Home Comunidade # Na Cozinha do Vítor: Sopa da PedraLusojornal·23 Fevereiro, 2019Comunidade Um pouco de história… Sopa da pedra é uma sopa típica portuguesa, em particular da cidade de Almeirim, situada no coração da região do Ribatejo, considerada a capital da Sopa da pedra. A designação Sopa de pedra encontra-se em muitas culturas ocidentais e tem como base lendas e mitos. A nossa “Sopa da pedra” também tem uma lenda, lenda essa que poderá ler no final da receita. Ingredientes: – 2,5 l de água – Uma pedra tipo seixo – 1 kg de feijão vermelho – 1 orelha de porco – 1 chouriço de carne – 1 chouriço de sangue (morcela) – 200 g de toucinho – 2 cebolas – 2 dentes de alho – 700g de batatas – 1 molho de coentros – Sal, louro e pimenta a gosto Preparação: Ponha o feijão a demolhar de um dia para o outro. De véspera, escalde e raspe a orelha de porco de modo a ficar bem limpa. No próprio dia, leve o feijão a cozer em água, juntamente com a orelha, os enchidos, o toucinho, as cebolas, os dentes de alho e o louro. Tempere de sal e pimenta. Junte mais água, se for necessário. Quando as carnes e os enchidos estiverem cozidos, tire-os do lume e corte-os em bocados. Junte, então, à panela as batatas, cortadas em cubinhos e os coentros bem picados. Deixe ferver lentamente até a batata estar cozida. Tire a panela do lume e introduza as carnes previamente cortadas. No fundo da terrina onde vai servir a sopa coloque a pedra bem lavada. Depois de servir a sopa toda, guarde a pedra para a próxima 🙂 Nota: Também pode utilizar o feijão enlatado, sempre pode fazer a sopa mais rapidamente, eu pessoalmente uso uma conhecida marca portuguesa de legumes em conserva. Toque especial: Guarde um pires com os coentros picados para que cada convidado coloque a quantidade de coentros a gosto na sua sopa. Vinho: Um vinho alentejano resultante de uma mistura das castas Aragonês, Touriga Nacional e Alicante Bouschet, que no palato apresente uma boa estrutura, volumosa e equilibrada. Este vinho deve ser consumido a uma temperatura entre os 16ºC e os 18ºC. Ou então um vinho da região do Ribatejo de onde é originária a receita. Dica: Se sobrar, pode levar para o emprego, pois pode ser aquecido no micro-ondas, mas não se esqueça de tapar sem fechar, não vá um feijão explodir e sujar o micro-ondas. A lenda da Sopa da Pedra Um frade andava no peditório. Chegou à porta de um lavrador, não lhe quiseram aí dar esmola. O frade estava a cair com fome, e disse: – Vou ver se faço um caldinho de pedra! E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela, para ver se era boa para fazer um caldo. A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança. Perguntou o frade: – Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa boa. Responderam-lhe: – Sempre queremos ver isso! Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, pediu: – Se me emprestasse aí um pucarinho. Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro. – Agora, se me deixassem estar a panelinha aí ao pé das brasas. Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, tornou ele: – Com um bocadinho de unto, é que o caldo ficava um primor! Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada pelo que via. Dizia o frade, provando o caldo: – Está um bocadinho insosso. Bem precisava de uma pedrinha de sal. Também lhe deram o sal. Temperou, provou e afirmou: – Agora é que, com uns olhinhos de couve o caldo ficava que até os anjos o comeriam! A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves tenras. O frade limpou-as e ripou-as com os dedos, deitando as folhas na panela. Quando os olhos já estavam aferventados, disse o frade: – Ai, um naquinho de chouriço é que lhe dava uma graça. Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele botou-o à panela e, enquanto se cozia, tirou do alforje pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era uma regalo. Comeu e lambeu o beiço. Depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo. A gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou: – Ó senhor frade, então a pedra? Respondeu o frade : – A pedra lavo-a e levo-a comigo para outra vez.