Saúde: Sabe o que é vigorexia?_LusoJornal·Saúde·26 Junho, 2024 A vigorexia, também conhecida como transtorno dismórfico muscular ou dismorfia corporal, é diagnosticada principalmente através de uma avaliação clínica conduzida por um profissional de saúde (psicólogo ou psiquiatra). O diagnóstico envolve uma avaliação detalhada, onde são observados os padrões de comportamento e pensamento relacionados com o exercício físico e com a imagem corporal da pessoa. O profissional de saúde tenta identificar preocupações excessivas relacionada com o tamanho e a definição muscular, além de comportamentos compulsivos, como a necessidade de passar várias horas a fazer exercício, uso de esteroides anabolizantes e dietas extremamente restritivas. Além da avaliação, são também utilizados questionários e escalas específicas para avaliar a presença e a intensidade desses sintomas. Estas avaliações têm também em conta o impacto na vida diária da pessoa, como os problemas nos relacionamentos interpessoais, no trabalho e outras áreas importantes da vida. A vigorexia, embora não seja um transtorno recentemente descoberto, tem ganho mais visibilidade nas últimas décadas devido a algumas alterações socioculturais, nomeadamente com o aumento da cultura do corpo e da valorização dos aspetos relacionados com o mesmo. O crescimento das redes sociais e a exposição constante em termos publicitários a imagens de corpos “perfeitos” têm contribuído para uma pressão sobre as pessoas para atingir padrões estéticos muitas vezes irreais. Essa pressão pode desencadear comportamentos obsessivos relacionados com o exercício físico e a musculação, tornando a vigorexia mais percetível nos ambientes de ginásio e health clubs. A vigorexia começou a ser reconhecida nos anos 90, quando o psicólogo norte-americano Harrison G. Pope e seus colegas realizaram estudos sobre a crescente obsessão com a musculação entre homens. Esses estudos revelaram uma preocupação excessiva com a aparência muscular e comportamentos compulsivos sobre o exercício físico. A popularização nessa década da cultura do fitness e a crescente valorização de corpos extremamente musculados bem como a influência dos meios sociais contribuíram para o aparecimento e a identificação desse transtorno, refletindo mudanças socioculturais sobre a imagem corporal. A linha que separa uma pessoa que se preocupa em cuidar do corpo de alguém obcecado com a ideia de ter um corpo musculado está principalmente na intensidade e na natureza dos comportamentos e pensamentos. Uma pessoa saudável pode ter uma rotina de exercícios regular e seguir uma dieta equilibrada, visando o bem-estar geral e a manutenção da saúde. Essa pessoa consegue equilibrar outras áreas de sua vida, como trabalho, relações pessoais e lazer, sem que a busca pelo corpo ideal interfira de maneira negativa. Ela também tem uma perceção realista de seu corpo e não sente uma pressão constante para alcançar padrões musculares irreais. Por outro lado, alguém com vigorexia apresenta uma preocupação excessiva e distorcida com o tamanho e a definição dos seus músculos, levando a comportamentos compulsivos e prejudiciais. Essa pessoa passa horas no ginásio, segue dietas extremamente restritivas, usa muitas vezes substâncias anabolizantes e acaba por negligenciar outras áreas importantes de sua vida. Além disso, a autoimagem é frequentemente distorcida, com uma perceção de que nunca são musculados o suficiente, independentemente dos progressos reais. Essa obsessão pode causar stress, ansiedade e problemas de saúde física e mental, evidenciando a diferença entre um cuidado saudável do corpo e uma obsessão patológica. Uma pessoa que sofre de vigorexia apresenta um comportamento obsessivo e compulsivo com o trabalho muscular e a definição muscular, passando várias horas a fazer exercício físico e a seguir dietas extremamente rigorosas. Chegando muitas vezes a tomar esteroides e suplementação de forma compulsiva, mesmo conhecendo os riscos à saúde. Além disso, a pessoa continua a ter a perceção distorcida de seu corpo, acreditando nunca estar suficientemente musculada, independentemente dos progressos reais. O perfil das pessoas com vigorexia geralmente inclui indivíduos, predominantemente homens jovens, sem bem que neste momento também já começa a haver muitas mulheres com esta obsessão, e normalmente são pessoas com um forte envolvimento em atividades como a musculação e o culturismo. Essas pessoas tendem a ser extremamente autocríticas em relação à sua aparência física e têm a obsessão em atingir um corpo ideal. Passam frequentemente grande parte do seu dia a treinar, seguem dietas rigorosas e muitas vezes chegam mesmo a recorrer ao uso de substâncias anabolizantes. Esse tipo de perfil como já falamos normalmente inclui pessoas com baixa autoestima e uma perceção distorcida de seu corpo, influenciadas pela pressão social e pelas imagens de corpos perfeitos promovidas pela sociedade atual. O exagero muscular decorrente da vigorexia pode levar a diversas consequências graves para o organismo, como diversas lesões músculo-esqueléticas normalmente devido ao excesso de treino e pesos extremos. O uso frequente de substâncias anabolizantes pode também causar complicações e danos no fígado, hipertensão, doenças cardíacas, e alterações hormonais que podem resultar em infertilidade e impotência. Além disso, problemas hormonais como a redução da produção natural de testosterona, acne severo, calvície precoce, e desequilíbrios eletrolíticos também são muito comuns. Essas condições podem comprometer seriamente a saúde física e mental da pessoa. . Dr. Hugo Pombo Fisiologista do exercício Cordenador do Private Gym by Fisiogaspar