Saúde: Não reprima as emoções durante muito tempo_LusoJornal·Saúde·27 Dezembro, 2024 Num mundo em que a produtividade e o bem-estar parecem ser as bandeiras mais desejadas, é comum ignorarmos ou reprimirmos emoções que consideramos “incómodas”. Tristeza, raiva, medo ou até mesmo frustração acabam, muitas vezes, por ser guardadas no fundo do nosso íntimo, como se, ao escondê-las, estas deixassem de existir. No entanto, o que muitos desconhecem é que reprimir emoções durante muito tempo pode ter consequências sérias – tanto para a nossa saúde mental como física. Reprimir emoções é, essencialmente, negar a nós próprios a oportunidade de processar o que sentimos. Estas emoções acumulam-se, como uma panela de pressão que nunca é libertada. Com o tempo, este mecanismo de defesa pode transformar-se numa bomba-relógio, originando perturbações emocionais e até físicas. Quando ignoramos as nossas emoções, estamos a enviar ao nosso cérebro uma mensagem de que aquilo que sentimos não é importante. Este padrão pode criar uma sensação de desconexão connosco próprios, levando ao aparecimento de perturbações como a ansiedade ou a depressão. Sentimentos reprimidos não desaparecem; pelo contrário, tornam-se cada vez mais pesados, dificultando a capacidade de lidar com eles no futuro. Fisicamente, o impacto também é significativo. O corpo reflete o estado emocional, e sentimentos reprimidos podem traduzir-se em dores de cabeça, tensão muscular, problemas digestivos ou até condições mais graves. Não é por acaso que tantas pessoas dizem sentir um peso no peito ou um nó no estômago em momentos de grande stress emocional. Nas relações interpessoais, reprimir emoções pode dificultar a comunicação e criar barreiras. Quando não expressamos o que sentimos, acabamos por evitar momentos de vulnerabilidade, essenciais para a construção de laços profundos e saudáveis. Então, como evitar estas consequências? A resposta passa por aprender a reconhecer e a lidar com as nossas emoções de forma saudável. Se sente que tem guardado as suas emoções durante muito tempo, lembre-se: pedir ajuda é um ato de coragem. Validar aquilo que sente é o primeiro passo para criar uma vida mais leve e feliz. Afinal, as emoções fazem parte de quem somos, e ouvi-las é um gesto de autocuidado essencial. . Dr. Pedro Brás Psicoterapeuta Diretor da Clínica da Mente, Braga, Porto, Coimbra e Lisboa