Deputado José Dias Fernandes (Chega) emocionado na primeira intervenção na Assembleia da República


O novo Deputado do Chega eleito pelo círculo eleitoral da Europa na Assembleia da República fez a sua primeiro intervenção no Plenário do Parlamento aquando do debate sobre a alteração dos círculos eleitorais e a proposta de alguns partidos de criarem um círculo de compensação que equilibrasse as assimetrias entre o interior e o litoral. José Dias Fernandes emocionou-se ao defender os emigrantes.

“Estamos hoje aqui a falar dos círculos de compensação eleitoral para Portugal. Abril já passou e já lá vão 50 anos. Entre gaivotas libres a voar e os cravos vermelhos para os 10 milhões de Portugueses residentes em Portugal, não houve uma só palavra dirigida aos 5 milhões de emigrantes espalhados pelo mundo. Neste Parlamento não foram lembrados nem tão pouco considerados Portugueses” disse na sua intervenção. “Para esses, os cravos continuam a ser pretos, para esses a liberdade e a igualdade ainda não chegaram, sobretudo a igualdade: a gaivota não tinha passaporte e não quis entrar na clandestinidade. Por isso, os emigrantes ainda esperam por ela”.

A bancada do Chega ia aplaudindo esta que foi a primeira intervenção de José Dias Fernandes no Plenário.

“O emigrante tem, de certeza, um amigo em cada esquina, mas falta-lhes o rosto e a voz da igualdade. Essa igualdade tão prometida e que todos vós e os Governos desde há 50 anos lhes confiscaram e amordaçaram”.

“O agradecimento dos Governos, de Direita ou de Esquerda, desde há 50 anos, foram sempre a perseguição financeira à carteira do emigrante. Nada mais lhes interessou cá em Portugal. A milhares de emigrantes chamam-lhes os lesados do BES, mas os emigrantes sabem que foram roubados, simplesmente. É uma vergonha nacional”.

José Dias Fernandes mora na região de Paris e candidatou-se pela segunda vez às eleições legislativas, tendo agora sido eleito. “Neste sistema eleitoral, nunca vos interessou verdadeiramente dar o voto a todos os emigrantes. Dos 5 milhões de compatriotas que vivem fora de Portugal, só um milhão e meio está recenseado, como se os outros não fossem Portugueses também”.

“Temos 5 milhões de Portugueses espalhados pelo mundo, mas só 4 Deputados os representam diretamente. Há milhares de emigrantes que nunca viram um governante ou um Deputado que os visitasse ou se preocupasse com eles, nas terras longínquas onde eles residem. Deixados completamente ao abandono, os emigrados parecem só suscitar interesse pelas mais valias financeiras que enviam para Portugal” referindo-se às remessas que mensalmente são enviadas para o país.

“Todos nós temos um familiar, um parente emigrante. Vamos ajudá-los a sentirem-se Portugueses de pleno direito novamente, pois o emigrante tem coração português e deixou metade desse coração em Portugal” disse com a voz rouca de emoção. A bancada do Chega aplaudiu fortemente. “São patriotas e sobretudo são os nossos melhores Embaixadores no mundo. Não podemos deixar que eles percam o entusiasmo de celebrar Abril, celebrar Novembro, não podemos deixar que eles percam a esperança de voltarem a ser Portugueses outra vez” disse novamente emocionado e os colegas de bancada voltaram à aplaudir até que o Deputado pudesse novamente voltar a falar, para terminar a sua intervenção.

“Já Aquilino Ribeiro, um Minhoto como eu, dizia: Portugal é de todos, mas para isso o Governo tem de ser igual para todos. Para os de cá e para os Portugueses que estão espalhados no mundo inteiro”.

Apesar desta intervenção, o Chega ainda não fez qualquer proposta para alterar as metodologias de voto, nem para aumentar o número de Deputados eleitos pelos círculos eleitorais da Europa.

LusoJornal