RTPi difunde este domingo um documentário de Carlos Pereira sobre os Portugueses no mundo cultural francês_LusoJornal·Cultura·24 Julho, 2025 A RTP Internacional está a difundir desde o passado dia 15 de junho, uma série de 8 documentários intitulada “O extraordinário percurso da Comunidade portuguesa de França” com realização de Carlos Pereira e produção da Aniki Media Productions, uma empresa de produção de conteúdos audiovisuais com sede na região parisiense. O próximo episódio, intitulado “Portugueses no mundo cultural francês”, vai ser difundido este domingo, dia 27 de julho, às 20h00 (hora francesa) e vai ter redifusão na quinta-feira, dia 31 de julho, à meia-noite. Esta é uma oportunidade para falar com o realizador desta série documental. . Falar de um assunto tão vasto como o dos Portugueses no universo cultural francês foi fácil? Não. Foi tudo menos fácil. Não propriamente por questões de realização, mas por questões de escolha. Efetivamente há muitos portugueses no universo cultural francês e seria impossível falar de todos. Então, optei por mostrar a diversidade, do teatro ao cinema, da música à dança e à pintura… . Ter um Português a dirigir o Festival de Avignon, por exemplo, foi assunto de destaque? Não propriamente. Claro que abordamos este assunto e temos uma passagem com Tiago Rodrigues, mas a ideia era mesmo de mostrar diversidade e falar de quem é menos conhecido – isto aliás é trama de todos os episódios. Em teatro escolhi falar com a Graça dos Santos do Teatro Cá & Lá, porque foi o primeiro grupo de teatro que se profissionalizou em França, era importante conhecermos esta parte da história do teatro português, até para percebermos melhor o percurso que nos leva a termos portugueses a dirigir hoje o Théâtre de la Ville, o Carreau du Temple, o Théâtre du Rond Point des Champs Elysées ou o Cenquatre. . O documentário fala do Festival de teatro português que existiu em França? Não. Primeiro por manifesta falta de espaço – apenas tenho 52 minutos por cada episódio – e depois porque foi um projeto que eu próprio criei e dirigi. Seria indelicado, mesmo se é um projeto que marcou culturalmente os Portugueses de França, claramente. . E quem escolheu no domínio do cinema? Escolhi a Cristèle Alves Meira, também pelo percurso. Temos seguido esse percurso desde as peças de teatro que encenou na Cartoucherie de Vincennes até ter um filme candidato aos Óscares! A atriz Jaqueline Corado ajuda-nos a conhecer melhor o trabalho da realizadora que nasceu em França de uma família que não ia ao teatro ou ao cinema. Mas abordamos ainda o Festival de cinema Olá Paris, com o Wilson Ladeiro e com testemunho da Maria de Medeiros, que foi a Madrinha do Festival no ano passado. A criação de um novo Festival de cinema português em Paris merece ser apoiada. . E no universo da música, como decidiu abordar este tema? Estamos muito longe da imagem estereotipada dos emigrantes que gostam da chamada música pimba – sem qualquer preconceito da nossa parte, claro. Mas temos o pianista Ricardo Vieira que chegou a França já no século XXI e tem feito um importante trabalho no ramo da pedagogia, ao ponto de ter recebido um diploma da Unesco com um filme que apresentou no Festival de Cannes com os alunos de música. Ele tem feito uma promoção dos compositores portugueses, juntamente com o pianista japonês Tomohiro Hatta e, em duo, a quatro mãos, têm feito digressões por salas enormes na China, no Japão, e em muitos outros países. Por outro lado, também damos a conhecer melhor o Fernando Ladeiro Marques que começou por trabalhar no mítico Printemps de Bourges e, entretanto, organiza o MaMA, uma feira de músicas do mundo, para profissionais e não só, e que tem contribuído para lançar muitos artistas atualmente bem conhecidos do grande público. . Falta então falarmos da dança e da pintura… Na dança, não podíamos passar ao lado do Fábio Lopez, que está a dar cartas com a companhia da dança Illicite, que fundou em Bayonne. Foi condecorado pelo Governo francês e a crítica tem sido unânime quanto ao seu trabalho. Digamos que tem uma formação que começou em Lisboa, mas que, depois, se internacionalizou, tendo trabalhado vários anos com Maurice Béjard. Quando à pintura, optei pelo Luís Rodrigues, também pelo percurso. Chegou a França ainda adolescente e estava destinado à mecânica, mas optou pelas artes. Com muito trabalho e persistência, acabou por ter exposições pelo mundo inteiro, acabou por dar aulas no Louvre, até ser, enfim, reconhecido em Portugal. É um percurso extraordinário. . Ficam de fora muitas áreas da cultura, como por exemplo a literatura… Claro que sim, tenho de fazer mais documentários (risos). É, de facto, um universo muito vasto. A literatura é um bom exemplo, assim como a banda desenhada e a ilustração, a edição, mas também a escultura, ou até o folclore, a dança contemporânea,… Tenho muito trabalho pela frente. . Quem comenta este episódio? O novo Adido cultural da Embaixada de Portugal em França, e antigo Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, aceitou o meu convite, não tanto para comentar, mas para abordar algumas das áreas que trago a este documentário. . Série: “O extraordinário percurso da Comunidade portuguesa de França” Realizador: Carlos Pereira / Aniki Media Productions Episódio: “Portugueses no mundo cultural francês” Difusão: domingo, dia 27 de julho, às 20h00 (hora francesa) Redifusão: quinta-feira, dia 31 de julho, à meia-noite Canal: RTP Internacional