No dia 25 de abril floriram os Cravos da Liberdade e da Democracia na Casa de Portugal em Paris!

No dia 25 de abril floriram os Cravos da Liberdade e da Democracia na Casa de Portugal em Paris. O Capitão João Heitor animou com muito alento e emoção os festejos, evocou a memória de gerações de exilados em França. A sala Fernando Pessoa celebrou a pátria libertada com cantos, Grândola vila morena, Trovas do vento que passa, E depois do adeus, cantares revolucionários alentejanos, gemidos de guitarras de um povo que sofreu. Vítimas da ditadura testemunharam, gritaram o quanto sofreram na pele as perseguições da ditadura, que durou e foi dura com os mais frágeis despejados nas latas dos bairros de Champigny.

Mas há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não! E um deles foi Mário Soares que tanto lutou para libertar o Portugal amordaçado. Monique da Silva Terra, esposa do grande professor e poeta José Terra, companheiro universitário de Mário Soares, relembrou a vida deste ilustre exilado em França. Mário Soares como também Álvaro Cunhal ficarão para a história como os pais da liberdade.

Fica aqui uma última homenagem àquele que contrariamente a tantos outros poderia ter vivido burguesmente colaborando com o regime mas Mário Soares faz parte daquela estirpe que fez prevalecer valores mais altos de liberdade e de democracia mesmo se para atingir esse fim, foi preso e exilado. Sacrificou a sua vida individual para conquistar o bem coletivo. «Talvez seja preciso renunciar à felicidade para conquistar a felicidade» como diria Manuel Alegre.

É preciso recordar o passado para não cometer os mesmos erros no presente!

Em França estão a decorrer as eleições presidenciais. No dia 7 de maio os Franceses terão de escolher entre Marine Le Pen e Emmanuel Macron. Certos líderes políticos não apelaram a votar pretextando que um ou outro vem dar ao mesmo. Esta atitude é irresponsável sobretudo quando vem de certos políticos que estão sempre prontos a dar lições de democracia mas que fazem prevalecer o ego pessoal ao interesse coletivo. São a favor da democracia desde que sejam eles a possuirem o poder e a conservá-lo. É preciso desmascarar estes falsos democratas. Podemos discordar do programa proposto por Emmanuel Macron e discordar das leis inspiradas por ele como a lei do trabalho mas aqui trata-se de uma questão mais crucial, trata-se de escolher entre a Democracia e um regime autoritário, totalitário, anti-democrático encarnado pela Frente Nacional. A Frente Nacional não é um Partido como os outros apesar de Marine Le Pen tentar suavizar a sua imagem.

A Frente Nacional é um Partido racista, nacionalista, fechado sobre si que tenta excluir todos aqueles que julgam como não sendo verdadeiros Franceses. Noção retrógrada e passadista, saudosista do tempo de Pétain, a Frente Nacional é antieuropeista. A Europa pode ter muitos defeitos, mas tem mantido a paz desde o fim da segunda Guerra mundial, sem citar todas as vantagens que ela trouxe para a França como para Portugal. A Europa é acusada de todos os males mas ela é dirigida por Deputados eleitos democraticamente. Se quiserem que mude de rumo, os Europeus devem votar por outras políticas mais sociais. Falta criar a Europa política e social.

Em França diz-se que muitos Franceses de origem portuguesa votarão Marine Le Pen porque os Portugueses estão bem integrados e que os outros, os árabes, os pretos, os muçulmanos é que são o piorio! Há os bons imigrantes e os maus! Triste pensamento! Se é que se trata de pensamento. Infelizmente esqueceram de onde vêm, dos bairros das latas… O conforto material não deve empobrecer o conhecimento espiritual.

É preciso não esquecer o passado para que os mesmos crimes não se perpetuem no presente!

LusoJornal