Home Cultura Exposição «Paris Haussmann Modelo de Cidade» no Centro Cultural de BelémLusojornal·8 Março, 2018Cultura Uma exposição «Paris Haussmann Modelo de Cidade» com mais de 100 peças, resultado de uma investigação urbanística recente sobre a cidade de Paris está atualmente patente no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. A investigação, do atelier LAN, de Paris, reúne desenhos, planos, arquivos, fotografias de Cyrille Weiner, e maquetes que sustentam descobertas e questões levantadas sobre uma herança que poderia servir de modelo para a cidade do futuro. «Paris Haussmann Modelo de Cidade» foi inaugurada a par da mostra «Desenhos de Marques da Silva no Atelier Laloux 1890-1896», e que ficarão patentes no Centro Cultural de Belém (CCB) – Garagem Sul [Exposições de Arquitetura] até 17 de junho. Durante uma visita guiada aos jornalistas pelos arquitetos André Tavares, programador da Garagem Sul, e Maxime Enrico, do atelier LAN, foram apresentados os resultados desta pesquisa inédita sobre a capital francesa que se questionou sobre como construir a cidade de amanhã, e «se [se está] no bom caminho». A equipa do LAN (Local Architecture Network) – criada por Benoît Jallon e Umberto Napolitano em 2002, com o objetivo de explorar a ideia de arquitetura como uma área de atividade na interseção de várias disciplinas – apresentou este trabalho há um ano no Pavilhão do Arsenal, e agora, pela primeira vez, fora de França. O ponto de partida foi o trabalho do arquiteto Haussmann, responsável pelo Departamento do Sena, entre 1853 e 1870, que transformou profundamente Paris, acima e abaixo do solo, do centro para a periferia. Dos inúmeros edifícios que construiu, na época, «ainda restam cerca de 60%, que continuam a ser muito valorizados pela população, e são considerados de culto», indicou Maxime Enrico. A equipa procurou a identidade da cidade, uma das mais densas do mundo, fazendo um levantamento exaustivo dos lotes construídos e vazios, as tipologias, as formas, a funcionalidade, obtendo dados que trataram e concluíram que, ainda hoje, sobretudo devido ao legado histórico, Paris é uma cidade «com muito equilíbrio, coerência, homogeneidade, adaptabilidade, flexibilidade, muito eficiente do ponto de vista urbanístico». Questionado pela Lusa sobre a duração deste projeto e a sua utilidade como ferramenta para outros arquitetos, Maxime Enrico disse que a equipa foi fazendo outros trabalhos ao mesmo tempo, mas conseguiu acabar a investigação em dois anos, tratando-se de um projeto inédito, que nunca tinha sido feito, nesta dimensão, sobre Paris. «Pensamos que será útil como ferramenta de reflexão para outros arquitetos, porque aprendemos imenso à medida que íamos desenvolvendo o projeto», apontou. Por seu turno, o arquiteto André Tavares sublinhou que esta apresentação da exposição no CCB é importante «porque mostra como Paris pode ser uma referência para pensar, construir a cidade contemporânea». «Desenhos de Marques da Silva no Atelier Laloux 1890-1896», por outro lado, inaugura a série de exposições sobre arquivo na Garagem Sul, que irá apresentar conteúdos preservados num número cada vez maior de instituições que se dedicam à salvaguarda, tratamento e valorização de acervos de arquitetos. A obra deixada pelo arquiteto português Marques da Silva (1869-1947), que estudou naquela época em Paris, evidencia a matriz parisiense «que se tornou fundamental para a caracterização da cultura arquitetónica portuguesa». Esta exposição apresenta um núcleo de desenhos do período da sua formação em Paris, quando foi aluno da École des Beaux-Arts e discípulo de Victor Laloux, o arquiteto da Gare d’Orsay. «Marques da Silva é um arquiteto importantíssimo do Porto, que construiu mais do que Álvaro Siza Vieira e Souto de Moura, deixando uma marca muito importante na cidade», sublinhou André Tavares. [pro_ad_display_adzone id=”906″]