Cerimónias em Bordeaux por ocasião da homenagem nacional a Aristides de Sousa Mendes no Panteão Nacional

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O antigo Cônsul de Portugal em Bordeaux, Aristides de Sousa Mendes, vai ter homenagens nacionais no Panteão, em Lisboa, no próximo dia 19 de outubro, terça-feira – mesmo se o corpo do diplomata permanecerá, como acordado com a família, em Cabanas de Viriato. Mas em Bordeaux, o Comité Aristides de Sousa Mendes também organiza uma série de eventos para marcar esta data importante no reconhecimento do antigo Cônsul que salvou milhares de vidas, concedendo vistos de entrada em Portugal.

Simbolicamente, nesse mesmo dia 19 de outubro, o Comité Sousa Mendes organiza, às 11h00, na esplanada Charles-de-Gaulle, Jardins de Mériadeck, em Bordeaux, precisamente em frente do busto de Aristides de Sousa Mendes, uma cerimónia em honra do Cônsul português, presidida pela Ministra francesa delegada à Memória e aos Antigos Combatentes Geneviève Darrieussecq, na presença confirmada de autoridades civis e militares.

Desde 1987 que o Comité Sousa Mendes presta homenagem ao Cônsul que passou vistos a 30.000 pessoas em 1940, salvando-as das barbaridades dos Nazis, mesmo sabendo que estava a desobedecer às diretivas de Salazar. “A partir de agora darei vistos a toda a gente, sem olhar a nacionalidade, raça ou religião” disse na altura.

 

Um vasto programa em Bordeaux

Do programa do Comité Sousa Mendes consta uma exposição intitulada “1940, l’exil pour la vie”, inaugurada no passado dia 6 de outubro, no Rocher de Palmer, em Cenon e que permanecerá patente ao público até ao dia 31 de outubro.

Neste domingo, dia 17 de outubro, às 10h30, vai ter lugar uma cerimónia na Grande Sinagoga de Bordeaux e no dia seguinte, segunda-feira, vai ser rezada uma Missa na Catedral Saint André de Bordeaux, em memória de Aristides de Sousa Mendes, celebrada pelo Arcebispo de Bordeaux, Jean-Paul James.

Nesse mesmo dia, às 11h00, o Maire de Bordeaux vai organizar uma receção em memória de Aristides de Sousa Mendes e às 14h00 vão ser inauguradas as novas placas da rua e da Escola Aristides de Sousa Mendes. Às 18h00, vai ser projetado, no Rocher de Palmer, em Cenon, o filme “L’héritage d’Aristides”, de Patrick Séraudie (Pyramide production).

Depois da cerimónia em frente do busto de Aristides, na esplanada Charles-de-Gaulle, na terça-feira 19 de outubro, o Presidente da Região Nouvelle-Aquitaine, Alain Rousset, oferece uma receção ao meio dia, no Hôtel de Région.

Durante toda a tarde, também o Consulado Geral de Portugal em Bordeaux vai evocar Aristides de Sousa Mendes, com a inauguração de uma placa, com a organização de ateliers de artes plásticas, apresentação da banda desenhada sobre Aristides, apresentação das obras artísticas de Fernando Costa e de Édith Gorren sobre o ato de salvamento de Aristides de Sousa Mendes, mas também com cantos e leituras por Valentine Cohen e Isabel Barradas, e um espetáculo de sombras chinesas. O atual Cônsul-Geral de Portugal em Bordeaux, Mário Gomes, também evocará o seu ilustre antecessor.

 

Hendaye e Bayonne também se associam à homenagem

Nesse mesmo dia 19 de outubro, enquanto decorrem as cerimónias em Lisboa e em Bordeaux, dois outros eventos vão ter lugar em Hendaye e em Bayonne.

Em Hendaye, às 11h00, vai ser organizada uma cerimónia de homenagem a Aristides de Sousa Mendes, pelo Maire Kotte Ecenarro, junto à placa do Cônsul português, à entrada da ponte fronteiriça que liga a França e a Espanha.

Em Bayonne, a cerimónia vai ter lugar às 14h00, junto ao antigo Consulado português naquela cidade, no 8 rue du Pilori.

Aristides de Sousa Mendes nasceu em 1885 numa família abastada, e faleceu em 1954, praticamente na miséria, precisamente por ter emitido vistos em Bordeaux, durante a II Guerra mundial, desobedecendo a Salazar. O Presidente do Conselho português nunca lhe perdoou.

Entretanto, Aristides de Sousa Mendes foi reabilitado na carreira diplomática e foi promovido, a título póstumo, ao estatuto de Embaixador.

Sob proposta da Assembleia da República, vai agora ter homenagens oficiais no Panteão Nacional e já é considerado um “Justo das Nações” pela comunidade judaica.

 

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LusoJornal