Saúde: Rinoplastia em análise: um olhar sobre as fases do processo


Uma decisão crucial a tomar quando se opta pela realização de uma rinoplastia, ou rinosseptoplastia, diz respeito à escolha do cirurgião, que deverá, antes de mais, merecer a confiança do paciente. Nunca será demais lembrar a complexidade das estruturas morfológicas e funcionais do nariz, pelo que a intervenção deverá ficar a cargo de um especialista credenciado.

O processo inicia-se com o preenchimento de um documento onde o paciente inscreve todo o seu historial clínico até à atualidade, de forma a que o mesmo tenha consciência do seu estado de saúde, permitindo recolher informação que possibilitará ao cirurgião munir-se de dados que facilitam o diálogo e tornam a consulta mais eficaz e direcionada.

Uma etapa importante é a fotodocumentação do paciente, que consiste no registo fotográfico da sua situação atual e permite tomar decisões conducentes ao planeamento da intervenção, bem como acompanhar o progresso, visualizando o “antes” e “depois” no período pós-cirúrgico. Constitui, assim, uma ferramenta importante para apoio técnico.

A simulação 3D, recorrendo a tecnologia avançada de modelação tridimensional, possibilita ao paciente, em tempo real, ter a imagem aproximada do resultado a obter com a cirurgia, permitindo que explore diferentes opções estéticas e visualize alterações possíveis a partir da situação atual. Aplica-se aqui a proverbial expressão: “uma imagem vale mais do que mil palavras”… Contudo, apesar das potencialidades da simulação 3D, temos de ter em conta que são baseadas em modelos digitais e podem não captar cabalmente todos os traços da anatomia do rosto.

Características como a estrutura óssea e a qualidade da pele, por exemplo, podem influenciar o resultado final da cirurgia. Daqui decorre que, apesar de ser uma ferramenta muito útil, não substitui a experiência do cirurgião nem a sua avaliação crítica.

Sempre da maior importância é a consulta médica, para validação da informação clínica já recolhida, completada com a anamnese realizada pelo especialista e com a realização do exame objetivo do paciente. Nesta fase, auscultam-se as expectativas estéticas e funcionais do doente, bem como as suas queixas em ambas as dimensões, se aplicável, discute-se a simulação 3D, analisa-se o seu tipo de pele e propõe-se a abordagem cirúrgica (aberta ou fechada), de acordo com a situação particular.

É também na consulta que se expõe a eventual necessidade de utilização de enxertos cartilagíneos obtidos a partir da cartilagem autóloga da orelha ou da costela, bem como a necessidade de recorrer ao uso de prótese de silicone (frequente em caso de narizes étnicos). Naturalmente, prestam-se os esclarecimentos necessários sobre as técnicas usadas, anestesia, tempo de recuperação, processo de cicatrização, eventuais riscos associados ou qualquer questão colocada pelo paciente, a fim de que a sua decisão seja informada e tomada com serenidade.

Finalmente, o cirurgião solicita TAC de seios perinasais e exames pré-anestésicos, de acordo com a faixa etária e as patologias associadas do paciente.

Feito metodicamente este percurso e analisados todos os dados decorrentes dos exames pedidos, estaremos preparados para a concretização da cirurgia.

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Dr. Filipe Magalhães Ramos

Otorrinolaringologista

Diretor das clínicas de cirurgia plástica FMR