Secção Portuguesa do Liceu Internacional de Saint-Germain-en-Laye: Um dos baluartes do ensino do português em França celebra 50 anos de existência

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Na colina de Hennemont, no departamento das Yvelines, ergue-se uma das mais importantes e cosmopolitas instituições educativas de França, o Liceu Internacional de Saint-Germain-en-Laye. Composta por 14 Secções internacionais e 4.265 alunos, esta escola singular, pequena Babel do noroeste parisiense, celebra este ano um marco importante: os 50 anos de existência da Secção Portuguesa. Uma efeméride que será marcada pela publicação de um livro com testemunhos de alunos, pais e professores.

A cerimónia comemorativa teve lugar na passada sexta-feira, dia 14 de abril, no campus do Liceu Internacional. Um evento que juntou uma multidão de professores, pais e alunos, muitos deles encarnando o papel de figuras marcantes da cultura lusófona. Quem não viu um tal Fernando Pessoa a deambular por entre os convivas?

Aparecida em setembro de 1973, nas vésperas da Revolução dos Cravos, a Secção Portuguesa – embora seja a bandeira de Portugal que, juntamente com outras treze, está hasteada à entrada do campus principal – vai muito além do território europeu onde se fala português. A Secção portuguesa é um verdadeiro microcosmos do mundo lusófono e não só. Os mais de quatrocentos alunos da Secção são maioritariamente de origem portuguesa ou brasileira, mas também angolana ou cabo-verdiana, uns nascidos em França, outros nos respetivos países ou países terceiros. Muitos dos alunos são filhos de casais mistos, aumentando assim a amplitude geográfica e cultural da Secção portuguesa que vai desde a Lituânia à Argentina.

O ensino da Secção Portuguesa é público, totalmente gratuito, tal como o da Secção espanhola, por exemplo, contrastando com a componente privada de Secções como a britânica ou americana. Este elemento é fulcral para a filosofia da Secção Portuguesa que, nas palavras do seu Diretor, José Carlos Janela, “tanto pode acolher os netos do Presidente da Républica, desde que passem os exames, como os filhos de outra família qualquer”. Assim, à grande amplitude geográfica e cultural já mencionada junta-se a transversalidade socioeconómica, características que fazem da Secção Portuguesa o espelho perfeito do mundo e da sociedade lusófonos.

Fundada, em 1952, como estabelecimento escolar ligado à NATO (OTAN), há muito que o Liceu Internacional perdeu essa faceta, sendo hoje uma escola aberta ao mundo e à diversidade cultural. Os seus alunos frequentam corredores que são o ponto de encontro de 53 nacionalidades e berço de amizades multiculturais alicerçadas no respeito mútuo. A polifonia de línguas que atravessam os ares levarão o visitante a efetuar uma autêntica travessia planetária imune a conflitos por hegemonias geopolíticas ou a tensões diplomáticas. Chinês, alemão, russo, polaco, neerlandês, sueco, japonês, italiano, norueguês, dinamarquês. Inglês, espanhol e português com sotaques africanos ou americanos… São treze as línguas das quatorze Secções às quais se acrescentam muitas outras. Um letão a frequentar a Secção Portuguesa, um húngaro na Secção Alemã, um indiano na Secção Britânica ou, imagine-se, um ucraniano na Secção Russa, são considerados eventos normais e salutares.

“O nosso programa fundamental assenta em três pilares”, afirma José Carlos Janela. “Democratizar, devido à sua natureza de Secção pública, independente do estatuto social ou dos rendimentos das famílias dos alunos; Descolonizar, libertando o ensino de quaisquer estereótipos ou preconceitos em relação a si próprio ou aos outros, e acolhendo todos os lusófonos e lusófilos da Europa até Timor, Oceânia, passando por África e América do Sul; e Desenvolver, tanto numericamente, a Secção passou de quarenta alunos em 1973 para mais de quatrocentos hoje, como a nível pessoal. Abrirmo-nos aos outros, conhecê-los, compreendê-los, agir em conjunto para o bem comum, é basilar”.

Marcaram presença na cerimónia de celebração dos cinquenta anos da fundação da Secção Portuguesa do Liceu Internacional de Saint-Germain-en Laye, o Embaixador de Portugal em França, José Augusto Duarte, e o Cônsul-Geral Adjunto de Portugal em Paris, Filipe Ortigão, que disse, em declarações ao LusoJornal, ter sido “uma merecida homenagem à mais antiga e bem sucedida Secção Portuguesa em França”, acrescentando, depois de saudar os alunos, pais e professores, “um agradecimento especial” ao professor José Carlos Janela, Diretor da Secção desde 2012, “por ser uma das grandes referências do ensino do português em França”.

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LusoJornal