LusoJornal | Mário Cantarinha25 de Abril: 50 anos / 50 testemunhos – Deolinda OliveiraMário Cantarinha·25 de Abril 50 anosComunidade·29 Março, 2024 Em 1974 tinha eu 18 anos e trabalhava numa fábrica quando se deu o 25 de Abril. Para mim não representava muito porque não estava consciente nem ouvia muito as informações visto que não tínhamos televisão. Ouvia apenas rádio e de repente veio o alvoroço das canções. A que mais me marcou foi a “Grândola, Vila Morena”. Começava a compreender o que se estava a passar. O meu patrão, com medo do que viria a acontecer, refugiou-se no Brasil, deixando o barco à deriva. Tomei consciência que tudo iria acabar em banho de sangue. Foi pena que o 25 de Abril não tivesse ocorrido mais cedo, porque assim não teria perdido o meu irmão morto em combate na Guiné-Bissau. Chegou a Portugal dois meses depois de ter morrido, fizeram-lhe uma cerimónia e desde então, silêncio total. Sinto-me revoltada. Para mim, o 25 de Abril representou a Liberdade. . Deolinda Oliveira Presidente da Casa dos Arcos de Saint Maur . “25 de Abril: 50 anos / 50 testemunhos” é uma iniciativa do fotógrafo Mário Cantarinha, em parceria com o LusoJornal. Mário Cantarinha escolheu 50 personalidades da Comunidade portuguesa de França, 25 homens e 25 mulheres. Alguns destes testemunhos já foram utilizados para uma exposição há 10 anos. O LusoJornal publica agora os 50 testemunhos, um por dia, até ao dia 25 de abril de 2024.