anos eram verdadeiras proezas humanas. A melhoria dos cuidados anestésicos, a evolução dos fármacos e o aparecimento do eletrocauterio (conhecido como bisturi elétrico), permitem agora a realização de cirurgias com perdas de sangue mínimas e com uma grande segurança por melhoria na visibilidade.

A Cirurgia Plástica está na vanguarda desta evolução.

O conhecimento é, agora, global. E as vantagens para os pacientes são mais do que evidentes. Numa azáfama diária, é possível realizar consultas em Lisboa de manhã, operar pacientes durante a tarde e reunir via videochamada com uma equipa multidisciplinar que se encontra na Alemanha ou na Suíça no período da noite.

O trabalho em conjunto com equipa de engenheiros biomédicos, designers e responsáveis por biomateriais permite a realização dos implantes “custom-made”.

Estas reuniões, que realizo de forma frequente, são fundamentais, pois permitem realizar um planeamento computorizado 3D – de uma forma simplista, conseguimos avaliar qualquer paciente cirúrgico em computador, e perceber qual a zona a abordar – quer seja uma reconstrução de uma mandíbula por tumor ou uma reconstrução da mama ou tórax por qualquer outra patologia. A partir daqui, e com grande precisão, conseguimos perceber qual o defeito que temos ou que vamos ter durante a cirurgia e realizar implantes feitos à medida para aquele paciente. Ainda que a única desvantagem atual seja o custo deste planeamento e destes implantes, as vantagens são óbvias – uma melhor preparação cirúrgica, materiais feitos à medida com encaixe perfeito, com resultados funcionais e estéticos superiores associados a tempos operatórios reduzidos.

A arte em Cirurgia Plástica está presente em todas as cirurgias. E ainda que os resultados sejam sempre dependentes da sensibilidade e criatividade do cirurgião, a associação das tecnologias trouxe uma previsibilidade e melhoria que veio para ficar.

Necessitamos de ritmo para acompanhar esta evolução, mas tenho a expectativa e a esperança que em breve esta evolução tecnológica estará associada à grande maioria das reconstruções – já realizadas nos principais Centros Hospitalares diferenciados.

No entretanto, vamos caminhando e evoluindo, sendo que, para mim, há poucas sensações que ultrapassem a de dever cumprido, após conseguirmos ajudar um paciente com alguma reconstrução complexa.

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Dr. Rúben Malcata Nogueira

Especialista em Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética

LusoJornal