Home Cultura Un livre par semaine Un livre par semaine: «Cantareira, 61», de Joaquim Pinto da SilvaDominique Stoenesco·13 Março, 2019Un livre par semaine A 12 de março de 1867, nascia na Foz do Douro, Raúl Brandão, autor do célebre romance “Os pescadores”. No entanto, até hoje um mistério subsistia sobre a localização da casa onde o escritor viveu e escreveu a maior parte da sua obra. Na Rua de Raúl Brandão, na Foz do Douro, uma placa afixada no nº 62 indica ter sido ali que Raúl Brandão nasceu e escreveu as suas mais belas páginas. Mas afinal, não foi bem assim. O enigma parece estar agora resolvido, através deste importantíssimo trabalho de Joaquim Pinto da Silva, “Cantareira, 61. A casa de Raúl Brandão na Foz” (ed. O Progresso da Foz, 2018). Natural da Foz do Douro, Joaquim Pinto da Silva viveu mais de 30 anos na Bélgica, onde fez uma pós-licenciatura em tradução literária e trabalhou na Comissão Europeia, ao mesmo tempo que dirigia a livraria portuguesa e galega Orfeu. Antes de partir para Bruxelas, J. Pinto da Silva fundou, em 1978, o jornal O Progresso da Foz. Durante a sua existência, a livraria Orfeu também alargou o espaço de suas atividades através de parcerias com instituições ou associações de outras cidades da Europa, como Paris, por exemplo. Regressado ao Porto há poucos anos, Joaquim Pinto da Silva teve finalmente tempo para investigar e demonstrar a sua tese: a casa onde Raúl Brandão alegadamente escreveu os seus mais célebres livros e as famosas palavras – “A Foz vai dorando lentamente, ano atrás de ano, crestada pelo ar da barra, camada de sol, camada de salitre” – não foi aquela que até agora se pensava ter sido. Admirador e conhecedor profundo da obra de Raúl Brandão e da Foz, Joaquim Pinto da Silva apercebeu-se das incoerências entre as evocações do escritor e a casa da Rua de Raúl Brandão. “Na realidade, afirma Joaquim Pinto da Silva, a casa a partir da qual o escritor observava a velha Foz piscatória é a Cantareira, 61, em plena frente ribeirinha, e que corresponde hoje ao nº 254 da Rua do Passeio Alegre”. Através de uma intensa investigação e imensa documentação, e com uma qualidade da escrita atraente, o autor de “Cantareira, 61” demonstra que “a partir de agora a casa da Cantareira, 61 é incontornável nos estudos brandonianos”.