Lusa / António Pedro Santos

I Guerra Mundial: Há 102 anos teve lugar a Batalha de La Lys

Na noite do dia 8 para dia 9 de abril de 1918, a Alemanha lançou um ataque contra as forças Aliadas, na frente ocupada pelo Corpo Expedicionário Português (CEP), na Flandres francesa. A ofensiva tem vários nomes: para os Alemães é a Operação Georgette, para os Franceses é a quarta batalha de Ypres e para os Portugueses é a Batalha de La Lys.

Portugal chegou tarde à I Guerra mundial. O Corpo Expedicionário Português era composto por 55.000 soldados, mas nem todos chegaram a França. Os primeiros desembarcaram em Brest, no dia 2 de fevereiro de 1917.

Depois de uma formação feita pelas forças britânicas em Aire-sur-La-Lys, os soldados portugueses foram enviados para a linha da frente. E ficaram na linha da frente, entrincheirados, durante cerca de… 9 meses. Todas as outras companhias ficavam apenas um ou dois meses na linha da frente e depois recuavam para descansar. Os Portugueses ficaram mais tempo porque não tinham soldados de “reserva” para os substituírem (porque não chegaram todos os soldados do CEP).

A situação política em Portugal era instável. Não estava a ser fácil governar o país durante a I República. Em França, os oficiais e os soldados sentiram-se abandonados.

Passar um inverno enterrados na lama das trincheiras foi muito difícil para os soldados portugueses. Primeiro porque eram jovens e uns meses antes eram simples agricultores no interior do país. Por outro lado, porque não estavam habituados ao frio glacial do norte da França.

Quando os Britânicos se aperceberam (!) que os Portugueses estavam cansados, doentes e moralmente frágeis, fizeram de imediato recuar a 1ª Companhia portuguesa. A 2ª Companhia devia ser substituída precisamente no dia… 9 de abril.

A 2ª Companhia era comandada pelo General Gomes da Costa – que mais tarde foi Presidente da República – mas era praticamente impossível resistir ao ataque surpresa das forças alemãs, comandadas pelo General von Quast. Quando uma força lança uma ofensiva militar é porque tem a certeza de estar em condições de a ganhar. Neste caso, havia um diferencial de forças desfavorável aos Portugueses: eram quase 5 soldados alemães para 1 soldado português. E as forças alemãs utilizavam, pela primeira vez numa guerra, gás mostarda.

Há 102 anos, neste dia 9 de abril, a madrugada estava fria, havia nevoeiro, os soldados portugueses estavam prontos para recuar, quando o ataque começou por volta das 8 horas da manhã.

O Corpo Expedicionário Português teve cerca de 7.000 baixas, entre mortos, feridos, desaparecidos e muitos prisioneiros.

Foi a maior derrota militar portuguesa – depois de Alcacer Quibir, onde perdemos o Rei D. Sebastião – mas Portugal não perdeu a Guerra, pelo contrário, os Aliados – dos quais Portugal fazia parte – venceram a I Guerra Mundial.

Para agradecer a Portugal, há uma avenida em Paris – perto do Arco do Triunfo – chamada Avenue des Portugais.

Em Richebourg, no Norte, está o Cemitério Militar Português, com 1.831 soldados, e no Cemitério de Boulogne-sur-Mer há um Talhão português com 44 campas. Há mais campas portuguesas em vários cemitérios da região e em La Couture há um monumento ao soldado português.

Há dois anos, as comemorações do Centenário da Batalha de La Lys contaram com a presença dos Presidentes da República de Portugal e da França, respetivamente Marcelo Rebelo de Sousa e Emmanuel Macron.

Este ano, a pandemia do Covid-19 pregou uma partida aos soldados portugueses sepultados em Richebourg e as comemorações foram canceladas.

Mas durante toda a semana, o LusoJornal tem publicado uma série de textos evocativos da participação dos Portugueses na I Guerra Mundial.

 

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