Na Cozinha do Vítor – Amêijoas à Bulhão Pato

Um pouco de história:

Bulhão Pato foi um poeta. Gostava da boa vida – caçava muito, bebia bem, comia melhor. Tanto lhe agradava o prazer da gastronomia portuguesa que acabou por ficar mais conhecido pelos pratos que ajudou a inventar do que pelos versos com que se aplicava a escrever. No entanto, as Amêijoas à Bulhão Pato não foram uma criação sua.

O livro “Dicionário Prático da Cozinha Portuguesa” refere que a origem do prato é lisboeta, mais concretamente do antigo Restaurante Estrela de Ouro, situado na Graça. Um outro, mais antigo, de nome “A Cultura Gastronómica em Portugal” remete o nascimento de tal prato para o mesmo sítio.

Sabemos que Bulhão Pato foi responsável pela confeção de alguns ativos da gastronomia lusitana ainda hoje cozinhados, como é o caso da Lebre à Bulhão Pato. E sabemos também que Bulhão Pato gostava de dedicar a sua prosa (e por vezes a poesia) aos pequenos prazeres da vida, e que não se rogava a bem dizer de alguma coisa que lhe tinha confortado o estômago. É possível, portanto, que o cozinheiro do Restaurante Estrela de Ouro quisesse recompensar certas boas palavras proferidas por Bulhão Pato ao seu trabalho.

Certo é que as amêijoas apanhadas no Tejo, por aquela altura (isto é, no século XIX), eram já coisa apetecida, e a inovação aqui veio apenas da mudança de fórmula no seu acabamento.

 

Ingredientes:

1 kg amêijoa

3 dentes alho

azeite

1 ramo coentros

3 colheres sopa de vinho branco

1 limão

sal

pimenta

 

Preparação:

O primeiro passo é limpar a areia dos bivalves. Processo fácil mas longo: terão de se colocar em água temperada com sal durante um bom par de horas, ou até mais se houver tempo disponível para isso, e lavá-las de seguida.

Depois, tudo fica simples: coloca-se alho cortado ou esmagado juntamente com azeite num tacho, a seguir juntam-se coentros picados, um pouco de vinho branco, e quando o ferro ferver, colocam-se as amêijoas. Mexemos com uma colher de pau e tapamos o tacho, deixando as amêijoas a ganhar condimento em lume médio ou alto. É aqui que elas vão perder o pudor e começar a abrir.

Por fim, a etapa final. Colocam-se as amêijoas numa travessa.

 

Atenção: Colocam-se as amêijoas numa travessa – apenas as amêijoas – e o molho ficará a apurar por mais um ou dois minutos. Servirá esse para regar os bivalves que retirámos há pouco, dando-lhe o gosto do Bulhão Pato. Corta-se o sabor com um pouco de sumo de limão.

Nota: Nunca, jamais, esquecer o pão, que vai varrendo o prato até nada sobrar que não conchas.

Vinho: Vinho Branco ou Cerveja estupidamente gelada.

 

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LusoJornal