É uma doença crónica caracterizada por níveis elevados de pressão sanguínea nas artérias, isto é, o sangue está a exercer demasiada força contra a parede das artérias, o que leva a múltiplas alterações e a lesão da parede arterial.
Assim, a HTA constitui um fator de risco muito importante para muitas doenças.
A relação entre a Pressão Arterial (PA) e o risco de eventos cardiovasculares é contínua, isto é, quanto mais elevados forem os valores de PA, maior o risco, e essa relação inicia-se desde valores bastante baixos de PA, a partir de 115mmHg de PA sistólica (PAS) – também chamada vulgarmente de PA máxima, e de 75mmHg de PA diastólica (PAD) – também chamada vulgarmente de PA mínima.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, define-se HTA como a PA medida no consultório e que tenha valores de PAS iguais ou superiores a 140mmHg e/ou PAD iguais ou superiores a 90mmHg.
Assim, considera-se:
– PA ótima, se TAS <120mmHg e TAD <80mmHg;
– PA normal, se TAS entre 120-129mmHg e/ou TAD entre 80-84mmHg;
– PA normal alta, se TAS entre 130-139mmHg e/ou TAD entre 85-89mmHg;
– HTA Grau 1, se TAS entre 140-159mmHg e/ou TAD entre 90-99mmHg;
– HTA Grau 2, se TAS entre 160-179mmHg e/ou TAD entre 100-109mmHg;
– HTA Grau 3, se TAS ≥180mmHg e/ou TAD ≥110mmHg;
– HTA sistólica isolada, se TAS ≥140mmHg e TAD <90mmHg;
No entanto, o que se considera atualmente melhor é tentar atingir valores de PA até 120-70mmHg nas pessoas abaixo dos 65 anos, e de 130/70mmHg nos com 65 anos ou mais.
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Prevalência:
Estima-se que haverá cerca de 1,3 biliões de pessoas no mundo com HTA, com uma prevalência na idade adulta de 30-45%.
Em Portugal, estima-se que a prevalência é de 42,6%.
A HTA é mais comum à medida que a idade avança, com uma prevalência superior a 60% em pessoas acima dos 60 anos.
Estima-se que menos de metade dos hipertensos estejam medicados com fármacos anti-hipertensores e que apenas 11,2% estejam controlados.
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Consequências:
A HTA é considerada a principal causa global de morte prematura, sendo responsável por quase 10 milhões de mortes por ano no mundo, a maioria por doença cardíaca isquémica (4,9 milhões – sobretudo enfarte do miocárdio), o acidente vascular cerebral hemorrágico (2 milhões) e o acidente vascular cerebral isquémico (1,5 milhões).
Em Portugal estima-se que 32% do total dos óbitos se devem a doenças cardiovasculares.
Assim, a HTA aumenta muito o risco de enfarte do miocárdio, de morte súbita, de insuficiência cardíaca, de acidente vascular cerebral, de doença arterial periférica, de doença renal crónica, de doença ocular e de disfunção sexual, entre outras.
Por cada aumento de 20mmHg de PAS e/ou de 10mmHg de PAD, o risco de eventos cardiovasculares duplica.
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Como diagnosticar?
A HTA é, muitas vezes, uma doença silenciosa que vai estragando os órgãos-alvo e muitas vezes manifesta-se através das doenças que produziu nesses órgãos (enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral,… etc).
No entanto, pode-se traduzir por sintomas como: dores de cabeça, tonturas, visão turva, sensação de desequilíbrio, palpitações, fadiga, dor no peito, etc.
Assim, para diagnosticar a HTA é preciso medir a PA e verificar que os seus valores se encontram acima dos limites considerados normais.
A medição deve ser feita no consultório, mas também pode ser feita em casa e por medição ambulatória da PA de 24h, com aparelhos adequados, calibrados e cumprindo as boas regras para a medição.
Todos os adultos acima dos 18 anos devem medir a sua PA e, se for ótima, devem medir pelo menos a cada 5 anos; se for normal, a cada 3 anos; e, se for normal alta, anualmente. As pessoas com mais de 50 anos devem fazer medições mais frequentemente, uma vez que o risco de HTA aumenta com a idade.
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Há pessoas com maior risco para HTA?
Sim. Para além da idade, a raça, o sexo e a hereditariedade também têm influência.
Mas muito relevante é o consumo de sal, a alimentação inadequada, o consumo excessivo de álcool, o tabagismo, a obesidade, o sedentarismo e o stress.
Não devemos esquecer que a HTA associa-se muitas vezes a outros fatores de risco cardiovascular, como a diabetes, a hipercolesterolemia, para além do tabagismo e da obesidade já mencionados acima, o que multiplica o risco de lesão de órgão-alvo.
Depois, há outras doenças, muito mais raras, que se podem associar a HTA.
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Como prevenir a HTA?
A melhor maneira de prevenir a HTA é através de um estilo de vida saudável ao longo de toda a vida, isto é:
– alimentação equilibrada e com restrição de sal;
– exercício físico regular;
– controlar o peso;
– abstenção tabágica;
– moderação no consumo de álcool
– controlar os outros fatores de risco cardiovascular, como a diabetes e o colesterol.
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Como tratar a HTA?
Para além das medidas acima e que são para todos, é importante salientar que HTA é uma doença crónica e que, portanto, o tratamento é contínuo e para toda a vida, devendo ser individualizado consoante as características e evolução do doente.
Os medicamentos anti-hipertensores diminuem e atrasam o risco de ocorrência de complicações como o enfarte do miocárdio, o acidente vascular cerebral e a doença renal crónica.
Assim, estima-se que a diminuição da PAS em 10mmHg ou de PAD em 5mmHg se associa a uma diminuição do risco relativo em:
– 20% dos eventos cardiovasculares;
– 10-15% da mortalidade total;
– 35% dos acidentes vasculares cerebrais;
– 20% dos eventos coronários, como o enfarte do miocárdio;
– 40% de insuficiência cardíaca.
No entanto, e nunca é demais recordar, os medicamentos na embalagem não fazem efeito. É preciso tomá-los, e tomá-los na dose e no horário certo.
Também é muito importante ir controlando os valores de PA regularmente, pois poderá ser necessário ajustar a medicação.
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Mensagens finais:
– É muito importante medir a PA de modo a poder ser feito o diagnóstico atempado de HTA e também para se poderem fazer os ajustes terapêuticos como necessários.
– Ter alimentação equilibrada e com restrição de sal, fazer exercício físico regular, não fumar, restringir o consumo de álcool, manter o controlo adequado do peso, e controlar e tratar os outros fatores de risco cardiovascular é fundamental para todos.
– A medicação deve ser rigorosamente cumprida.
– Devem ser seguidas as orientações do Médico Assistente.
Não esquecer que controlar a PA e os outros FRCV é a melhor maneira de preservar a saúde.
Dra. Mónica Mendes Pedro
Cardiologista
Sociedade Portuguesa de Cardiologia