LusoJornal / Mário Cantarinha

Grupo folclórico Académica de Champigny

Nome da associação: Rancho Folclórico Académica de Champigny-sur-Marne

Data de criação da associação: 1978

Cidade: Champigny-sur-Marne (94)

Telefone: 06.66.91.05.50

Nome do ensaiador: Frederico Pereira

 

_________________

Quando e porque foi criado o grupo?

Este rancho foi criado em 1978. Antigamente, ou se fazia uma equipa de futebol ou um rancho folclórico, para a Comunidade portuguesa poder ter um cheirinho do que deixaram lá em Portugal. E esta associação optou pelo folclore.

 

Qual é a região que o grupo representa?

Representamos as danças do norte ao sul de Portugal. Vamos ao Minho, ao Centro… Em todos os palcos, nós observamos os ranchos que se apresentam e as regiões que estão mais representadas e nós automaticamente, com o painel de modas que temos, vamos adaptar. Por exemplo, num festival onde o Minho esteja bem representado, vamos até ao Ribatejo, ao Alentejo ou ao Algarve.

 

O grupo é federado na Federação do folclore português?

Não. Um rancho federado tem de estar sempre disponível. Um telefonema e… o rancho tem de arrancar. Ora vocês sabem bem que no folclore não há ordenado, é tudo por paixão, por prazer, e é muito complicado de se deslocar assim à última da hora.

 

Quantos elementos tem o grupo?

O nosso rancho, se estiver completo, tem 32 dançarinos e 15 tocadores. Temos elementos dos 4 anos até… até se puder andar com as pernas… Atualmente, o mais velho deve ter 62 anos, mas a média de idade é de 22 anos.

 

O grupo já gravou algum CD?

Não. Já pensámos gravar um, mas a preocupação é que as modas, os Corridinhos, não são cantados e é mais difícil fazer um CD sem termos modas cantadas…

 

O grupo organiza algum Festival?

Normalmente, nós temos o nosso festival de folclore agendado para 28 de junho no ginásio perto da Mairie de Champigny.

 

Que outros eventos organizam?

Antigamente, o rancho Académica saía todos os domingos, só que chega a uma altura em que já não há vida de família e há uns 10 anos para cá temos mais ou menos duas saídas por mês, a partir do mês de março até ao primeiro fim de semana de julho onde este ano estava previsto subir pela primeira vez aos palcos no largo da Catedral de Sens.

 

Qual a saída que mais marcou o grupo?

Eu já ando no folclore há muitos anos, mas a saída que me marcou mais foi à Alemanha. Estar num palco com cerca de 4.000 pessoas na sala e estar lá a representar a Comunidade portuguesa de França, foi impressionante. Havia dois ranchos de cada país da Europa. Éramos dois de França: o Rancho da Académica representava o sul de Portugal e o rancho de Tourcoing representava o norte de Portugal. Havia ranchos da Holanda, da Bélgica, do Luxemburgo… Estarmos em cima de um palco, a fazer a marcha final, apagam as luzes e sairmos com as luzes dos isqueiros das 4.000 pessoas na sala… Foi o momento mais incrível que eu vivi no folclore.

 

Quais as principais dificuldades do vosso rancho?

O rancho não tem dificuldade nenhuma. Nós temos um ensaio por semana que é à terça-feira à noite, para quebrar um bocadinho o ritmo da semana, porque os festivais são aos fins de semana e como à quarta-feira não há escola para os cachopos, nós ensaiamos à terça-feira. Senão, dificuldades não temos. Por vezes é pena faltarem certos elementos, quando são férias e as pessoas vão para Portugal, mas é melhor irmos com poucos e bons do que com muitos e ruins.

 

Tem apoio da Mairie de Champigny?

Sim, temos uma boa relação com a Mairie. Eu próprio trabalho para a Mairie, o que já facilita. Nós ensaiamos numa sala municipal, temos um ginásio para fazermos o nosso festival, a Mairie põe à nossa disposição o material todo que é preciso, temos um autocarro uma vez por ano e o destino é decidido por nós. Não temos problemas nenhum com a Mairie, eles ajudam as associações o máximo que podem. E, como sabem, há muitas associações em Champigny, mas mesmo assim, eles têm ajudado bastante.

 

Tem algum apoio de Portugal?

Não, nenhum. Temos apoio de França, sobretudo de alguns patrocinadores: a discoteca Lua Vista, a Caixa Geral de Depósitos, o restaurante Pedra Alta de Pontault-Combault… como fui jogador e treinador dos Lusitanos durante muitos anos, deu-me a oportunidade de conhecer essas grandes pessoas, que são “pessoas de nota”, como se diz, mas sobretudo são pessoas com um coração grande e que estão sempre a ajudar os outros.

 

Qual é o principal sonho do grupo?

Nasci em Alpiarça e fui dançarino desde pequenino. Agarrei no rancho há 17 anos, e quando assumi a Presidência, as minhas condições foram as seguintes: ir descobrir a Europa. Fomos várias vezes ao Luxemburgo, à Alemanha, à Bélgica, etc. A Portugal ainda não fomos atuar porque nós temos aqui tanto folclore durante o ano e quando vamos a Portugal, no mês de agosto, é mesmo para descansar. O orgulho que eu hei de ter, e isso tarda a chegar, é ser convidado para um festival lá em Portugal, sair daqui com o rancho completo, de autocarro, para ir lá especialmente para subir em cima do palco. Este é meu sonho enquanto Presidente, mas é sobretudo o sonho do rancho. Nós temos tido propostas no mês de agosto, mas nem toda a gente vai de férias a Portugal no mês de agosto e ir lá atuar com meia dúzia de gatos pingados, como se diz, nós podemos dizer que somos o dobro, mas as pessoas acreditam no que vêm. Quando fui jogador de futebol, fui lá muitas vezes de autocarro, são momentos que uma pessoa não se esquece. Tenho fé que em breve isso vai acontecer.

 

Na sua opinião, como se porta o folclore português em França?

O folclore português aqui em França está um espetáculo, está bom. Há ranchos de qualidade por todo o lado. É bom haver muitos ranchos por muito lado, mas chega-se a um certo ponto que acho que há demais, porque ter dois e três ranchos portugueses, por vezes, numa cidade só, é demais. Eu penso que nas cidades onde há três ranchos, se houvesse um, seria grande e forte, assim… eu não digo que eles são maus, mas podiam ser muito melhores do que aquilo que são. Nós temos esse problema em Champigny. Em Champigny há quatro ranchos folclóricos portugueses, a Académica de Champigny, nascido em 1978, Saudades de Portugal, Rancho Alegria que é de Villiers-sur-Marne e Champigny e há um ano para cá, há também um rancho minhoto formado em Champigny. Há lugar para todos, claro, mas penso que em Champigny, se houvesse dois eram muito mais fortes do que estarem hoje a quatro ranchos na mesma cidade.

 

[pro_ad_display_adzone id=”25427″]

LusoJornal