Secretário de Estado do Ensino Superior diz que quer mais lusodescendentes a estudar em Portugal

Portugal tem uma cota de 7% dos estudantes universitários reservada para os Lusodescendentes. Mas durante muitos anos, não foi feita a promoção desta medida, pelo que poucas destas vagas eram preenchidas com alunos idos das Comunidades.

João Sobrinho Teixeira, o Secretário de Estado do Ensino Superior deitou mãos à obra e decidiu inverter esta tendência, fazendo ações no estrangeiro de promoção do ensino superior português.

De passagem por Paris, falou com o LusoJornal.

 

O número de lusodescendentes candidatos ao ensino superior português tem aumentado no seguimento das suas ações?

No último ano aumentámos 42% e a maior parte dos novos estudantes é de França. A França é o país mais representado. As nossas espectativas é que este número continue a aumentar. O que pretendemos sobretudo é que os nossos estudantes, de Portugal ou de fora de Portugal, sejam pessoas qualificadas. Portugal está a fazer um esforço faraónico – e está a dar um exemplo de como se pode fazer esse esforço com qualidade – para conseguir em tão poucos anos, aumentar a percentagem de jovens no ensino superior. Fechámos o ano letivo com uma coisa inimaginável aqui há uns anos: 50% dos nossos jovens com 20 anos estão nos Politécnicos e nas Universidades. E o nosso objetivo é chegar a 60% até 2030. Portugal quer estar na linha da frente dos países que mais apostam na formação dos seus jovens e esta nossa perspetiva não é apenas para os Portugueses que estão em Portugal, é para os Portugueses em geral, estejam em que país estiveram. Por isso o nosso apelo é para que um Português em qualquer parte do mundo, tem de ser um homem culto e qualificado. O nosso apelo é para que os lusodescendentes se qualifiquem, no seu país de origem ou em Portugal.

 

Todos os estudantes do liceu podem concorrer?

Esta cota de 7% é reservada para os lusodescendentes. Temos em Portugal dois sistemas de ensino secundário: um que é o científico-humanístico e outro é a área do profissional. Esta área do profissional já representa 40% do ensino secundário em Portugal, mas dessa área do profissional, apenas 18% prosseguem para o superior. Estamos a fazer um trabalho muito focado nestes jovens do ensino profissional e no próximo ano letivo tudo indica que vamos realizar exames para que esses alunos do profissional possam seguir para os Politécnicos e para as Universidades. Até aqui eles tinham que se submeter a exames de matérias que nunca deram, porque havia apenas uma tipologia de exames e agora vai haver exames apropriados para essa própria realidade.

 

Isso também se aplica aos lusodescendentes?

Sim, porque apercebi-me que há uma percentagem grande de lusodescendentes que estão nas vias profissionais do ensino secundário e que depois não tinham uma forma adequada para prosseguir estudos em Portugal. Com este novo diploma, vamos ter cotas específicas, para que os estudantes do ensino profissional possam também ingressar. Os exames poderão ser feitos por multimédia, já no próximo ano letivo, sem terem de ir a Portugal.

 

Esta cota de 7% aplica-se a todos os cursos, até aos que têm números clausus como medicina?

Sim, claro. Esta cota não é facultativa, é determinada pelo Ministro e é obrigatória para todos os cursos, desde a medicina, às engenharias, às ciências da educação… Se por ventura esses 7% não for usado é que reverte para para os estudantes de Portugal.

 

Para pedir equivalências, os estudantes ainda têm de passar por uma escola em Portugal?

Os Lusodescendentes tinham efetivamente de se deslocar à escola secundária de onde eram originários, para pedirem a equivalência do 12° ano. Por exemplo, um jovem lusodescendente da África do Sul, teria de se deslocar à escola secundária do Funchal para pedir essa equivalência. Mudámos isso! Esse trabalho vai poder ser feito junto dos Consulados. As pessoas entregam os documentos no Consulado, o Consulado valida e manda para a nossa Direção Geral da Educação que dá a equivalência ao estudante. No próximo ano vai ser possível candidatarem-se a qualquer Politécnico ou a qualquer Universidade portuguesa, em qualquer área, a qualquer curso, sem sair do país de origem, tudo numa forma eletrónica e usando meios multimédia.

 

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