Lusa | João Relvas

Secções do PS no estrangeiro acusam “arrogância” de Pedro Nuno Santos

Um grupo de militantes socialistas representando várias Secções espalhadas pelo mundo vieram a público esta manhã para denunciar “a sua profunda desilusão face ao tratamento que têm recebido da atual Direção do PS” e dizem que Pedro Nuno Santos não responde a uma “carta aberta promovida pelas Comunidades portuguesas”. Por isso, “as Secções sentem-se defraudadas pela falta de diálogo e pela postura de arrogância demonstrada pela liderança atual”.

“Apesar do compromisso partilhado com os valores e princípios do Partido, as Secções têm enfrentado um contínuo desprezo pelas suas opiniões e contributos” diz o documento enviado ao LusoJornal. “A ausência de uma resposta à referida carta, enviada recentemente ao Secretário-Geral, só vem reforçar o sentimento de abandono que estas Secções têm vivenciado. A carta destacava, entre outras preocupações, a postura autoritária do Secretário-Coordenador da organização e o incumprimento das decisões do último Congresso do PS, nomeadamente a falta de análise das Moções setoriais aprovadas em plenário”.

Das 45 Moções apresentadas no último Congresso socialista, uma delas – “Para que os Portugueses nas Comunidades sejam integrados por inteiro” – “reflete as inquietações das Secções espalhadas pela Europa e pelo mundo, que se sentem desconsideradas e excluídas dos processos de decisão”.

“Esta Moção destaca a importância das Comunidades portuguesas no estrangeiro para o fortalecimento da identidade nacional e do desenvolvimento económico de Portugal. Propõe medidas concretas para garantir que essas Comunidades sejam devidamente representadas e ouvidas no seio do Partido Socialista, incluindo a nomeação de representantes na Comissão Nacional e a criação de um Secretário Internacional para as Comunidades. Além disso, apela à implementação progressiva do voto eletrónico e à modernização dos processos eleitorais, de modo a assegurar a plena participação cívica de todos os Portugueses, independentemente da sua localização geográfica” diz a nota assinada, entre outros, por Isabel Barradas, Coordenadora da Secção de Bordeaux e Hugo Lapinha, Secretário Adjunto da Secção de Metz.

A Moção apresentada em Congresso também defende “a desmaterialização dos cadernos eleitorais, a simplificação dos processos consulares, e o fortalecimento da promoção da língua portuguesa, nomeadamente através de acesso gratuito a formações. A Moção visa reforçar os laços entre Portugal e os Portugueses no estrangeiro, promovendo uma democracia mais inclusiva e uma representação mais justa dessas Comunidades nos órgãos do Partido e do país”.

O grupo de socialistas que agora vem a público, afirma que o facto de não ter sido ainda internamente debatida uma Moção do Congresso “é um desrespeito pelos estatutos do Partido por parte da Direção, nomeadamente do Presidente Carlos César, põe em causa a credibilidade do PS como força progressista e defensora dos valores democráticos e inclusivos”.

O texto é assinado ainda por Vitor Moutinho (Secção de Macau), Nelson Rodrigues (Secção de Münster, Alemanha), Daniel de Oliveira Soares (Secção de Bremerhaven, Alemanha), João Marciano Reis (Secção do Rio de Janeiro, Brasil), Alcino Francisco (Secção de Londres, Reino Unido), Diogo Simão Costa (Secção de Londres, Reino Unido) e Carlos Ramos (Secção de Neuchatel, Suíça).

“Apelamos à Direção do Partido Socialista que restabeleça urgentemente um canal de diálogo aberto e transparente com todas as suas Secções, garantindo que os membros do Partido, independentemente da sua localização geográfica, sejam respeitados e ouvidos” dizem na nota enviada ao LusoJornal. “A pluralidade de opiniões e a coesão interna são essenciais para que o PS possa continuar a ser uma força de mudança e progresso. Esperamos que este apelo seja levado em consideração e que, finalmente, se retomem os princípios de participação democrática que sempre guiaram o nosso Partido”.

LusoJornal