Saúde: Pneumonia em Portugal – Fatores de risco_LusoJornal·Saúde·28 Novembro, 2025 A pneumonia é uma das principais causas de mortalidade em Portugal, especialmente entre idosos, mas diversos fatores além do envelhecimento contribuem para o seu impacto. A elevada taxa de mortalidade por pneumonia em Portugal não está relacionada apenas ao envelhecimento populacional. Outros fatores como comorbilidades (doenças crónicas como doença respiratória crónica, insuficiência renal, cancro, doenças cardíacas e demência), condições socioeconómicas desfavoráveis, desigualdades no acesso a cuidados de saúde e as baixas temperaturas no inverno também aumentam o risco de morte. Grupos de risco incluem idosos (65 anos), residentes em lares, pessoas com doenças crónicas, imunodeprimidos e crianças com idade inferior a dois anos. Os principais sintomas são tosse, febre, dor torácica, falta de ar, fadiga e perda de apetite. Em idosos e crianças, sintomas atípicos como confusão, dor abdominal ou ausência de febre podem ocorrer. A pneumonia pode ser consequência de uma gripe ou constipação mal curada, pois infeções virais como a gripe facilitam infeções bacterianas secundárias. A doença é contagiosa, principalmente quando causada por vírus ou bactérias transmitidas por gotículas respiratórias. . Internamento, Tratamento e Persistência dos Sintomas Apesar da evolução científica, muitos doentes ainda necessitam de internamento prolongado, especialmente os mais idosos ou com comorbilidades. Em casos leves, o tratamento domiciliário inclui repouso, hidratação, antibióticos mediante prescrição médica e monitorização dos sintomas. A Tosse e o cansaço podem persistir por várias semanas após o tratamento. Medidas preventivas incluem vacinação contra gripe e pneumonia (pneumococo), higiene das mãos, evitar tabaco, manter boa saúde oral e evitar aglomerados populacionais em locais fechados no inverno. A vacinação é eficaz na redução de casos graves e mortalidade, especialmente em idosos e grupos de risco. A Pneumonia pode deixar sequelas pulmonares, principalmente em casos graves ou com complicações e, por isso, o exercício físico deve ser retomado de forma gradual, geralmente após recuperação total, variando de semanas a meses. . Cuidados no Inverno e Imunidade No inverno e em locais fechados, deve-se ventilar ambientes, evitar contato com doentes e reforçar a vacinação. Para fortalecer a “imunidade pulmonar”, recomenda-se alimentação equilibrada, atividade física regular, cessação tabágica e tratamento de todas as doenças crónicas subjacentes. Recentemente surgiram avanços como a imunoterapia bacteriana especifica que permite estimular o sistema imunitário no combate às infeções respiratórias. Em suma, a pneumonia é uma doença multifatorial, com risco aumentado de mortalidade pela idade, comorbilidades e fatores sociais. A prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado são essenciais para reduzir a mortalidade e as complicações associadas. Vacinação e hábitos saudáveis são as principais estratégias de proteção. . Pneumonia em Portugal A pneumonia continua a ser uma das principais causas de morte por infeção respiratória em Portugal. Embora o envelhecimento da população tenha um peso significativo, não é o único fator que explica a elevada mortalidade. Fatores como doenças crónicas mal controladas, diagnóstico tardio, atraso na procura de cuidados médicos, tabagismo, poluição, baixa taxa de vacinação, condições socioeconómicas desfavoráveis e desigualdades no acesso a cuidados de saúde influenciam fortemente a taxa de mortalidade. Algumas pessoas têm maior probabilidade de desenvolver pneumonia ou formas mais graves da doença: – Idosos, sobretudo acima dos 65 anos – Crianças pequenas – Pessoas com doenças crónicas: cardíacas, pulmonares, diabetes, doença renal ou hepática – Doentes imunodeprimidos (por doenças ou medicamentos imunossupressores) – Fumadores – Alcoolismo e desnutrição – Doentes acamados ou com dificuldades na deglutição . Principais sintomas Os sintomas variam de acordo com a gravidade da doença, mas os mais frequentes são: – Febre alta ou persistente – Tosse (seca ou com expetoração) – Dores no peito, sobretudo ao respirar – Falta de ar – Cansaço extremo – Calafrios – Confusão, sobretudo nos idosos . Quando surge Uma gripe ou infeção viral mal controlada pode fragilizar as defesas respiratórias, abrindo caminho para uma pneumonia viral ou bacteriana. Por isso, sintomas que persistem além do esperado devem exigir uma avaliação medica especializada. . Contágio A pneumonia em si não é sempre contagiosa, mas os microrganismos que a causam podem ser (vírus e bactérias). A transmissão ocorre sobretudo através de gotículas respiratórias por contacto direto ou com superfícies contaminadas. Dependendo da gravidade da doença, da idade e das doenças associadas os períodos de internamento podem ser variáveis. Nos casos graves, sobretudo em idosos ou doentes crónicos, o internamento pode ser prolongado. No entanto, uma percentagem significativa de casos é tratada em ambulatório, em casa. . Vacinação contra a gripe e pneumonia A vacinação permite reduzir a probabilidade de pneumonia bacteriana por pneumococo, diminuir a gravidade e complicações da gripe (que muitas vezes precede quadros de pneumonia) e, por isso, é especialmente recomendada para idosos, doentes crónicos, grávidas e profissionais de saúde. Em alguns casos, pode deixar sequelas nos pulmões – sobretudo em pneumonias graves, prolongadas ou em pessoas com doença pulmonar prévia. Fibrose pulmonar, redução da capacidade respiratória e maior sensibilidade a infeções futuras são as principais sequelas. No entanto, a maioria dos doentes recupera sem lesões permanentes. . Cuidados no inverno e em locais fechados – Ventilar os espaços regularmente – Humidificar ambientes muito secos – Evitar aglomerados populacionais – Proteger do frio (sobretudo boca e nariz) – Não permanecer em locais com fumo ou poeiras – Reforçar higiene das mãos . Embora não exista um “fortalecimento” específico dos pulmões, o exercício físico regular, uma alimentação rica em frutas, legumes e antioxidantes, uma boa hidratação, um sono adequado, a evicção de tabaco e poluição sempre que possível, a vacinação e a prática de exercícios respiratórios ou fisioterapia respiratória quando recomendada permitem fortalecer o sistema imunitário no combate a infeções respiratórias. Recentemente surgiram avanços, como a imunoterapia bacteriana especifica, que permite estimular o sistema imunitário no combate a estas infeções. . Dr. José Coutinho Costa Pneumologista Sociedade Portuguesa de Pneumologia