Secretária de Estado do Turismo diz que mercado francês «é cada vez mais estratégico para Portugal»

A Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, inaugurou este manhã a sétima edição do Salão do turismo e do imobiliário franco-português, e disse ao LusoJornal que o mercado francês «é cada vez mais estratégico para Portugal».

O salão é organizado pela Câmara de comércio e indústria franco-portuguesa (CCIFP) no Parque de exposições de Paris Porte Versailles, até domingo.

Ana Mendes Godinho (na foto com Carlos Vinhas Pereira, Presidente da CCIFP) proferiu uma intervenção na sessão inaugural do Salão e depois visitou grande parte dos expositores, antes de responder a uma entrevista do LusoJornal.

 

O mercado francês é assim tão importante para Portugal?

O mercado francês é um mercado cada vez mais estratégico para Portugal. É o segundo mercado em termos de receitas turísticas para Portugal, é o terceiro em termos de hóspedes, mas com crescimentos que nos permitem antecipar que será certamente um mercado líder para Portugal, nas várias dimensões. Temos efetivamente mais turistas franceses. Em 2017, tivemos 3,2 milhões de visitantes franceses, o que é um número extraordinariamente histórico, com um crescimento muito significativo e estamos a sentir que este é um movimento que não fica apenas no visitar como turista, sentimos um movimento associado de investimento.

 

Os Franceses investem muito em Portugal?

Há muitos Franceses a investir em Portugal e a comprar casa para morar em Portugal. O mercado francês é atualmente o mercado mais importante em termos de compra de casa em Portugal, representa cerca de 39% do total dos estrangeiros que compram casa em Portugal. Estima-se que cerca de 50 mil franceses já compraram casa em Portugal e esta é também uma mensagem muito importante de confiança para investidores. Sentimos isso. Os Franceses transformam-se também eles próprios em «desenvolvedores» de negócios em Portugal.

 

Isso justifica a sua presença neste salão?

Este é um espaço muito importante que resulta claramente de uma capacidade das nossas Comunidades portuguesas no mundo de serem elas quem nos leva à frente, quem leva o país à frente, e conseguiu criar esta montra espetacular do que é hoje Portugal e no fundo daquilo que está a fascinar também os Franceses. Nós temos cada vez mais, não só volume de mercado turista para Portugal, mas muitas celebridades, nomeadamente francesas que aí compraram casas e isto dá uma imagem do país muito sofisticado, um país que não é só uma moda, veio para ficar. É um país que os Franceses valorizam muito porque tem um bom clima. O nosso sol é memorável e inesquecível, também somos um país muito tranquilo, muito seguro, fomos considerados o 3° país mais pacífico do mundo e somos um país de boa qualidade de vida, boa relação qualidade/preço e fomos eleitos, aliás, pelas pessoas que vivem no estrangeiro, como o melhor país do mundo para o espatriados viverem.

 

Os reformados franceses continuam a mudar-se para Portugal?

O que sentimos é que hoje temos todas as gerações de Franceses a comprarem casa em Portugal. Já não são só os reformados – também temos, claro – mas temos também cada vez mais jovens franceses que estão a escolher Portugal, a desenvolver inovação, negócios de start-up’s ou outras empresas e a integrarem-se muito na nossa comunidade. E é isso também que Portugal quer mais, é esse país muito aberto, que integra todos os que querem optar por Portugal como destino para viver.

 

Como se guarda agora este mercado?

Uma das nossas apostas fortíssimas foi garantir que tínhamos acessibilidades aéreas fáceis e competitivas para Portugal. De França, temos, de 20 aeroportos franceses, 600 ligações aéreas semanais para Portugal e isto garante de facto uma facilidade de acesso ao destino, e isso é fantástico. Temos de continuar e guardar esta competitividade aérea, mas também conseguir mostrar todo o Portugal. Este é o grande desafio.

 

É difícil levar os turistas a todo o país?

Neste momento nós queremos cada vez mais que o turismo seja uma atividade sustentável. Não queremos massa, queremos atingir as pessoas que estão disponíveis em valorizar mais o destino e em gastar mais para mostrar Portugal, as pessoas que reconhecem os valores da autenticidade, da sustentabilidade ambiental, da sustentabilidade social, do envolvimento com as populações, o genuíno dos nossos produtos locais e portanto agora o grande desafio é mostrar todo o país, desiquilibrar a tendência que há para o litoral e garantir uma distribuição mais equilibrada para o país todo. E garantir que temos turismo todo o ano, para que seja uma atividade sustentável que acontece durante todo o ano e que cria efetivamente oportunidades de desenvolvimento para todas as regiões e de criação de emprego em todo o ano.

 

E tem criado?

Nos últimos dois anos, o turismo criou cerca de 74 mil postos de trabalho em Portugal, cresceu cerca de 10% em termos de população empregada e o que nós sentimos é que isso está a acontecer por todo o país, e é isso que nós queremos, que não seja só um fenómeno de algumas regiões, mas que seja uma oportunidade para todo o país.

 

Veio aqui também para apresentar o programa Revive de recuperação de imóveis patrimoniais para efeitos de turismo. Como está a correr a promoção desse programa?

Nós temos feito uma promoção internacional do programa Revive e tem sido um programa com muito sucesso. Dos 30 monumentos identificados, já estão 6 concursos lançados, quatro deles já estão concluídos, estão dois abertos neste momento, estão à espera de candidaturas e de projetos de empreendedores e foi isso que aqui viemos aproveitar este momento para mostrar aos investidores franceses. Esta é uma oportunidade de negócio em Portugal, num projeto que é também um projeto de sustentabilidade do património, em que desenvolvemos este modelo precisamente para garantir que o património que está fechado, que está sem uso, que está degradado, tenha investimento. Fazemos conceções por períodos de 50 anos e garantimos que há investimento no património, que ele é, no fundo reaberto, transformado num ativo económico para as populações onde está e que todos passamos a ter a possibilidade de utilizar um património que estava fechado e até por questões de segurança, ninguém lá podia estar. Temos neste programa imóveis espetaculares, desde castelos, palácios, conventos, em todo o país e fizemos questão de identificar imóveis que estivessem em todo o país para precisamente serem eles também âncoras de desenvolvimento das regiões onde se inserem.

 

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