Un livre par semaine: «Poetas lusófonos na diáspora»

Acaba de sair do prelo o volume II da antologia “Poetas lusófonos na diáspora”, com a participação de 24 poetas e prefácio de Luísa Semedo. Depois de ter publicado, em 2016, a primeira antologia intitulada “Poetas na diáspora”, a Oxalá Editora, com sede em Dortmund (Alemanha) publica agora mais este volume, com a coordenação de Mário GM dos Santos e uma belíssima capa ilustrada por Neusa Sobrinho Amtsfeld.

Inscrevendo-se legítimamente na continuidade dos poetas de expressão portuguesa, tanto na forma como no fundo, os 24 poetas que se juntam nesta antologia, além da língua portuguesa, declinada nas suas diversas cores e normas, têm em comum uma certa forma de errância. É o caso de António da Cunha Duarte Justo, que no poema “Povo emigrante” nos diz: “O emigrante é um navegante / a escolher caminho seu / em águas alheias”.

Um caminho que, na voz de Isabel Mateus, não se sabe se “será longo ou curto” (poema “Procura-se a identidade”). O sentimento de errância torna-se ainda mais explícito neste verso de Heriberto Noppeney, dividido entre Barcelona, São Paulo, Porto e Hamburgo, ao falar dos “sonhos inquietos de quem erra” (poema “Eu quero ter alguém”).

O universo poético destes homens e mulheres está intimamente ligado aos seus itinerários biográficos. O afastamento do país de origem, a nostalgia, a ausência, a angústia das partidas, o amor, a passagem do tempo, a morte, a memória, o grito ou o silêncio, são alguns dos temas aqui evocados por 24 poetas residentes em diversas cidades da Europa, como Londres, Dusseldorf, Paris, Luxemburgo, Genebra, Hamburgo ou Berlim.

Logo a abrir a recolha, o admirável poema em prosa de Gabriela Ruivo Trindade (prémio Leya 2013), “Ferida”, reúne algumas destas temáticas quando a autora se interroga sobre a “inexistência de amanhã” ou exprime “a vontade de gritar, de fugir de mim e das dúvidas”.

Ler os “Poetas lusófonos na diáspora” é ler uma geração e revisitar roteiros múltiplos que traduzem a vivência entre várias margens, culturas e memórias, assumindo assim aspetos paradigmáticos significativos.

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