Lusa / RTP / Pedro Pina

Vitorino Silva defende o voto eletrónico e Ministério das Comunidades

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O candidato a Presidente da República Portuguesa, Vitorino Silva, começou uma “entrevista-vídeo” ao LusoJornal a dizer que sabe muito bem o que é ser emigrante. Diz que tem irmãos emigrantes “que partiram tristes, mas hoje estão contentes porque se sentem integrados nesses países”. E acrescenta que “estou triste porque no século XXI ainda há pessoas que querem erguer muros entre nós”.

Com a simplicidade que o caracteriza, Vitorino Silva – o Tino de Rans, como tem sido conhecido – diz que “sei muito bem que os emigrantes são muito mais Portugueses do que nós. Quando eu vou a França, à América, à Suíça, ao Luxemburgo ou à Alemanha, eles falam de Portugal como nós não sabemos falar. É gente que trabalha, gente que estuda, gente que continua a sonhar, mas são muito respeitados. A França valorizou muito o vosso trabalho e o trabalho é uma honra. Vocês são pessoas honradas” diz o calceteiro que já é candidato pela segunda vez ao mais alto cargo do país.

“É necessário muita coragem para se ser emigrante. O que eu mais admiro é aqueles que saem do nosso chão, é a coragem que têm. Eu agradeço o facto de terem essa coragem, foi algo que eu nunca consegui ter”.

 

Voto eletrónico será realidade

Quando lhe é colocada a pergunta sobre o voto presencial nas Comunidades, Vitorino Silva reage imediatamente: “eu defendo o voto eletrónico. Tal como temos uma senha para pagar os impostos nas finanças, deve haver uma senha para votar. Todos os emigrantes podiam votar assim. Fala-se muito em simplificar mas eu acho que os políticos que decidem em Lisboa querem é dificultar as pessoas que vão votar. O voto é o nosso maior património e eu tenho certeza que a maior ligação que as pessoas têm com Portugal é o voto, elas também querem ter a sua voz, dar a sua opinião e parece que muitas vezes os políticos não querem que os emigrantes deem a sua opinião”.

Considerando que “os Portugueses emigrantes estão muito mais próximos de Portugal do que aquilo que os políticos pensam”, Vitorino Silva diz que “se os políticos fossem ter com eles, ficariam a perceber o que eu estou a dizer, porque eu conheço essa realidade”.

Se Vitorino Silva for eleito, diz que vai continuar próximo do povo, mas “também quero estar próximo dos partidos. Eles vão ter que me ouvir”.

“Eu não tenho dúvidas que o voto eletrónico será uma realidade. Há dinheiro para bancos, há dinheiro para tudo, eu acho que não é necessário muito dinheiro para o voto eletrónico, basta vontade. E a vontade custa zero” diz o candidato ao LusoJornal.

 

Se puder fugir ainda vou ter com os emigrantes

Outro assunto abordado na entrevista tem a ver com a representação das Comunidades na Assembleia da República. “Os candidatos pelos círculos da Europa e do resto do mundo, deviam ser emigrantes. Muitas vezes os partidos apresentam como candidatos pessoas que nunca foram emigrantes, que não conhecem os emigrantes. Mesmo os poucos lugares que existem, aquelas 4 vagas, os partidos fazem com que sejam eleitas pessoas que nunca foram emigrantes”.

Vitorino Silva diz que os políticos andam distraídos. “Eu também falo por mim, nós, os políticos, andamos distraídos, temos que vos ouvir, vocês conhecem as realidades daí e daqui”. Mas lamenta também a grande abstenção.

Na entrevista ao LusoJornal diz que quando foi candidato em 2016, foi o único candidato a fazer campanha fora de Portugal. “Em 10 dias de campanha, tirei um dia para estar em Bruxelas. Gostava de ter ido a Paris, a Londres” e confessou que, apesar do momento difícil, se tiver oportunidade de “fugir de Portugal, pode ter a certeza que eu vou ter com os emigrantes”.

Lembrou também o debate de 2016 em que levantou o problema dos Consulados que não atendem os telefones. “Mais importante do que ter telefones nos Consulados, é importante ter pessoas a atender o telefone” disse na altura.

 

365 Dias de Portugal por ano

Vitorino Silva diz que a língua portuguesa é o maior património de Portugal. “O meu prato preferido são línguas de bacalhau, mas a língua que eu mais gosto é o português” e acrescenta que “se eu for Presidente da República há uma coisa que eu nunca vou fazer: deixar de falar português em Portugal e no estrangeiro. Se for a um outro país do mundo, vou falar sempre em português, e tenho muito respeito por quem fala outras línguas”. Para Vitorino Silva, a língua portuguesa “é o património mais valioso que nós temos, e que os políticos ainda não venderam. Se pudessem vender a nossa língua, já a teriam vendido”.

Interrogado sobre as comemorações do 10 de junho, que Marcelo Rebelo de Sousa tem realizado nas Comunidades, Vitorino Silva afirma que “os emigrantes têm de ser lembrados 365 dias por ano”. E considera que as Comunidades deviam ter um Ministério.

Há 5 anos, Vitorino Silva teve 152.000 votos. “Tive muitos votos dos emigrantes. Tive votos em todo o mundo, em países que eu nem conhecia. Tenho de respeitar essa gente toda”. Na “entrevista-vídeo” que deu ao LusoJornal diz que há muitos eleitores desiludidos e agora podem votar por ele.

“Tenho pena que não haja um emigrante candidato a Presidente da República. Eu ficava contente se houvesse um emigrante que se apresentasse também nestas eleições. Nós temos muito para aprender e vocês têm muito para nos ensinar” e disponibiliza-se para dar apoio, no futuro, a essa candidatura.

Mas no fim da entrevista ainda lembrou que também é cantor e que fez uma canção para os emigrantes. “O Marcelo nunca fez nenhuma música para os emigrantes, Ana Gomes nunca fez nenhuma música para os emigrantes”. Mas Tino de Rans fez. Chama-se “Para lá da terra”, que podem ouvir no fim deste artigo.

 

Ver a entrevista vídeo

 

Ouvir a canção “Para lá da terra”

 

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