Greve na CGD em França encerrou 14 agências

A greve que começou hoje na Caixa Geral de Depósitos (CGD) em França está com uma «mobilização muito importante», de acordo com a porta-voz da intersindical FO-CFTC, Cristina Semblano.

Ao início da tarde, os sindicatos Force Ouvrière e CFTC, que apoiam a paralisação, ainda não tinham dados sobre o número de agências fechadas, mas de acordo com Cristina Semblano, «o movimento de greve está a ser muito seguido» e «há um clima de muita efervescência».

«As pessoas estão decididas e não é com chamariz de prémios que o movimento vai cessar. As pessoas estão realmente preocupadas com a manutenção dos postos de trabalho e com a questão da venda da sucursal de França», disse a representante sindical à Lusa.

Fonte oficial do banco disse à Lusaque a greve tinha encerrado esta manhã 14 agências, de um total de 48, acrescentando que continua o «diálogo».

«Em França temos 34 agências abertas, de 48, continuamos em diálogo com os trabalhadores e temos à disposição dos clientes que não tenham a agência aberta as plataformas digitais, computadores e aplicação de telemóvel CGD Online», disse a fonte oficial do banco público à Lusa.

Na sede da CGD, em Paris, está hoje a decorrer uma assembleia de trabalhadores e esta tarde deverá ser submetida a voto a continuação da greve, de acordo com Cristina Semblano.

Na passada quinta-feira, foi votada a greve ilimitada a partir de hoje, um movimento apoiado pelos sindicatos Force Ouvrière e CFTC, mas que não foi seguido pelos sindicatos CGT e CFDT que aguardam o resultado de negociações com a Administração da Caixa Geral de Depósitos e uma reunião na sexta-feira com o membro do Conselho de administração da CGD, José João Guilherme.

Os sindicatos Force Ouvrière e CFTC querem respostas sobre o futuro da CGD em França, onde há 48 agências e mais de 500 trabalhadores. «Até agora têm-nos mentido e nós precisamos de saber. A sucursal está prevista para venda, queremos saber o que se vai passar em relação aos trabalhadores e em relação à imensa Comunidade portuguesa que vive em França», afirmou Cristina Semblano.

A representante sindical sublinhou, também, que há reivindicações salariais, nomeadamente no que toca a «atrasos nos aumentos salariais por mérito e carreiras desde 2016», e «disfuncionamentos da sucursal com impactos na saúde física e mental dos trabalhadores».

«É também necessário que algo seja feito em relação às condições de trabalho. Temos aqui condições de trabalho absolutamente execráveis. As pessoas já não aguentam mais. Temos imensas baixas, muito pessoal com ‘burnout’, pessoas que se queixam de assédio. Nós não podemos continuar com estas condições de trabalho», acrescentou.

O Presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, disse em março, no Parlamento português em resposta ao Bloco de Esquerda, que a administração irá «lutar» para manter a operação do banco público em França, considerando que isso é «do interesse da Caixa».

A intenção de a CGD sair de França foi noticiada em maio do ano passado.

Fonte oficial do banco público disse então apenas que naquele momento não estava «em curso, em França, um processo de redimensionamento de balcões ou um processo de venda da operação».

A redução da operação da CGD, incluindo fora de Portugal, foi acordada com a Comissão Europeia como contrapartida da recapitalização do banco público feita em 2017.

A Caixa Geral de Depósitos regressou aos lucros em 2017, com 51,9 milhões de euros positivos, depois de vários anos de prejuízos. A sucursal de França contribuiu, em 2017, com 49,6 milhões de euros para o resultado líquido corrente da CGD.

Em 2017, a CGD encerrou as sucursais de Londres, ilhas Caimão, Macau Offshore e Zhuhai (na China), segundo informação do banco.

Além de em França, o banco público tem, no exterior, o BNU Macau. O banco tem ainda operações na África do Sul (banco Mercantile), Brasil (Banco Caixa Geral – Brasil) e Espanha (banco Caixa Geral), que estão em vias de alienação.

As prioridades do banco para já são as vendas das operações no Brasil e em Espanha.

 

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LusoJornal