“Soldat Inconnu”: Romance de Carlos K. Debrito dá a conhecer a participação portuguesa na Grande Guerra

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“Soldat Inconnu” é o título do último romance publicado por Carlos K. Debrito, publicado em língua francesa nas edições L’Harmattan, e aborda a participação portuguesa na I Guerra mundial de 1914-1918, através da personagem de Jean-Paul Pinheiro.

Jean-Paul Pinheiro é um jovem jornalista franco-português e parisiense. O pai veio para França nos anos 60, fugindo à Guerra colonial e à ditadura de Salazar, casou com uma Normande e está enterrado em Fécamp. O funeral do pai, que morreu há poucos meses, com 62 anos de idade, vítima de um enfarte, levou o jovem jornalista até ao Cemitério militar português de Richebourg-l’Avoué onde está enterrado o bisavó João Paulo Ribeiro.

E é este trio que constitui o enredo do romance, com uma dança, por vezes frenética, entre estas três personagens. O bisavô, de Braga, licenciado em direito, mobilisado para o Corpo Expedicionário Português (CEP) com apenas 25 anos de idade, casado de fresco e deixando a mulher grávida; o pai, inconformado com a ditadura, com o destino certo de uma mobilização para a Guerra colonial e com a miséria do país, acabou por emigrar a salto para França; e o protagonista do romance, o jovem jornalista que consegiu motivar a namorada, Mireille, a fazer um doutoramento sobre a participação portuguesa na I Guerra mundial.

Apagada ficou a figura do avô, filho de João Paulo Ribeiro, que o soldado nunca conheceu, mas que sem ele, Jean-Paul Ribeiro não existiria. O avô conformou-se com o Estado Novo e não compreendeu a revolta do filho que emigrou para França. Veio ao funeral, a Fécamp, mas não mostrou interesse em visitar a campa do pai, em Richebourg.

Este é um romance que dá a conhecer a participação portuguesa na Grande Guerra, que passa muitas vezes despercebido nos manuais e nos livros de história. O autor dá detalhes dessa participação, explica o contexto e, mesmo se superficialmente, o leitor toma conhecimento desta realidade.

Mesmo se o romance tem base histórica, aborda também as paixões sentimentais do bisavô – que quando regressou de Coimbra, tudo estava preparado para casar com Josefina – e do bisneto – que embora absorvido pela história familiar, partilha a vida com Mireille.

Carlos K. Debrito também nasceu em Braga, onde situou uma parte deste romance, mas vive em Paris onde é médico, psiquiatra honorário.

Esta não é a primeira obra do autor. Em 2008 publicou o romance “Retour à Lisbonne”, em 2012 publicou a novela “Un sitacioniste à Lisbonne et autres histoires”, seguiu-se a novela “Somnambule” em 2015 e o ensaio “Écrire. Admittatur et imprimatur” em 2017, sempre nas Editions L’Harmattan, em Paris e todos em francês.

Mas Carlos K. Debrito editou também três ensaios em língua portuguesa: “Historiografia maliciosa e crítica da miséria em Portugal” em 1983, “Marx, um elogio crítico” em 1985 e “D’o gosto e d’o jeito” em 1988, todos editados pela Antígona, em Lisboa.

 

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LusoJornal