Lavaur: Retrospetiva de uma viagem escolar a Portugal

Enquadrados por três professoras, e um professor, cinquenta alunos, entre os 15 e os 18 anos, do Liceu tarnais “Las Cases” em Lavaur, pequena cidade situada a 45 quilómetros de Toulouse, e a 960 quilómetros da fronteira de Vilar Formoso, viajaram de autocarro até Portugal.

Quatro dias intensos, com visitas a Coimbra e a sua Universidade, Lisboa, Sintra e a costa lisboeta.

Além das visitas aos principais Museus e Monumentos das cidades, os alunos tiveram a possibilidade de passear e observar a vida dos bairros mais típicos da cidade conimbricense e da capital lusitana.

O ano letivo está em “modo férias”, momento de fazer uma pequena análise do maltratado ensino da língua portuguesa em França, com Ana Maria Fernandes, acompanhante e professora de português do único liceu do departamento que propõe aulas na língua de Camões. “Não é a primeira vez que organizamos uma visita a Portugal, mas por razoes económicas, não é possível fazer uma viagem todos os anos”.

“Havia, alguns alunos de origem portuguesa, outros que frequentam as aulas de português, mas a grande maioria não eram alunos do curso e não conheciam Portugal, incluindo os professores”, começou por dizer a professora.

Por via terrestre, os jovens tiveram a possibilidade de apreciar as paisagens portuguesas, que não são só um espelho de terras desérticas e de florestas queimadas pelos incêndios.

Numa pequena análise a professora explicou: “A viagem era paga, só os alunos voluntários participaram, e nem todos os alunos que estudam português tiveram a possibilidade de se juntar ao grupo. O objetivo era de divulgar ao máximo e de promover o ensino do português, conhecer a nossa língua e a nossa cultura, num período em que entra em vigor uma nova reforma”.

Entre reformas e benefícios atribuídos aos reformados franceses em Portugal, fora dos interesses económicos, há sempre uma segunda via fora das portagens rodoviárias. “Nós, professores de português, estamos preocupados. Esta nova reforma não valoriza a nossa língua, os pontos que vão ser atribuídos no Bac francês ainda vão ser menos, aí está o problema. Se esta viagem de estudos e de lazer pudesse ter contribuído a motivar muitos jovens a se interessar à nossa cultura e à nossa língua materna, já é um pequeno passo dado nesse sentido”, concluiu Ana Maria Fernandes ao LusoJornal.

Um dos pormenores que ficou marcado na estadia, depois do piquenique “à la bonne franquette”, no parque junto à Torre de Belém: os alunos quiseram absolutamente praticar futebol [ndr: normal no país dos Campeões da Europa e do primeiro vencedor da Liga Europa 2019], um jogo entre raparigas e rapazes, para professores aprenderem.

Foram meia centena de adolescentes à descoberta do país dos Descobridores, aqui tão perto, mas ainda com muito caminho a percorrer para o reconhecimento da cultura e da língua portuguesa.

Parece tão complicado, que até o maior jornal da Occitanie, La Dépêche du Midi, publicou um artigo na sua página digital a falar da visita… mas com uma fotografia dos alunos… de pernas para o ar!

 

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