Saúde: O que é a Hipertensão Arterial (HTA)?_LusoJornal·Saúde·5 Junho, 2023 [pro_ad_display_adzone id=”37510″] É uma doença crónica caracterizada por níveis elevados de pressão sanguínea nas artérias, isto é, o sangue está a exercer demasiada força contra a parede das artérias, o que leva a múltiplas alterações e a lesão da parede arterial. Assim, a HTA constitui um fator de risco muito importante para muitas doenças. A relação entre a Pressão Arterial (PA) e o risco de eventos cardiovasculares é contínua, isto é, quanto mais elevados forem os valores de PA, maior o risco, e essa relação inicia-se desde valores bastante baixos de PA, a partir de 115mmHg de PA sistólica (PAS) – também chamada vulgarmente de PA máxima, e de 75mmHg de PA diastólica (PAD) – também chamada vulgarmente de PA mínima. Segundo a Organização Mundial de Saúde, define-se HTA como a PA medida no consultório e que tenha valores de PAS iguais ou superiores a 140mmHg e/ou PAD iguais ou superiores a 90mmHg. Assim, considera-se: – PA ótima, se TAS <120mmHg e TAD <80mmHg; – PA normal, se TAS entre 120-129mmHg e/ou TAD entre 80-84mmHg; – PA normal alta, se TAS entre 130-139mmHg e/ou TAD entre 85-89mmHg; – HTA Grau 1, se TAS entre 140-159mmHg e/ou TAD entre 90-99mmHg; – HTA Grau 2, se TAS entre 160-179mmHg e/ou TAD entre 100-109mmHg; – HTA Grau 3, se TAS ≥180mmHg e/ou TAD ≥110mmHg; – HTA sistólica isolada, se TAS ≥140mmHg e TAD <90mmHg; No entanto, o que se considera atualmente melhor é tentar atingir valores de PA até 120-70mmHg nas pessoas abaixo dos 65 anos, e de 130/70mmHg nos com 65 anos ou mais. . Prevalência: Estima-se que haverá cerca de 1,3 biliões de pessoas no mundo com HTA, com uma prevalência na idade adulta de 30-45%. Em Portugal, estima-se que a prevalência é de 42,6%. A HTA é mais comum à medida que a idade avança, com uma prevalência superior a 60% em pessoas acima dos 60 anos. Estima-se que menos de metade dos hipertensos estejam medicados com fármacos anti-hipertensores e que apenas 11,2% estejam controlados. . Consequências: A HTA é considerada a principal causa global de morte prematura, sendo responsável por quase 10 milhões de mortes por ano no mundo, a maioria por doença cardíaca isquémica (4,9 milhões – sobretudo enfarte do miocárdio), o acidente vascular cerebral hemorrágico (2 milhões) e o acidente vascular cerebral isquémico (1,5 milhões). Em Portugal estima-se que 32% do total dos óbitos se devem a doenças cardiovasculares. Assim, a HTA aumenta muito o risco de enfarte do miocárdio, de morte súbita, de insuficiência cardíaca, de acidente vascular cerebral, de doença arterial periférica, de doença renal crónica, de doença ocular e de disfunção sexual, entre outras. Por cada aumento de 20mmHg de PAS e/ou de 10mmHg de PAD, o risco de eventos cardiovasculares duplica. . Como diagnosticar? A HTA é, muitas vezes, uma doença silenciosa que vai estragando os órgãos-alvo e muitas vezes manifesta-se através das doenças que produziu nesses órgãos (enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral,… etc). No entanto, pode-se traduzir por sintomas como: dores de cabeça, tonturas, visão turva, sensação de desequilíbrio, palpitações, fadiga, dor no peito, etc. Assim, para diagnosticar a HTA é preciso medir a PA e verificar que os seus valores se encontram acima dos limites considerados normais. A medição deve ser feita no consultório, mas também pode ser feita em casa e por medição ambulatória da PA de 24h, com aparelhos adequados, calibrados e cumprindo as boas regras para a medição. Todos os adultos acima dos 18 anos devem medir a sua PA e, se for ótima, devem medir pelo menos a cada 5 anos; se for normal, a cada 3 anos; e, se for normal alta, anualmente. As pessoas com mais de 50 anos devem fazer medições mais frequentemente, uma vez que o risco de HTA aumenta com a idade. . Há pessoas com maior risco para HTA? Sim. Para além da idade, a raça, o sexo e a hereditariedade também têm influência. Mas muito relevante é o consumo de sal, a alimentação inadequada, o consumo excessivo de álcool, o tabagismo, a obesidade, o sedentarismo e o stress. Não devemos esquecer que a HTA associa-se muitas vezes a outros fatores de risco cardiovascular, como a diabetes, a hipercolesterolemia, para além do tabagismo e da obesidade já mencionados acima, o que multiplica o risco de lesão de órgão-alvo. Depois, há outras doenças, muito mais raras, que se podem associar a HTA. . Como prevenir a HTA? A melhor maneira de prevenir a HTA é através de um estilo de vida saudável ao longo de toda a vida, isto é: – alimentação equilibrada e com restrição de sal; – exercício físico regular; – controlar o peso; – abstenção tabágica; – moderação no consumo de álcool – controlar os outros fatores de risco cardiovascular, como a diabetes e o colesterol. . Como tratar a HTA? Para além das medidas acima e que são para todos, é importante salientar que HTA é uma doença crónica e que, portanto, o tratamento é contínuo e para toda a vida, devendo ser individualizado consoante as características e evolução do doente. Os medicamentos anti-hipertensores diminuem e atrasam o risco de ocorrência de complicações como o enfarte do miocárdio, o acidente vascular cerebral e a doença renal crónica. Assim, estima-se que a diminuição da PAS em 10mmHg ou de PAD em 5mmHg se associa a uma diminuição do risco relativo em: – 20% dos eventos cardiovasculares; – 10-15% da mortalidade total; – 35% dos acidentes vasculares cerebrais; – 20% dos eventos coronários, como o enfarte do miocárdio; – 40% de insuficiência cardíaca. No entanto, e nunca é demais recordar, os medicamentos na embalagem não fazem efeito. É preciso tomá-los, e tomá-los na dose e no horário certo. Também é muito importante ir controlando os valores de PA regularmente, pois poderá ser necessário ajustar a medicação. . Mensagens finais: – É muito importante medir a PA de modo a poder ser feito o diagnóstico atempado de HTA e também para se poderem fazer os ajustes terapêuticos como necessários. – Ter alimentação equilibrada e com restrição de sal, fazer exercício físico regular, não fumar, restringir o consumo de álcool, manter o controlo adequado do peso, e controlar e tratar os outros fatores de risco cardiovascular é fundamental para todos. – A medicação deve ser rigorosamente cumprida. – Devem ser seguidas as orientações do Médico Assistente. Não esquecer que controlar a PA e os outros FRCV é a melhor maneira de preservar a saúde. Dra. Mónica Mendes PedroCardiologistaSociedade Portuguesa de Cardiologia[pro_ad_display_adzone id=”46664″]