Disco “Dialogues | Diálogos” regista repertório português e francês para piano a 4 mãos

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Obras de compositores portugueses e franceses, escritas para piano a quatro mãos, integram o disco duplo lançado pelos pianistas João Costa Ferreira e Bruno Belthoise, num projeto integrado na Temporada Cruzada Portugal-França 2022.

 

“Dialogues | Diálogos – Piano à 4 mains | Piano a 4 mãos” resulta da colaboração de vários anos entre os pianistas João Costa Ferreira, português, e Bruno Belthoise, francês, que se têm dedicado a trabalhar o repertório para quatro mãos.

“Lançar um disco no âmbito desta temporada, que cruza as culturas portuguesa e francesa, fazia por isso todo o sentido. Como uma etapa natural e lógica do nosso percurso artístico”, afirmou à Lusa João Costa Ferreira, natural de Leiria, que vive e trabalha em Paris desde 2005.

Imaginado desde 2016 e desenvolvido em colaboração com a Antena 2, o projeto levou os dois a realizarem vários concertos e sessões de gravação, até à concretização final do presente disco duplo.

“A nossa vontade era desenvolver programas sempre diferentes, mas que juntassem obras francesas e portuguesas, dando ao mesmo tempo um lugar significativo à estreia de novas obras, como as dos compositores Edward Luiz Ayres d’Abreu, Sérgio Azevedo, Olga Silva e Carlos Marecos”, explicou à Lusa Bruno Belthoise.

A par de música contemporânea, são dadas a ouvir “obras nunca antes interpretadas em Portugal”, como “Mers Mortes”, do compositor belga Jean-Pierre Deleuze, a suíte “Ein Dorffest”, de José Vianna da Motta – “aqui gravada pela primeira vez” -, e mesmo “outras descobertas recentes como a versão do ‘Cisirão, cizirão’ para piano a quatro mãos de Fernando Lopes-Graça”.

João Costa Ferreira, por seu lado, destacou a particularidade da formação que ambos exploram: “Tocar piano a quatro mãos, tocar num mesmo instrumento com outra pessoa, é um desafio algo diferente daquele que é de tocar música de câmara com músicos que tocam outros instrumentos”.

Lado a lado, ao piano, “muitas vezes somos obrigados a ser também acrobatas, malabaristas, por causa das mãos, e até mesmos dedos, que muitas vezes se cruzam”, acrescentou.

“Diria que, por vezes, algum deste repertório vive até em parte também do aspeto visual, da espetacularidade daquilo que é feito em palco”, salientou o pianista português.

Esse trabalho de ambos é agora cristalizado na edição onde consta uma seleção representativa do repertório a quatro mãos escrito em França e em Portugal. “Estes são os dois polos identitários das nossas origens como intérpretes e cujas culturas nós cruzamos”, realçou Bruno Belthoise, considerando “Dialogues | Diálogos” um disco “vivo, autêntico e único” e “um dos mais bem-sucedidos que [conseguiu] na carreira discográfica, que hoje perfaz mais de 30 CD”.

“O apoio que obtivemos da Fundação GDA, do Instituto Camões (Portugal) e da associação Les Nouveaux Talents (França)”, além da “longa colaboração de grande qualidade com a Antena 2”, é “um sinal forte que comprova a originalidade e a qualidade deste trabalho discográfico”, sublinhou o francês.

João Costa Ferreira assume “enorme satisfação” pelo resultado final, que implicou “muitas horas passadas em torno do piano”, além de todo o trabalho de montagem, mistura e também de escrita, num exercício criativo empreendido para o folheto que integra o CD: “Quisemos que cada um dos compositores escrevesse umas palavras sobre as suas composições. Para isso tivemos de ressuscitar os compositores que já não estão entre nós, escrevendo no lugar deles”.

Recorrendo a fontes como diários, cartas e outros escritos, escreveram em nome dos próprios. “Por essa razão, esses textos são sempre assinados da seguinte forma: ‘poderia ter sido Fernando Lopes-Graça’ ou ‘poderia ter sido Gabriel Fauré’, por exemplo. Foi um exercício estimulante e engraçado, mas nada fácil. Não queríamos dar demasiado azo à nossa imaginação, mas também não queríamos que os textos não tivessem alguma espontaneidade”.

“Esperamos agora que este disco alcance um público tão vasto quanto possível e que alargue os horizontes sobre o repertório para piano a quatro mãos, tanto junto do meio musical como científico”, concluiu o pianista português.

 

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LusoJornal