Cabo Verde vai mapear presença da Comunidade em todo o mundo com apoio da OIM

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A Organização Internacional para as Migrações (OIM) vai apoiar Cabo Verde a “mapear” a presença da Comunidade cabo-verdiana em todo o mundo, anunciou ontem o Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva.

O Chefe do Governo, que está de visita à Suíça, reuniu-se na quinta-feira com o Diretor-Geral da OIM, António Vitorino, encontro que segundo Ulisses Correia e Silva serviu para abordar “diversos assuntos sobre os cabo-verdianos na diáspora”.

“Cabo Verde é uma grande nação por causa da sua vasta diáspora, que tem dado um forte contributo para o desenvolvimento da economia cabo-verdiana. Além das habituais remessas, estamos a trabalhar agora numa perspetiva de aproveitar outras formas de participação da nossa emigração, nomeadamente de competências dos quadros cabo-verdianos na diáspora”, explicou Ulisses Correia e Silva, numa mensagem divulgada após este encontro.

“Recebemos, neste sentido, a disponibilidade e apoio da OIM em fazer um mapeamento das nossas Comunidades para saber onde estão e quem são, e poder conciliar o potencial da nossa diáspora com as necessidades do país”, acrescentou o Primeiro-Ministro.

Para Ulisses Correia e Silva, a colaboração da OIM “na operacionalização de programas direcionados para o fomento do investimento da diáspora” em Cabo Verde “terá um impacto positivo mormente no atual contexto económico por que passa” o país, a recuperar da crise provocada pela pandemia de covid-19 no turismo e a enfrentar uma generalizada subida de preços devido à guerra na Ucrânia.

O Ministro das Comunidades de Cabo Verde, Jorge Santos, estimou em maio último que 1,5 milhões de cabo-verdianos e descendentes vivem fora do arquipélago, mas sublinhou ser necessário conhecer melhor a diáspora, enquanto “parte constitutiva da nação”.

“Precisamos de saber onde estamos, quantos somos, o que fazemos e quais são as competências e saberes nas nossas Comunidades”, afirmou Jorge Santos, na Assembleia Nacional.

Ainda assim, disse que Cabo Verde conhece hoje melhor a sua diáspora, através de um diagnóstico, no âmbito da recente apresentação do Plano Estratégica para a Diáspora Cabo-verdiana, que permitiu estimar que a nação é “constituída por cerca de dois milhões de habitantes”.

Os cabo-verdianos estão distribuídos por “regiões da África, da América, da Europa e resto do mundo, onde residem cerca de um milhão e quinhentos mil cabo-verdianos e descendentes, contra os quase quinhentos mil cabo-verdianos residentes no país”, o que dá “o sentido da grandeza” da nação, afirmou Jorge Santos, Ministro das Comunidades, cargo criado há precisamente um ano, no início da atual legislatura. “Estimamos ainda que, em média, cerca de 250 mil cabo-verdianos residentes na diáspora têm direta ou indiretamente o seu segundo centro de interesse económico fixo em Cabo Verde e que em média, em cada cinco vêm uma vez para Cabo Verde”, apontou o governante.

Na sua intervenção, o ministro acrescentou que, em 2021, as remessas enviadas pelos emigrantes cabo-verdianos para o arquipélago aumentaram 22% face a 2020, para mais de 25.833 milhões de escudos (233 milhões de euros), cobrindo 44% do défice comercial e representando 16% do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde.

“A nossa diáspora é um dos principais estabilizadores sociais e económicos do nosso país. As contribuições económicas e financeiras diretas e indiretas representam um valor estimado superior a 25% do PIB, superando a Ajuda Pública ao Desenvolvimento [donativos de Estados e organizações internacionais] e o próprio Investimento Direto Estrangeiro. É de realçar que as transferências financeiras da nossa diáspora são um dos mais importantes ativos e fluxos de financiamento da economia de Cabo Verde”, enfatizou Jorge Santos.

O Ministro recordou que o investimento direto da diáspora em Cabo Verde atingiu, em 2021, os 4.000 milhões de escudos (36 milhões de euros) e que através do “empreendedorismo social e solidariedade”, as Comunidades cabo-verdianas emigradas “participam em 7% das despesas familiares” no arquipélago.

Admitiu, contudo, que é necessário aprofundar o conhecimento da comunidade cabo-verdiana no exterior, “em termos numéricos e principalmente do perfil qualitativo”, para que o Estado possa desenvolver políticas públicas “mais assertivas”, promovendo uma maior proximidade da diáspora, “mobilizando as suas potencialidades”.

O objetivo desta legislatura, disse ainda, é dar “centralidade à diáspora cabo-verdiana”, procurando igualmente potenciar o investimento em Cabo Verde, bem como os instrumentos de integração.

 

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LusoJornal