Home Cultura Testemunhos para a História de AngolaNuno Gomes Garcia·15 Fevereiro, 2019Cultura O autor belga Daniel Ribant, banqueiro de formação, e a editora L’Harmattan publicaram no final de 2018 o livro “Força Angola: Témoignages pour l’Histoire”. Ainda sobre Angola, e do mesmo autor, fundador da European Foundation for Angolan Promotion and Development (EFFA), publicou-se, em 2015, “Angola de A à Z”. “Força Angola: Témoignages pour l’Histoire” (percorrendo uma cronologia que vai desde 1961, o começo da Guerra Colonial, até 1993) resulta da recolha de dezassete testemunhos de personalidades, de nove nacionalidades diferentes, que vão desde atores diretos em momentos históricos relevantes a universitários que trabalham temáticas relacionadas com este país lusófono. Alternam-se com estas entrevistas uma série de estudos históricos e económicos que contextualizam a História recente de Angola. “Este livro”, refere o autor, “é a continuação do meu questionamento sobre a História e a sociedade angolanas iniciado com o meu primeiro livro ‘Angola de A à Z’, um abecedário que cobre em 76 artigos cerca de 500 anos da História de Angola”. Cinco séculos “de grande sofrimento”, confirma o investigador, “que vai desde escravatura e a colonização até às guerras, de independência, primeiro, que nós, ocidentais, deixámos que acontecesse, pelos menos nos seus primeiros anos”. Por entre os testemunhos encontra-se o do argelino Nouredinne Djoudi, antigo Secretário-geral adjunto da União Africana – que confirma que desde 1957 “Argel começou a formar combatentes para a libertação dos países lusófonos, pois a sua luta era a nossa luta” – mas também o da portuguesa Maria Eugénia Neto, a esposa de Agostinho Neto, o Primeiro Presidente de Angola, que garante que se o marido não tivesse morrido tão cedo (em Moscovo, 1979), a situação angolana seria muito diferente. “Eu descobri Angola em 1996, devido a um compromisso profissional, e desde aí nunca nos abandonámos”, explica Daniel Ribant. “Não posso dizer que tenha sido amor à primeira vista, em 1996 existia a guerra, mesmo que ela não estivesse visível em Luanda, era mais do que percetível. Uma espécie de chapa de chumbo que impedia a população de sorrir, de se exprimir”. Sobre a Angola do novo Presidente, João Lourenço, Daniel Ribant refere que todos os observadores se enganaram ao “pensar que João Lourenço fosse apenas prosseguir a política de Eduardo dos Santos”, salientando que o novo Presidente quer tornar Angola num país mais “frequentável, atacando-se aos privilégios da classe dominante, nomeadamente aos dos filhos de Eduardo dos Santos”, concluindo existir “um real progresso na governança, fazendo com que Angola pese cada vez mais no seio das organizações regionais”.