LusoJornal | Mário CantarinhaAssociação Cap Magellan pede acesso ao ensino de português em França_LusoJornal·Ensino·29 Julho, 2025 A Lei da nacionalidade “pode ajudar”, mas “ainda há muita coisa a fazer” pelas Comunidades portuguesas, como o acesso ao ensino da língua portuguesa em França, alertou a Presidente da associação Cap Magellan. “Em França, é muito difícil aprender português, há cada vez menos professores. A França, que é um país observador da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], não faz nenhum esforço para promover o ensino da nossa língua, que é vista como uma língua de emigração, enquanto o ensino do italiano ou do espanhol é bastante valorizado”, disse Lurdes Abreu à Lusa. À margem da campanha “Sécur’Été 2025 – Verão em Portugal”, realizada este sábado de manhã na fronteira de Vilar Formoso, no concelho de Almeida, no distrito da Guarda, a responsável escusou-se a comentar o alargamento a bisnetos de portugueses emigrados, ao abrigo da nova lei da nacionalidade. “A Cap Magellan é uma associação apartidária que privilegia as ações de cidadania, o que não quer dizer que não sejamos uma associação política”, começou por dizer, acrescentando que, nesta possibilidade, “cada caso é um caso”. Lurdes Abreu lembrou que nas ações realizadas pela associação em França, é “promovida sempre a dupla cultura, pois faz todo o sentido uma pessoa que nasceu em França continuar a ter uma ligação com Portugal”. No entanto, a Presidente da Cap Magellan realçou que há outras situações por resolver, como no caso do ensino da língua portuguesa. “O português tem que deixar de ser visto como uma língua desvalorizada, por isso ainda há muita coisa a fazer para as Comunidades em França”. “Se esta lei da nacionalidade pode ajudar, muito bem, mas espero sinceramente que o Governo também se interesse por estes problemas”, considerou. “Depois não podem dizer que os emigrantes não falam a língua, quando não têm acesso ao ensino do português em casa”, concluiu. O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Emídio Sousa, disse à Lusa que a alteração proposta pelo Governo, “da nacionalidade ir até aos bisnetos, à quarta geração, é uma boa solução”. “Queremos que os portugueses continuem a ser portugueses, em qualquer parte do mundo”, sublinhou. “Hoje, ser português tem um valor acrescido. Muitos dos lusodescendentes que perdiam a ligação a Portugal quando chegavam às terceiras gerações, hoje voltam a ter o interesse em ter a nossa nacionalidade e penso que estamos a dar resposta a essa vontade”, considerou o governante. Esta possibilidade dos bisnetos de portugueses emigrados poderem adquirir a nacionalidade automaticamente, se assim pretenderem, será também “uma forma de recuperar o sentimento de pertença de uma geração que já tem poucas ligações ao país”, disse. “Fiz recentemente uma ronda por vários consulados em França, onde a procura por ser português volta a estar presente nas terceira e quarta gerações, que, a priori, já podiam não ter grande ligação ao nosso país, mas está-se a manifestar, de facto, essa vontade de ser português. É um fenómeno difícil de perceber e de explicar”, afirmou Emídio Sousa. Em setembro, deverá ser discutida a nova Lei da nacionalidade, que prevê o acesso à naturalização por ascendência portuguesa até aos bisnetos.