João Cutileiro

Vieira da Silva, artista que viveu em Paris é homenageada

Um programa com exposições, visitas guiadas, atividades para crianças e concertos, assinala, na quinta-feira, 13 de junho, em Lisboa, o aniversário do nascimento da pintora Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), anunciou o Museu. Vieira da Silva, que viveu em França, tinha nacionalidade francesa após o presidente do Governo da ditadura, António Oliveira Salazar, ter retirado a nacionalidade portuguesa à pintora.

De acordo com a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva (FASVS), para festejar o aniversário da artista, que coincide com o dia de Santo António, vão ser realizadas várias atividades gratuitas no museu, no jardim da Praça das Amoreiras e na Casa Atelier Vieira da Silva.

Do programa fazem parte uma feira do livro de arte, no jardim, visitas guiadas às exposições do museu, nomeadamente “A Metade do Céu”, e atividades para famílias, pinturas faciais, a exibição do filme “Correspondências”, de Rita Azevedo Gomes, e um concerto dos Jovens Solistas da Orquestra Metropolitana de Lisboa.

Está ainda prevista uma sessão de ‘vídeo-mapping’ Vieira da Silva, projeção multimédia criada por Oskar & Gaspar, na fachada do museu.

A Fundação Vieira da Silva tem vindo a festejar o aniversário da pintora, nascida no dia 13 de junho, há 111 anos, mas este ano é especial, porque se completam também os 25 anos do museu.

O programa alargado de iniciativas gratuitas visa “promover o conhecimento da vida e obra da artista, atraindo novos públicos, e revitalizar o Jardim das Amoreiras, como espaço de lazer e como polo cultural e artístico, em parceria com outras instituições”, de acordo com a fundação.

Criada ainda em vida de Maria Helena Vieira da Silva, uma das mais importantes pintoras portuguesas, e instituída por decreto-lei em 10 de maio de 1990, a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva tem como missão garantir a existência de um espaço, em Portugal, onde o público possa contactar permanentemente com a obra dos dois pintores.

Quando França sofreu a ocupação nazi, na Segunda Guerra Mundial, Vieira da Silva e Arpad, que viviam em Paris, tentaram regressar a Portugal, mas o presidente do Governo da ditadura, António Oliveira Salazar, retirou a nacionalidade portuguesa à pintora e ao marido, cidadão húngaro de ascendência judia.

Vieira da Silva e Arpad partiram então para o Brasil, onde estiveram exilados entre 1940 e 1947, permanecendo apátridas até 1956, ano em que lhes foi concedida a nacionalidade francesa.

O Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva foi inaugurado em 03 de novembro de 1994, num edifício da Praça das Amoreiras, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa, e apresenta regularmente exposições com a obra do casal ou de artistas com os quais tiveram algum tipo de ligação de amizade.

A Fundação Calouste Gulbenkian custeou as obras de remodelação e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento apoiou o projeto na área da investigação.

A coleção do museu cobre um vasto período da produção de pintura e desenho do casal: de 1911 a 1985, para Arpad Szenes (1897-1985), e de 1926 a 1986, para Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992).

Também foi desejo de Vieira da Silva legar um espaço de investigação aberto ao público, com a criação do Centro de Documentação e Investigação que, além de desenvolver pesquisas internamente, tem acolhido investigadores portugueses e estrangeiros.

Na rua João Penha, ao Alto de São Francisco, junto à praça das Amoreiras e ao museu, está também aberta ao público a antiga casa-atelier da pintora, com uma programação própria de exposições e conferências, acolhimento de atividades propostas pela comunidade e residências para artistas e investigadores.

 

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LusoJornal