Teatro: “E que tu te portes bien…” levou cartas de amor da Guerra colonial para o palco de Feyzin


No passado dia 27 de abril, no Teatro municipal Rex, em Feyzin (69), na metrópole de Lyon, foi apresentado o espetáculo “E que tu te portes bien…” criado pela Radio Dragon.

O espetáculo leva-nos a descobrir “aerogramas” trocados entre “madrinhas de guerra” e namorados que estavam no Ultramar durante a Guerra colonial portuguesa nas décadas de 60 e 70, e mesmo após o 25 de Abril.

A peça surgiu após a descoberta, por mero acaso, de inúmeras cartas num caixote de lixo, em 2009, numa rua de Lisboa, e os autores desta criação levaram esta história real até ao palco. A história real de um casal de apaixonados no final dos anos 60.

A interpretação é de Anne de Beauvoir no papel da noiva Olívia, a documentarista é Léa Pomaja, na voz-off temos Hugo Vitorino, com o papel do noivo, e o espetáculo cativou o público. Para muitos foi uma descoberta interessante desta fase da história de Portugal. A encenação é de Léa Promaja e o guarda-roupa de Gerya Prentice. Os arranjos técnicos são de Audran Mollard.

“Tenho de agradecer aos arquivos da RTP e a todos os que leram estas cartas que por vezes estavam rasgadas, e que deram depois vida a este projeto de espetáculo, em particular Sílvia Espírito, Alcina e José Martins, e Urbana Pereira, entre outros” escreveu Léa Promaja.

A apresentação do espetáculo integrou as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril pela Associação Cultural dos Portugueses de Feyzin.

“Gostámos muito deste espetáculo e do debate que se seguiu, também aqui houve muita informação sobre esta época, com os testemunhos de pessoas presentes” disse ao LusoJornal Maria Ferreira, dirigente da ACPF e autarca na cidade de Feyzin, referindo-se à presença de Emília Macedo Campos e Jorge Campos, Conselheiros da Comunidade Portuguesa eleitos nas áreas consulares de Lyon e de Marseille.

“Eu vivia em Coimbra e no dia 25 de Abril de 1974, na rádio diziam-nos para não irmos para a rua. Os militares tinham tomado o poder, havia uma Revolução em Portugal. Assim fizemos, eu e a minha família, durante três dias não saímos à rua. Mas mais tarde, foi uma explosão de alegria que tomou o lugar do medo e do desconhecido. Foi uma festa de nos libertarmos da opressão Salazarista” disse por seu lado uma das participantes ao debate.

LusoJornal