# Na Cozinha do Vítor: Sopa da Pedra

Um pouco de história… Sopa da pedra é uma sopa típica portuguesa, em particular da cidade de Almeirim, situada no coração da região do Ribatejo, considerada a capital da Sopa da pedra.

A designação Sopa de pedra encontra-se em muitas culturas ocidentais e tem como base lendas e mitos. A nossa “Sopa da pedra” também tem uma lenda, lenda essa que poderá ler no final da receita.

 

Ingredientes:

– 2,5 l de água

– Uma pedra tipo seixo

– 1 kg de feijão vermelho

– 1 orelha de porco

– 1 chouriço de carne

– 1 chouriço de sangue (morcela)

– 200 g de toucinho

– 2 cebolas

– 2 dentes de alho

– 700g de batatas

– 1 molho de coentros

– Sal, louro e pimenta a gosto

 

Preparação:

Ponha o feijão a demolhar de um dia para o outro. De véspera, escalde e raspe a orelha de porco de modo a ficar bem limpa.

No próprio dia, leve o feijão a cozer em água, juntamente com a orelha, os enchidos, o toucinho, as cebolas, os dentes de alho e o louro. Tempere de sal e pimenta. Junte mais água, se for necessário. Quando as carnes e os enchidos estiverem cozidos, tire-os do lume e corte-os em bocados.

Junte, então, à panela as batatas, cortadas em cubinhos e os coentros bem picados.

Deixe ferver lentamente até a batata estar cozida. Tire a panela do lume e introduza as carnes previamente cortadas.

No fundo da terrina onde vai servir a sopa coloque a pedra bem lavada.

Depois de servir a sopa toda, guarde a pedra para a próxima 🙂

 

Nota: Também pode utilizar o feijão enlatado, sempre pode fazer a sopa mais rapidamente, eu pessoalmente uso uma conhecida marca portuguesa de legumes em conserva.

 

Toque especial: Guarde um pires com os coentros picados para que cada convidado coloque a quantidade de coentros a gosto na sua sopa.

 

Vinho: Um vinho alentejano resultante de uma mistura das castas Aragonês, Touriga Nacional e Alicante Bouschet, que no palato apresente uma boa estrutura, volumosa e equilibrada. Este vinho deve ser consumido a uma temperatura entre os 16ºC e os 18ºC. Ou então um vinho da região do Ribatejo de onde é originária a receita.

 

Dica: Se sobrar, pode levar para o emprego, pois pode ser aquecido no micro-ondas, mas não se esqueça de tapar sem fechar, não vá um feijão explodir e sujar o micro-ondas.

 

A lenda da Sopa da Pedra

Um frade andava no peditório. Chegou à porta de um lavrador, não lhe quiseram aí dar esmola. O frade estava a cair com fome, e disse:

– Vou ver se faço um caldinho de pedra!

E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela, para ver se era boa para fazer um caldo. A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança.

Perguntou o frade:

– Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa boa.

Responderam-lhe:

– Sempre queremos ver isso!

Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, pediu:

– Se me emprestasse aí um pucarinho.

Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro.

– Agora, se me deixassem estar a panelinha aí ao pé das brasas.

Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, tornou ele:

– Com um bocadinho de unto, é que o caldo ficava um primor!

Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada pelo que via. Dizia o frade, provando o caldo:

– Está um bocadinho insosso. Bem precisava de uma pedrinha de sal.

Também lhe deram o sal. Temperou, provou e afirmou:

– Agora é que, com uns olhinhos de couve o caldo ficava que até os anjos o comeriam!

A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves tenras.

O frade limpou-as e ripou-as com os dedos, deitando as folhas na panela.

Quando os olhos já estavam aferventados, disse o frade:

– Ai, um naquinho de chouriço é que lhe dava uma graça.

Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele botou-o à panela e, enquanto se cozia, tirou do alforje pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era uma regalo. Comeu e lambeu o beiço. Depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo. A gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou:

– Ó senhor frade, então a pedra?

Respondeu o frade :

– A pedra lavo-a e levo-a comigo para outra vez.

 

 

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